A Busca | Crítica | 2013, Brasil
A Busca é um road movie com alguns elementos quase mágicos, mas em geral é bem comum.
Com Wagner Moura, Lima Duarte, Mariana Lima e Brás Antunes. Roteirizado por Elena Soarez. Dirigido por Luciano Moura.
Anteriormente chamado “A Cadeira do Pai”, Lucas Moura dá ao seu filme um título um tanto genérico que pode ser encaixado em várias propostas. E é isso mesmo que acontece, pois passamos pelo drama de Theo (Moura) e da esposa, Branca (Lima) que está se separando do marido quando o filho Pedro (Antunes) desaparece no dia do seu aniversário, para depois virar um road movie com elementos, digamos, mágicos.
O filme conta com uma história crível do ponto de vista de um pai que fica desesperado pelo sumiço do filho. Juntando informações que começam com uma ligação para saber se o cavalo que Pedro tinha dito que tomaria conta estava bem. É meio surreal o caminho tomado, e você dá umas risadas com o plano mirabolante que o rapaz faz para enganar o dono do haras, que deve ser uma das pessoas mais estúpidas do mundo por ser enganado com uma falsificação de RG tão fajuta.
Vindo de publicidade e de um série de TV (“Filhos do Carnaval”), o diretor transforma o filme com nuances visuais que funcionam bem na tela, graças à ajuda do diretor de fotografia Adrian Teijido. Mas o roteiro é prejudicado pela uma série de fatores. Apesar da presença da mistura de personagens e regiões mostrarem a variedade de tipos e realidades sociais no estado de São Paulo, é difícil de acreditar em alguns momentos chaves da história. Moura e Soarez jogaram na tela para o espectador uma série de pistas do destino de Pedro (apesar da montagem inicial brincar com isso). E são coisas compartilhadas tanto com Theo como com Branca, e não é verossímil os personagens demoraram tanto para entender o que estava acontecendo. Por exemplo, quando um morador de uma comunidade humilde diz que viu para o Pedro foi, mas fica duvida entre o estado que ele seguiu, é difícil acreditar que Theo não tenha ligado os pontos. E a série de coincidências que Theo presencia incomoda demais. Na cena em que pai recebe uma boa notícia, ele sai sem rumo do carro, atravessando à pé uma rodovia até ser atropelado. Ali, quando o filme poderia dar um guinada para criar um arco dramático, o diretor usa de praticamente um deus ex machina, que coloca Theo exatamente onde deveria ir. Outro ponto negativo é a atuação de Brás Antunes, que quando fala não é nada de destaque, mas Moura como diretor consegue arrancar alguma coisa do jovem ator quando ele está em silêncio na tela.
Contando com momentos poéticos (como um personagem ser surdo na velhice, ou de um bebê que nasce em um rave, ou o fato de Theo não deixar de usar a aliança de casamento), “A Busca” se sustenta muito na performance de Wagner Moura e da extraordinária presença de cena de Mariana Lima. No entanto faltou mais cuidado na história, que não funciona e causa muita estranheza ao espectador.
Crítica originalmente publicada na cobertura da 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
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