Thor: Ragnarok | Crítica | Thor: Ragnarok, 2017
Thor: Ragnarok é cheio de aventura e momentos divertidos além de tocar num assunto muito atual na sua conclusão.
Mesmo que o Universo Cinemático Marvel não traga nada de revolucionário, inclusive seguindo receitas que aparecem em outros filmes, isso não impede que Thor: Ragnarok seja um dos melhores filmes do estúdio. O primeiro filme do deus do Trovão já tinha algo de leve, colorido e engraçado – coisas postas de lado na continuação e resgatado nessa terceira aventura. Mas agora de maneira maior e cósmica com novos mundos e aparição de personagens queridos e a introdução de outros. O filme não trespassa nenhuma regra e há uma leve problematização em parte dos papéis femininos, mas é impossível não se empolgar com o duelo de titãs que acontece.
Apesar de ser um ser mítico e divino – ou pandimensional, se assim preferir – Thor (Hemwsorth) é bem humano. O personagem conversa conosco, algo representado pela cena da introdução do filme onde ele explica a sua situação cativa para um cadáver: mas ali ele fala com a gente e é uma sacada muito interessante de Waititi, fugindo das fáceis narrações off e nos colocando no mesmo plano do filho de Odin (Hopkins). Uma pessoa que mesmo no cenário (e situação) infernal, consegue manter o astral alto. E isso já define o tom da produção, mesmo que haja espaço para momentos mais sérios.
Com a despedida de Odin e a reaparição de Loki (Hiddleston) – ainda o piadista e com a capacidade de conseguir enganar o irmão depois de tanto tempo na pele do pai – o roteiro permite uma seriedade para apresentar Hela (Blanchett). E é importante vermos como cenário explica a situação. O primeiro confronto, depois que Odin se vai (e não definha, mas se transforma em estrelas), acontece num lugar calmo e tranquilo até ser invadido pela deusa da morte. Ela muda o ambiente com uma sombra que era a dimensão-prisão que estava e trazendo desesperança, quando no primeiro ato, a desgarrada filha do pai de todos destrói o Mjölnir.
Despejado e destronado, já que até a aparição da irmã era um dos herdeiros do trono, Thor se encontra no grande lixão do planeta Sakaar – um lugar que para passar a ideia de que parou no tempo tem um ar retrô anos 1980, com muitos sintetizadores e um Grão-Mestre (Goldblum) mais preocupado em dar pão e circo para uma sociedade grande e claramente necessitada a lidar com os grandes problemas. Numa clara oposição à Asgard, Sakkar é bagunçada e insana, um lugar que traz à tona as partes mais engraçadas do filme de tão insólitas – com direito a homenagens ao clássico A Fantástica Fábrica de Chocolate (Willy Wonka and the Chocolate Factory, 1971, Mel Stuart).
Waititi e Pearson, no entanto, sabem equilibrar a trama para dar destaque também à urgência da situação do lar de Thor e Loki agora sob a rígida mão de Hela, uma deusa que levanta da tumba seu exército, não deixando que guerreiros descansem. Mais uma vez, a produção usa de interessantes simbolismos, dessa vez o de que o que a deusa quer são escravos e não súditos. Essa seriedade dá à trama, junto da relativamente longa duração do filme, espaço para que Heimdall (Elba) não seja apenas um personagem secundário apagado. Aqui ele tem uma extensão da missão dada por Odin de proteger a Ponte do Arco-Íris; ele é então o protetor do povo asgardiano.
A presença de Hulk/Banner (Rufallo) na trama, – ainda que tenhamos que usar muito a suspensão de descrença para aceitar a presença dele em Sakkar – um fator que certamente vendeu o filme para quem tinah dúvidas de assisti-lo, continua a pegada engraçada da produção – podemos até pensar que seria uma conclusão do soco que o gigante esmeralda desfere no deus do trovão em Os Vingadores (The Avengers, 2012, Joss Whedon). Mas, assim como a viagem que Thor faz, de maneira maior. Sem dúvidas é o ponto alto do filme onde Hulk se encontra como personagem, um pouco mais sacana e com algum sinal de inteligência (ele diz “não há Banner” em determinado momento); a inteligência de uma criança que reencontrou um amigo, mas ainda assim.
