Os Mercenários 2 | Crítica | The Expendables 2, 2012, EUA

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Os Mercenários 2 traz mais um vez os grandes brucutus do cinema de ação reunidos num só filme, a continuação de um sonho antigo de quem cresceu vendo filmes de ação nos anos 1980 e 1990.

Os Mercenários 2

Com Sylvester Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Chuck Norris, Jean-Claude Van Damme, Bruce Willis, Arnold Schwarzenegger, Terry Crews, Randy Couture, Liam Hemsworth, Charisma Carpenter e Nan Yu. Roteirizado por Richard Wenk (16 Quadras) e Sylvester Stallone (Rocky Balboa). Dirigido por Simon West (Con Air – A Rota da Fuga).

“O melhor filme do ano”. Oquei, é um exagero dizer isso de Os Mercenários 2. Mas é impossível conter a empolgação. O filme é cheio de clichês do gênero, tem várias brincadeiras visuais, frases de efeito novas e antigas, homenageando o estilo, e violência. Tiros, explosões não fazem faltam na projeção de aproximadamente 100 minutos. Sim, o filme tem furos no roteiro, personagens maniqueístas e peca nos efeitos especiais. Mas tem uma carga dramática muito maior que o primeiro filme, e também conta com um roteiro mais aprimorado. Ação e emoção fazem o filme ser uma ótima diversão, superando o primeiro da franquia.

O filme começa nos mesmo moldes do anterior: uma missão de resgate para mostrar como cada um deles são ****. E por estarmos numa continuação, o filme não perde tempo com apresentações, o que é bom porque a ação não demora pra começar. Com o seu carisma, “sutileza” características, e brincadeiras como o carro “knock knock“, Barney Ross (Stallone), Christmas (Statham), Yin Yang (Li), Gunner (Lundgren), Hale Caesar (Crews) e Toll Road (Couture) chegam para a missão de resgate de um figurão milionário que está em poder dos paramilitares mais estúpidos do mundo que, mesmo estando sob ataque pesado, ainda se preocupam em torturar um prisioneiro. Nessa sequencia já é notória a precariedade dos efeitos especiais: o sangue que sai dos inimigos abatidos é tão falso que cheguei a pensar que fosse para amenizar a violência, e as explosões ficam um pouco abaixo do convincente. Mas essas coisas são amenizadas pelo espírito do filme. No campo de concentração, os “Descartáveis” acabam encontrando Trench (Schwarzenegger), que fez parte do primeiro time de resgate e era a figura encapuzada torturada. Impossível não rir quando Ceaser empresta a sua maior amar para Trench, e diz que se não devolvê-la em bom estado “vou exterminar a sua bunda” (“I’ll terminate your ass“).

O filme tem vários desses momentos em que o Stallone e Wenk homenageiam nossos brucutus favoritos com frases baseadas nos seus personagens clássicos, e vai ser divertido ficar caçando essas referências. Acredito que até a cena da moto derrubando o helicóptero seja homenagem a uma cena parecida em Duro de Matar 4 (Live Free or Die Hard, 2007). E já que o filme não cita Tool, personagem de Mickey Rourke do filme passado que recusou a participação, o roteiro introduz um jovem, que imaginamos que será alguém da nova geração de mercenários: Billy the Kid (Hemsworth), um exímio sniper. Ele é um personagem quase à parte desse mundo. Depois da missão, o diretor usa as cores mais claras no figurino de Billy, enquanto os seus companheiros vestem sempre cores escuras para reforçar essa separação. Também aponto o detalhe que Barney está usando a Montegrappa Chaos, que foi desenhada pelo próprio Stallone. Christmas bem diz “Você não tem nada que não tenha caveiras?”.

Também temos a participação de Church (Willis), que reaparece para resolver os problemas do filme anterior… tá certo que ele poderia esperar muito naquele avião, mas alguém que consegue manter aquela posição ameaçadora, nas sombras, quase fora de foco, faz qualquer um acreditar que ele pode fazer muita coisa. E a ameaça é essa: já que Barney e seus companheiros não fizeram direito o trabalho no primeiro filme, eles têm que resgatar um determinado objeto para Church, ou o mercenário vai parar na cadeia por um bom e longo tempo. E ele exige que um dos seus participe da missão. Maggie (Yu) é a substituta oriental de Yin, já que ele se despede dos outros logo depois da apresentação. A escolha por usar uma mulher é válida, porque essa foi a evolução natural desse tipo de filme: começa com gente que eram montanhas de músculos nos anos 1980 (Predador, Conan), passa para os personagens mais rápidos e atléticos nos anos fim da década e começo dos anos 1990 (O Último Dragão Branco), e nos anos 2000 se permite a presença de mulheres na brincadeira (Underworld, As Panteras, Kill Bill). Esse é inclusive um dos assuntos comentados no TigreCast #07 – Brucutu Style. Na missão de resgate do objeto, o vilão maniqueísta Villain (Van-Damme, mau até no nome) muda a direção do filme. Onde antes era só ação, os roteiristas conseguem dar uma dose de drama.

Revendo os pontos do filme, Os Mercenários 2 é algo sim acima da média. Dentro da sua proposta de divertir e homenagear, é perfeito. É impossível não gostar de certas cenas: Gunnar e seu brilhantismo, brincando com o cubo de Rubix; o fato de Barney ser tão durão que aponta o mapa com uma arma; a aparição de Booker (Norris), com direito a música de Ennio Morricone quando aparece, e o ouvir citando um dos Chuck Norris Facts… sim, aí o cinema quase veio abaixo; e a descrença de Barney ao ouvir que o nome do vilão é Villain (“Tá falando sério?”, o brucutu diz, rindo da própria piada). Também aponto as duas lutas finais, mas vou manter a surpresa. Digamos que um deles é uma bela homenagem a outro personagem que não apareceu, e a outra é entre dois animais enjaulados. E abrindo um parênteses, só pra deixar marcado, algumas sequencias que citei aqui, para mim, já dizem qual vão ser os próximos convidados. Anotem aí pra cobrar depois: Harrison Ford e Clint Eastwood!

Nem tudo são flores, ou melhor dizendo, headshots. O filme tem várias frases perdidas; temos que nos perguntar por que os capangas de Villain foram atrás de mais trabalhadores se a escavação já estava no fim; alguns personagens perdidos (Maggie e Toll Road principalmente); e parece que querem nos enfiar na goela uma relação mal explicada entre Church e Maggie. Isso derruba um pouco a nota do filme, mas levando em conta tudo o resto, a produção agrada. Nos faz vibrar e rir. Não é um filme descompromissado, nem um “para desligar o cérebro” – coisa que repudio – mas uma grande obrigado dessa turma toda para nós, que os acompanhamos há tanto tempo. Acredito que é o típico filme que vai desagradar desarmamentistas e a turma do politicamente correto. É uma pena, mas realmente não é uma produção feita para eles. Além disso, existe uma cena muito espirituosa, que é direcionada à quem diz que o filme é sobre o domínio dos EUA sobre os mais fracos… os próprios Mercenários respondem isso. Sensacional.

Os Mercenários 2 | Trailer

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".