Fuga do Século XXIII | Crítica | Logan’s Run, 1976, EUA
Uma crítica curta do clássico Fuga do Século XXIII (Logan’s Run), de 1976.
Com Michael York, Richard Jordan, Jenny Agutter, Peter Ustinov e Farrah Fawcett. Escrito por David Zelag Goodman. Baseado no livro de William F. Nolan e George Clayton Johnson. Dirigido por Michael Anderson.
Numa sociedade sobrevivente de uma grande guerra, os humanos vivem apenas para o prazer, deixando o trabalho pesado para máquinas. Mas isso tem um preço: todos devem morrer aos 30 anos.
Vi esse filme pela agora primeira vez, mas sabia bastante da história. Não por ter lido o livro, mas meu pai tinha o costume de contar toda a história pra mim de filmes que ele gostava. Então, eu sabia o fim de histórias como “Eu Sou a Lenda”, “Soylent Green” e esse. Talvez ele achasse que eu jovem não teria a oportunidade ou o interesse de ler ou ver essas histórias. Hoje, conheço todas. Acredito que as ficções-científicas devem nos fazer refletir ou nos divertir. Ou apontam para um futuro um tanto sombrio, como em “Blade Runner”, ou algo que esperamos que aconteça, parecido com o futuro de “De Volta Para o Futuro”. “Fuga…” é um uma mistura dos dois. Apesar de mostrar uma sociedade conformada com o fato da vida se encerrar aos 30, eles parecem levar tudo na esportiva, fazendo o “Carrossel”, a dita chance de serem renovados, uma diversão. Não digo necessariamente que nós esperamos morrermos jovens. Mas não existe aquele ditado “Viva intensamente, morra jovem e deixe um cadáver bonito”? É esse o cenário do filme.
O que se vê na tela me parece uma crítica à sociedade do fim dos anos 1960 e metade dos 1970. Uma época de “amor livre” e um lado e “consumismo desenfreado” de outro aparecem aqui com a facilidade de ter ambos em casa. Com um simples clique o controle você pode contratar sexo com alguém que se oferece na “rede”. Logan 5 (York) chega a dispensar um homem antes de aparecer Jessica (Jenny) no seu quarto. Mas também é uma crítica ao estado totalitário de exceção, onde os personagens só podem ter filhos se autorizados. E quando isso acontece, a ligação emocional com eles é cortada. As crianças não conhecem os pais, vivem apenas para repovoar a sociedade.
Quando Logan se torna um fugitivo, ele ainda é inocente. Não no sentido de crime, mas ele confia na máquina que lhe dá a missão, até as coisas saírem como ele não queria e sem ter uma resposta se teria de volta os anos que perdeu. Ele se joga numa missão esperando estar certo, porque até agora estava do lado da lei. Mas qual é a reação daqueles que se veem na situação oposta? Logan 5 não tem mais os quatro anos que lhe restavam, e agora tem que se tornar um fugitivo para encontrar o “Santuário”. Esse lugar desconhecido fora da sociedade futurista e fora das amarras opostas é tão idealizado quanto os lugares fora do visão do Grande Irmão, em “1984”, onde a Prole vivia. A ideia do “Santuário” é como a resistência de Emmanuel Goldstein. É a segunda vez que faço referência ao livro de George Orwell aqui, e por isso a importância de você lerem essa história, se não o fez ainda. Apesar do universo de Logan não ser tão opressivo quanto “1984”, você tem que jogar pelas regras. Ou fugir, e possivelmente morrer por isso.
E se você viu “O Preço do Amanhã” verá onde a história foi beber. O mais gritante é o relógio de tempo. Mas existe uma cena em especial em que Logan 5 e Jessica estão nadando nus, fora das amarras da sociedade que viviam e a cena acontece nos mesmos moldes no filme com Justin Timberlake. Diferente de seu remake, “Fuga…” apresenta uma melhor estrutura e uma identificação maior com os personagens.
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