A Escolha Perfeita 2 | Crítica | Pitch Perfect 2, 2015, EUA

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A Escolha Perfeita 2 diverte nos momentos musicais, apesar da narrativa arrastada.

Pitch Perfect 2, 2015

Com Anna Kendrick, Rebel Wilson, Hailee Steinfeld, Brittany Snow, Skylar Astin, Adam DeVine, Katey Sagal, Anna Camp, Alexis Knapp, Hana Mae Lee e John Michael Higgins. Roteirizado por Kay Cannon. Dirigido por Elizabeth Banks.

6/10 - "tem um Tigre no cinema"É compreensível que depois da sessão de A Escolha Perfeita 2 se sentir um pouco confuso. Não por causa de efeitos, ou por não entender o roteiro, mas os momentos de diversão do mundo demoram muito para acontecer. E quando acontecem praticamente nos fazem perdoar as fracas opções de Elizabeth Banks, estreando na direção, e de Kay Cannon, que não produziu nada entre o filme original e esse. Existem muitos problemas, desde algumas piadas, conceitos, fotografia e até na questão da representatividade. Ainda que divertido, o filme empolga mais por seus momentos musicais do que a redescoberta pessoal de cada uma das Bellas.

Os melhores momentos da produção são os que focam nas apresentações das Bellas e dos outros grupos a capella. A introdução, com Becca (Kendrick), Amy Gorda (Wilson), Chloe (Snow), Cynthia-Rose (Dean) e as outras é uma parte que faz rir – apesar dos exageros – mostra que as artistas podem ter passado dos limites no tocante ao desempenho, com explosões, pulos e todo tipo de coreografia mais ousada. Apontamentos que são enunciados pelos podcasters mais idiotas do planeta, numa opção à irritante narração off, a cada apresentação. Por isso é tão divertido vermos a batalha de grupos no começo do segundo ato – depois do primeiro arrastado e irritante. Mesmo em competição contra os alemães do Das Sound Machine, você percebe que o clima é de diversão e, consequentemente, o público se diverte também.

Do mesmo jeito é o campeonato mundial que as moças estão se preparando. Toda a sequência do terceiro ato que se passa em Copenhagen é tão espirituosa, tão rica culturalmente, que a vontade é de conhecer mais sobre aqueles grupos de tantos países. Infelizmente, numa decisão que arrasta praticamente o segundo ato inteiro, não sobra tempo para isso. Então, vemos apenas uma colagem dos segmentos musicais dos grupos da Índia, Canadá, Coreia do Sul, África do Sul, entre tantos outros. Uma pena, porque essa é a parte que mais traz sorrisos ao público, sem ser forçado como uma piada suja.

Aliás, as piadas não são exatamente o forte de Cannon. Há aquelas interessantes, como as várias brincadeiras com o desconhecimento mundial d’a capella, mas, fora isso, parece que a autora voltou aos anos 1980 para escrever seu roteiro. Então, há piadas de duplo sentido com o sobrenome da caloura Emily (Steinfeld) – em inglês, ela diz que seu sobrenome é Junk e que o de seu pai é Hard On. Junte os dois para entender – com flatulência e nudez. Depois, é piada em cima de piada com o nome do estilo musical. Para completar, colocam as moças bem longe de serem inteligentes, como quando Chloe diz não fazer ideia onde fica Copenhagen. Em tempos de representatividade, num elenco majoritariamente feminino, foi um tiro no pé. Pelo menos, a própria Becca aponta isso para as amigas em determinada cena.

E Becca continua sendo a personagem mais interessante. Em certos momentos, ela é a única que pensa fora da caixa, como numa carreira pós-universidade, o que reflete sua ousadia no primeiro filme. Porém, é um tanto incompreensível que ela se sinta tão levada pela personalidade da rival alemã Kommissar (Sørensen), apenas para servir de brincadeira com uma possível bissexualidade da personagem. E a quantidade de personagens incomoda um pouco, chegando ao ponto de algumas desaparecerem na narrativa. Porém, Cannon percebe isso também e transforma a situação em piada, quando duas personagens totalmente esquecíveis se confundem com seus próprios nomes.

Há outros elementos pouco inspirados na produção, como a fotografia que não se permite uma nuance sequer, o exagero da representação do grupo alemão – quase não piscam, só usam maquiagem pesada – o fato do Das Machine não cantar uma música na língua nativa, e ainda por cima finalizarem a apresentação no campeonato mundial mimetizando a histórica foto das tropa dos Estados Unidos levantado a bandeira americana em Iwo Jima, o que mostra que faltou lapidar melhor esses antagonistas.

A Escolha Perfeita 2 | Pôster brasileiro

O que salva A Escolha Perfeita 2 realmente são as apresentações musicais, e um doce momento Becca e suas amigas se encontram musicalmente. Entretanto, os momentos que acontecem entre uma apresentação e outra são tão lentos que prejudicam o filme como um todo. A pergunta que você deve se fazer é que se somente isso segura o filme. Se fosse outro gênero, seria satisfatório esperar tanto pelo principal? O que faz com que a produção se segure é que na jornada das Bellas há partes interessantes para serem acompanhadas enquanto esperamos o grande final. Não é o bastante para marcar como um dos filmes do ano, mas tampouco joga o filme no limbo do esquecimento.

Para finalizar, há uma divertida cena entre os créditos. Então, não se levantem tão cedo.

Sinopse oficial

Após três anos desde que trouxeram sua voz, estilo e atitude para tornarem-se o primeiro grupo só de mulheres a ganhar um título nacional, o Bellas deve lutar pelo seu direito de ganhar o Campeonato Mundial de A Cappella, em Copenhague.”

Veja o trailer de A Escolha Perfeita 2

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".