Tomb Raider: A Origem | Crítica | Tomb Raider, 2018
Tomb Raider: A Origem é uma aventura muitas vezes óbvia, mas se sustenta no carisma da personagem e na ação.
A maior qualidade de Tom Braider: A Origem é a que podemos definir o filme como honesto. É uma aventura um tanto genérica e até óbvia, pois podemos ver a conclusão de longe. No entanto, por se definir como aventura como várias outras, e admitindo isso com referências a outros clássicos de maneira bem óbvia, embarcamos com a personagem entre muitas corridas, pulos em desfiladeiros e uma ação que, no geral, tem um resultado bem dinâmico. Quem é fã da primeira versão do game clássico pode se sentir menos representado, mas ganhamos algumas atualizações necessárias na história, algo que reflete muito do pensamento atual.
Dentro desse novo universo, algo para quebrar as adaptações de 2001 e 2003, aqui Lara Croft (Vikander) é mais humana: sem o dinheiro da família, vivendo na correria para não encarar o que o mundo lhe joga na cara – a que o pai, Richard (West), está morto. É difícil de acreditar que a jovem herdeira negaria tanto dinheiro, e a possibilidade de fazer algo bom com ele, mas é um artifício do roteiro que faz que Lara tenha uma ligação com sua infância, quando seu pai ainda estava presente. Algo que é quebrado com um batismo nas águas frias da Ilha da Morte.
Tudo tem um preço e o pouco conhecido Roar Uthaug o paga com uma introdução radical. Ao apresentar Lara sendo caçada entrega uma prévia do que irá acontecer com ela a seguir, mas tem uma segunda parte mais difícil de acompanhar. É natural que o ritmo caia, mas a história nos tira muito rápido daquela tensão noturna onde Vogel (Goggins) envia um capanga para caçar Lara durante a noite. Depois de uma cena de ação que só é resolvida por duas enormes conveniências – a do mercenário que não engatilha a arma é bem dura de assistir – a salvação de Lara vem com pouco esforço.
Ou menos que o esperado. Isso não quer dizer que o Lara enfrenta é um passeio no parque: ela é espancada, atropelada, alvejada por tiros e sim, reclama da vida que foi procurar, dando o sangue – literal e figurativamente – nessa aventura. Isso tudo sem sexualizar a personagem que vemos, no máximo, mostrar a barriga chapada num treinamento. Você sente que se o filme fosse feito alguns anos antes, existem cenas que poderiam dar essa brecha. E essa escolha de não ir para o caminho mais fácil, pelo menos nesse quesito, é refletido em algumas opções que vale a pena prestar atenção, a começar pelo prólogo que apresenta o tesouro/maldição que Vogel e seus empregadores procuram.
É justo também dizer que outras ideias não são nada originais, e que as decisões estruturais do filme lembram muito outros aventureiros – em especial Indiana Jones e a Última Cruzada (Indiana Jones and the Last Crusade, 1989, Dr Geroge Lucas e Steven Spielberg), o que, por si só, entrega uma das ditas surpresas do filme. Que de surpresa não tem nada, dada a obviedade de tais momentos. Porém, também é justo apontar que o roteiro brinca com outros clichês como Lu Ren (Wu) ser oriental, mas longe de ser alguém com sabedoria, e o que esperamos da resolução final, o que dá uma virada interessante na história, salvando a parte mais maçante da história que veio antes.
Mesmo com essas partes mais simples, existe uma vontade concreta de criar um universo coeso. Por exemplo, podemos ser levados a acreditar, por causa da montagem, que Lara dominou o uso do arco e flecha rapidamente. Mas o diretor coloca no mise-en-scène que a ela fazia isso como brincadeira desde criança – e considerando que ela usa dessa habilidade na jornada que tem a ver com seu pai, essa habilidade é também um elo com o passado dela. Podemos nos afeiçoar também de detalhes simbólicos. Há poucos, é verdade, mas não é difícil não gostarmos da maneira que Lara recebe a herança do seu pai, adentrando no seu pós vida também simbólico.
Mesmo com falhas no campo da criatividade, Tomb Raider: A Origem se posiciona como uma aventura que não quer ser muito mais que isso – o que pode agradar ou não, dependendo de quem assiste. Ficando numa zona de conforto, a produção claramente prefere não se arriscar e abraçar o maior número de pessoas possíveis, fazendo assim uma base de fãs para do reboot nos cinemas. É uma manobra arriscada, pois esse argumento, o da superficialidade, será usado para detratar o filme. Faltou o espírito aventureiro da protagonista aqui, e isso não deixa que a produção dê os saltos parecidos com os de Lara.
Elenco
Alicia Vikander
Walton Goggins
Daniel Wu
Dominic West
Direção
Roar Uthaug
Roteiro
Geneva Robertson-Dworet
Alastair Siddons
Baseado em
Tomb Raider (Crystal Dynamics)
Trilha Sonora
Junkie XL
Fotografia
George Richmond
Montagem
Stuart Baird
Michael Tronick
País
Estados Unidos
Duração
118 minutos
Ao descobrir pistas que podem mostrar o destino do pai, a jovem Lara Croft embarca numa aventura que a colocará em rota de colisão com uma inescrupulosa corporação que procura uma antiga tumba para dominar seu poder lendário.
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