12 Horas Para Sobreviver: O Ano da Eleição | Crítica | The Purge: Election Year, 2016, EUA

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12 Horas Para Sobreviver: O Ano da Eleição é uma repetição dos filmes anteriores, narrativa e tecnicamente, e o mais político da trilogia distópica.

12 Horas Para Sobreviver – O Ano da Eleição (2016)

Elenco: Frank Grillo, Elizabeth Mitchell, Mykelti Williamson, Joseph Julian Soria, Betty Gabrie, Kyle Secor | Roteiro e Direção: James DeMonaco (Uma Noite de Crime)

5/10 - "tem um Tigre no cinema"Já é a terceira vez que o diretor James DeMonaco crítica o governo do seu país na maneira que trata a população mais pobre. 12 Horas Para Sobreviver: O Ano da Eleição (por questões mercadológicas o título mudou aqui no Brasil, mas esse é o terceiro capítulo da série Uma Noite de Crime, iniciada em 2013) é o filme mais político dessa distopia que leva o pior dos EUA ao extremo. Apesar disso, DeMonaco não evolui na narrativa, continuando apelando para sustos fáceis, inúmeras conveniências e sem acrescentar nada à sua mensagem, ainda que a intenção seja repetir para fixar.

A maior força das três produções é que elas podem ser assistidas independentemente. Mesmo que o personagem Leo (Grillo) esteja presente no segundo filme, ele dá uma curta explicação sobre sua experiência anterior na noite do expurgo, e não toma trinta segundos de tela. Além disso, DeMonaco dá mais espaço a personagens negros, pardos e hispânicos, enquanto os mantedores do status quo são brancos, ricos e ultraconservadores – quando não são os três. Portanto, numa pintura distorcida da nossa época, a eleição entre a senadora Roan (Mitchell) e o Pastor Owens (Secor) é uma clara alusão à disputa Hillary x Trump. Frases de Joe (Williamson) como “não se assusta um negro na noite do crime” nos lembra dos protestos em Fergunson e o movimento Black Lives Matter, o que posiciona politicamente a produção.

DeMonaco brinca também com o gênero blacksploitation, muito popular nos anos 1970 por dar representatividade à população negra dos EUA. Inclusive, a personagem Laney (Gabriel) é chamada por uma companheira de Mama, remetendo a personagem de Black Mama, White Mama (1973, Dir Eddie Romero). Mas o que marca é que a maioria dos antagonistas é a população rica e branca, com exceção de Roan e Leo, e o diretor coloca negros e pardos se rebelando contra o sistema, mesmo que questionemos seus atos. É estranhamente familiar: violência, descaso do governo, crítica social, sistema de saúde. Tudo misturado e elevado para dar um clima de terror, mas sem monstros.

Apesar da mensagem contundente, DeMonaco não evoluiu como diretor ou como argumentista entre o primeiro filme e este. Ele apela para scary jumps e levantes na trilha sonora para fazer a plateia pular da cadeira, exagera no uso de signos – os antagonistas ostentando white power, suásticas, bandeiras confederadas –, chegando ao cúmulo de mostrar russos e alemães como turistas belicosos. Considerando que essa já é a terceira visita ao tema, o diretor poderia muito bem dar mais ritmo ao filme, já que toda a esquina que se vira é um perigo em potencial. Mas ele prefere a cada vinte minutos lembrar que o expurgo é um movimento que serve para exterminar a população menos favorecida do país.

O que vai ofender, e muito, a audiência é o número infinito de coincidências que a trama dispõe. Leo e a senadora Roan vão se arriscar nas ruas e são apanhados por um grupo de mascarados – assustadores, diga-se de passagem – estrangeiros fantasiados de símbolos americanos, e são arrastados exatamente para a rua onde Joe e Marcos (Soria) estão protegendo seu estabelecimento. Mais tarde, ainda em fuga, Joe salva todos os personagens da van por causa de assobio de gangue. Em Nova York, com centenas delas, ele achou a que tinha feito parte. Depois, numa cena que acontece num esconderijo, Leo descobre um grande segredo porque se esqueceram de guardar e trancar uma porta. Depois, Joe, Marco e Laney saem de lá, sem um bom motivo, apenas para descobrir que havia um comboio inimigo indo em direção deles.

Pode ser que a intenção de DeMonaco tenha sido mostrar um resumo de seu pensamento em 12 Horas Para Sobreviver: O Ano da Eleição. Ao invés de pedir para que o espectador assista a sua trilogia, ele prefere que você escolha qual quiser. Sim, esse é um filme que funciona independentemente dos anteriores e é exatamente por isso que deve ser julgado por si só. A mensagem é relevante, a tensão existe, mas o diretor poderia usar de outros métodos menos clichês e menos repetição ao passar sua mensagem. Entre muitos terrores – talvez um dos maiores é ver que no futuro teremos pessoas assistindo TV na vertical – faltou equilíbrio, porque é fácil demais assustar como somos assustados durante quase duas horas.

12 Horas Para Sobreviver: O Ano da Eleição | Trailer

12 Horas Para Sobreviver: O Ano da Eleição | Pôster

12 Horas Para Sobreviver – O Ano da Eleição | Pôster

12 Horas Para Sobreviver: O Ano da Eleição | Galeria

12 Horas Para Sobreviver – O Ano da Eleição | Galeria

12 Horas Para Sobreviver – O Ano da Eleição | Galeria

12 Horas Para Sobreviver – O Ano da Eleição | Galeria

12 Horas Para Sobreviver – O Ano da Eleição | Galeria

12 Horas Para Sobreviver – O Ano da Eleição | Galeria

12 Horas Para Sobreviver – O Ano da Eleição | Galeria

12 Horas Para Sobreviver: O Ano da Eleição | Sinopse

“Com direção de James DeMonaco, que também assina a direção dos outros dois longas da série, o filme conta a história de Leo Barnes (Frank Grillo), que depois dar fim a uma ação de vingança, passa a trabalhar para a senadora e candidata à presidência Charlie Roan (Elizabeth Mitchell). Após perder sua família em uma noite de expurgo, a Senadora não medirá esforços para acabar com o dia em que todos os crimes são permitidos“.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".