A trama faz também brincadeiras com a questão da representatividade feminina quando conhecemos Valquíria (Thompson), da tropa asgardiana de mesmo nome, e que Thor queria fazer parte quando era criança – impossível por motivos óbvios. No entanto aqui há um deslize do filme. Tudo bem que o nome da personagem era o nome da revista de mesmo nome, mas poderia se fazer um esforço e pesquisa para dar um nome para a personagem. Em nenhum momento ela é citada por Thor pelo nome de Brunnhilde ou por ela própria – tanto que os créditos sobem, a personagem é apenas citada pelo seu título.
Mas o que acontece é que Valquíria preenche a lacuna de Lady Sif, podendo apenas supor que ela foi banida por Loki enquanto ele se passava pelo pai. A personagem não aparece e nem é citada na trama o que é bem problemático considerando a conclusão da trama. Em compensação, Hela, mesmo sendo uma vilã nos diverte simplesmente por podermos ver Cate Blanchett descendo o braço em hostes, ainda que seja em muitos momentos uma personagem digital. A deusa da morte encarna a própria representação do que é, e desde o começo fica nos passando pela cabeça como seria possível vencer a própria morte – é nessa parte que o filme se completa no quesito aventura; uma jornada que começa sem sabermos como se completa.
Thor: Ragnarok leva personagens a novos caminhos, algo que já sabemos aponta para a Guerra Infinita, e mesmo dentro do seu universo cheio de cores termina com uma sensação agridoce na boca e faz uma ligação com um tema muito importante da nossa atualidade que por estar coberto por uma manta de ficção científica/magia baseada em quadrinhos pode demorar a ser percebido (uma dica: pense no que os asgardianos se tornam na conclusão da história). Falar mais que isso é entregar parte importante da trama – mas quem está ligado no cenário atual de conservadorismo vai logo entender a ideia proposta por esse diretor de ascendência maori.
Como sempre, o filme tem alguns easter eggs para serem caçados e duas cenas pós-créditos.
Elenco
Chris Hemsworth
Tom Hiddleston
Cate Blanchett
Idris Elba
Jeff Goldblum
Tessa Thompson
Karl Urban
Mark Ruffalo
Anthony Hopkins
Direção
Taika Waititi
Roteiro
Eric Pearson
Craig Kyle
Christopher Yost
Baseado em
Thor (Stan Lee, Larry Lieber, Jack Kirby)
Fotografia
Javier Aguirresarobe
Trilha Sonora
Mark Mothersbaugh
Montagem
Joel Negron
Zene Baker
País
Estados Unidos
Distribuição
Walt Disney Pictures
Duração
130 minutos
Cena Extra
Depois da morte de Odin, a irmã mais velha de Thor e Loki, Hela, volta para exigir seu lugar de direito no trono. Mas a Deusa da Morte pensa apenas em destruição e Thor precisa descobrir uma maneira de acabar com os planos dela e impedir o Ragnarok, mesmo estando no distante planeta de Sakkar onde ele deverá enfrentar outro Vingador: O Hulk.
[críticas, comentários e voadoras no baço]
• email: [email protected]
• twitter: @tigrenocinema
• fan page facebook: http://www.facebook.com/umtigrenocinema
• grupo no facebook: https://www.facebook.com/groups/umtigrenocinema/
• Google Plus: https://www.google.com/+Umtigrenocinemacom
• Instagram: http://instagram/umtigrenocinema
• Assine a nossa newsletter!
Apoie o nosso trabalho!
Compartilhe!
- Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Twitter(abre em nova janela)
- Clique para imprimir(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Tumblr(abre em nova janela)
- Mais