Baywatch: SOS Malibu | Crítica | Baywatch, 2017, EUA

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Baywatch: SOS Malibu é uma daquelas experiências inesquecíveis que você vai ter no cinema. E infelizmente isso não é um elogio.

Baywatch (2017) Crítica

Elenco: Dwayne Johnson, Zac Efron, Alexandra Daddario, Kelly Rohrbach, Priyanka Chopra, Jon Bass, Ilfenesh Hadera, David Hasselhoff, Pamela Anderson | Argumento: Jay Scherick, David Ronn, Thomas Lennon, Robert Ben Garant | Roteiro: Damian Shannon, Mark Swift | Direção: Seth Gordon (Uma Ladra Sem Limites) | Duração: 116 minutos

Todo e qualquer filme deve ser visto sem preconceito – talvez Os Discursos de Nuremberg sejam uma exceção – e ninguém quer ter uma experiência ruim ao ir ao cinema. Mas às vezes abusam da nossa paciência, como é o caso de Baywatch: SOS Malibu, uma produção tão bagunçada que o melhor paralelo que podemos fazer é aquele trabalho escolar onde você chamou quatro ou cinco colegas e mandou cada um fazer uma parte, resultando numa criatura digna do laboratório do Dr Frankenstein: uma obra sem forma e horrenda. Os atos não conversam entre si e personagens apresentam personalidades diferentes entre uma parte e outra, tornando-se uma das experiências mais esquizofrênicas do cinema atual.

Entre argumentistas e roteiristas, o filme dirigido por Gordon tem seis pessoas responsáveis e é a única coisa que explica a incoerência de Mitch (Johnson) no papel de protagonista. Num momento ele é um cara que protege o lugar que trabalha ama, reclamando quando Matt (Efron) atira ao mar uma medalha que, consequentemente, poluiu a baía; mas em outro, no começo do filme, ele rasga uma recomendação que o atleta trouxe do chefe dele e joga os pedaços no chão da praia. O sentido passou longe das páginas.

A intenção desse remake é bem clara: com a abordagem engraçada de Anjos da Lei (22 Jump Steet, 2012, Phil Lord e Chris Miller), vinda de outro seriado dos anos 1980, os estúdios perceberam um nicho que apresenta a história para a nova geração com mais comédia e ação que a fonte original, mantendo certos absurdos que, para efeito geral, não incomodam exatamente por serem absurdos. Afinal, não existe mundo que salva-vidas resolvam crimes como personagens de Agatha Christie. O problema é que esse absurdo extrapola qualquer limite. Não existe nenhuma pista, fora a antipatia de Mitch por Victoria (Chopras) e uma cena já perto da conclusão, para que a equipe desconfie que a vilã esteja por trás do cartel de drogas da cidade. Além de perfeitos fisicamente, com exceção de Ronnie (Brass), os personagens se tornam Poirots da areia, mas sem explicar o caminho do raciocínio como o belga fazia.

O que acontece é que na avidez de mostrar corpos sarados e bronzeados, no exagero dos slow-motions – esse último pelo menos rende duas piadas interessantes – e as cenas de ação, os roteiristas não encontraram espaço para dar explicações de coisas importantes (fora a mais óbvia de todas). Além das incongruências já citadas, que vem aos montes e justapostas. Por exemplo, o chefe de Mitch diz numa cena que cidade está sem verbas para contratar novos guardas, o que por si só não faz sentido numa cidade praiana, mas logo em seguida ele anuncia que esse ano serão três contratados. E fica a pergunta se alguém se deu ao trabalhar de ler o roteiro linearmente antes de filmarem.

Durante as longas quase duas horas de produção é possível notar também a mistura não só no roteiro, mas também na comédia. Às vezes a produção faz piadas atrasadas quase 20 anos – é impossível explicar como os roteiristas gastam cinco minutos com piadas de pinto quando nem Quem Vai Ficar com Mary (There’s Something About Mary, 1998, Peter e Bob Farelly) levou esse tempo todo – mas tenta ser atual e inclusiva quando Matt reclama da expressão “you people” e é repreendido por Mitch, ou quando usam a expressão “caras” e pedem desculpas a Summer (Daddario) por causa da palavra não incluir o gênero feminino. No entanto é embrulhado em outras situações machistas que vão desde foco nos decotes das moças ou nas partes de trás delas.

E o desenrolar da história não melhora em nada as situações, onde os roteiristas preferem transformar Mitch num cretino enquanto está numa situação urgente e séria – e, adivinhem só, outra piada com pinto – ao explicar como é que ele junto de Summer e Matt conseguem se vestir de médicos e invadir um necrotério para caçar pistas. O que o filme menos quer é fazer sentido, deixando parecer que quem escreveu estava sob efeito de drogas. Regras mudam durante as classificatórias da escolha – por que o percurso de Matt e diferente do de Summer, Ronnie e dos outros? – e isso se reflete até mesmo na parte técnica. Esse é um filme sem continuidade, com mudanças bruscas de fotografia e até mesmo de penteados. Isso mostra uma falta monstruosa de cuidado com a produção.

Existem piadas que se salvam, mas mesmo elas padecem do mal da repetição. Para mostrar o seu desprezo, Mitch chama Matt várias vezes por nomes de boy bands, mas lá pela quarta vez já começa a perder a graça, assim como as cenas humilhantes que Ronnie passa. E para alguém que é mostrado como uma pessoa tão inteligente, é difícil acreditar que Mitch, depois de perceber que precisaria de um mínimo de provas para dar suporte às acusações ao império de Victoria, não use um celular como foi feito numa cena anterior. Por pura conveniência. O que sobra é a esperança de se divertir com as participações especiais que sabemos que vão vir – forçadas e jogadas como é o roteiro, mas pelo menos estão lá.

Nem tudo está perdido, pois em Baywatch: SOS Malibu tem duas ou três piadas que trazem risos. Mas é verdadeiramente difícil entender como uma história tão vazia de sentido foi aprovada como estava – falta de tempo não foi, já que o roteiro começou a ser escrito em janeiro de 2016. Nesse caso é algo que escapa da crítica, mas poderíamos culpar os produtores na sua sede de entregar as coisas mais óbvias e grotescas possíveis em troca de uma audiência que será enganada pela censura R dada ao filme, mascarando com uma letra algo para parecer adulto, mas de uma tolice sem tamanho.

Baywatch: SOS Malibu | Trailer

Baywatch: SOS Malibu | Pôster

Baywatch: SOS Malibu | Pôster brasileiro

Baywatch: SOS Malibu | Galeria

Baywatch | Imagens (1)

(L-R) Ilfenesh Hadera as Stephanie Holden, Alexandra Daddario as Summer, Zac Efron as Matt Brody, Kelly Rohrbach as CJ Parker and Jon Bass as Ronnie in the film BAYWATCH by Paramount Pictures, Montecito Picture Company, FlynnPicture Co., and Fremantle Productions

Baywatch | Imagens (14)

Alexandra Daddario as Summer in the film BAYWATCH by by Paramount Pictures, Montecito Picture Company, FlynnPicture Co., and Fremantle Productions

Baywatch | Imagens (13)

Dwayne Johnson as Mitch Buchannon in the film BAYWATCH by Paramount Pictures, Montecito Picture Company, FlynnPicture Co., and Fremantle Productions

Baywatch | Imagens (12)

Paramount Pictures/Divulgação

Baywatch | Imagens (11)

Dwayne Johnson as Mitch Buchannon in the film BAYWATCH by Paramount Pictures, Montecito Picture Company, FlynnPicture Co., and Fremantle Productions

Baywatch | Imagens (10)

(L-R) Dwayne Johnson as Mitch Buchannon and Zac Efron as Matt Brody in the film BAYWATCH by Paramount Pictures, Montecito Picture Company, FlynnPicture Co., and Fremantle Productions

Baywatch | Imagens (9)

(L-R) Ilfenesh Hadera as Stephanie Holden, Kelly Rohrbach as CJ Parker and Alexandra Daddario as Summer in the film BAYWATCH by Paramount Pictures, Montecito Picture Company, FlynnPicture Co., and Fremantle Productions

Baywatch | Imagens (8)

Zac Efron as Matt Brody in the film BAYWATCH by Paramount Pictures, Montecito Picture Company, FlynnPicture Co., and Fremantle Productions

Baywatch | Imagens (7)

(L-R) Zac Efron as Matt Brody and Alexandra Daddario as Summer in the film BAYWATCH by Paramount Pictures, Montecito Picture Company, FlynnPicture Co., and Fremantle Productions

Baywatch | Imagens (6)

(L-R) Zac Efron as Matt Brody and Dwayne Johnson as Mitch Buchannon in the film BAYWATCH by by Paramount Pictures, Montecito Picture Company, FlynnPicture Co., and Fremantle Productions

Baywatch | Imagens (5)

(L-R) Priyanka Chopra as Victoria Leeds and Jon Bass as Ronnie in the film BAYWATCH by Paramount Pictures, Montecito Picture Company, FlynnPicture Co., and Fremantle Productions.

Baywatch | Imagens (4)

(L-R) Dwayne Johnson as Mitch Buchannon and Zac Efron as Matt Brody in BAYWATCH by Paramount Pictures, Montecito Picture Company, FlynnPicture Co., and Fremantle Productions

Baywatch | Imagens (3)

Belinda as Carmen and Dwayne Johnson as Mitch Buchannon in the film BAYWATCH by Paramount Pictures, Montecito Picture Company, FlynnPicture Co., and Fremantle Productions

Baywatch | Imagens (2)

(L-R) Alexandra Daddario as Summer and Zac Efron as Matt Brody in BAYWATCH by Paramount Pictures, Montecito Picture Company, FlynnPicture Co., and Fremantle Productions

Baywatch: SOS Malibu | Sinopse

Uma onda de drogas invade a baía de Baywatch, praias que são patrulhadas pelo experiente salva-vidas Mitch Buchannon (Johnson). Desacreditados pela polícia local, Mitch conta apenas com sua pequena equipe composta pelas veteranas C.J Parker (Rohrbach), Stephanie Holden (Hadera) e os novatos Summer Quinn (Dadario), Ronnie (Bass) e o egocêntrico e egoísta Matt Brody (Efron) para livrar as praias de Malibu de um grande e novo perigo.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".