Falcão e o Soldado Invernal: Nova Ordem Mundial (S01E01) | Crítica
A falácia da liberdade no capitalismo em Falcão e o Soldado Invernal: Nova Ordem Mundial (S01e01).
O elemento que mais me chamou a atenção na série anterior da Marvel Studios, é quando percebi que Wanda Maximoff/Feiticeira Escarlate (em Wandavision) se tornou o mal que representa o capitalismo. Ela declamava ter liberto os moradores da cidade, mas, quando despertos, alguns pediram até para morrer. Lembrando de alguns ensinos marxistas, Wanda só fez isso não só porque ela quis. Mas por ter o poder para isso. Também no primeiro episódio de Falcão e o Soldado Invernal: Nova Ordem Mundial, a trama secundária tem um quê de crítica ao sistema vigente, algo parecido com o que vimos em Capitão América: O Soldado Invernal.
Para chamar nossa atenção, o primeiro ato do episódio é quase um recrutamento para as Forças Armadas. Cheio de ação já característica do UCM, Sam Wilson/Falcão (Mackie) é visto dando rasantes, explodindo coisas e salvando o dia. Sem muitos questionamentos, ele faz o que foi ordenado. E, de novo naquele modo Marvel de ser, vamos descobrir daqui a pouco que o inimigo real está debaixo dos nossos narizes.
Indo para a parte de Bucky Barns, o retrato é mais frio (com o perdão do trocadilho). Enquanto Sam estava lutando num cenário arenoso, montanhoso, ensolarado e repleto de panos abertos na fronteira com a Líbia, a fotografia de P.J. Dillon aposto em tons escuros. Ao lado da direção de Kari Skogland, que no primeiro ato fez questão de planos abertos, Bucky é colocado em primeiro plano, até closes incômodos com a câmera no nariz e olhos dos personagens.
Depois da aventura de Sam, o espectador provavelmente estranha o tom mais intimista do primeiro episódio. Passando pela expiação dos pecados enquanto estava sob domínio da Hidra e da entrega do escudo do Capitão América, os personagens agora precisam viver a realidade. Começando com Bucky, sua missão, envolvendo nomes num caderno carrega uma culpa cristã. Vejam só, apesar de ter sido ele, como agente físico, culpado por todas as mortes de seu período como Soldado Invernal, a culpa não é dele. É uma contradição que encontra par no pecado original, onde todos nós, mesmo passadas gerações, ainda carregamos o fardo de Adão.
Já em história que Spellman reservou para Sam é um tanto mais complicada, e de novo tem em ver com a sociedade mais capitalista e liberal desse planeta. Sam é enganado pela mensagem de liberdade, algo que como comentou o professor José Paulo Netto nesse vídeo, para Marx, “A liberdade é a possibilidade de escolher entre alternativas concretas”. Todos os americanos seriam livres para escolher para aonde ir, o que fazer. E Sam acredita nisso, até sair do banco que nega para ele e em irmã um empréstimo que poderia salvar em vida financeira e a história da família.
Parafraseando o momento do grande e subestimado filme O Homem da Máfia (Killing Them Softly, 2012, Andrew Dominik), “a América não é um país; é um negócio”. Sam é nada menos que um herói. Mas fora dos ares e fora dos Vingadores, é como se ele nunca tivesse voltado do blip. Sim, na terra da liberdade você tem opções se tiver dinheiro. E sim, você pode ser o Capitão América, desde que não seja negro. Na verdade, a única liberdade que se tem no capitalismo, para em maioria de nós, é a opção entre morrer ou não de fome – e em que devemos nos sujeitar para isso.
Isso quer dizer que Falcão e o Soldado Invernal: Nova Ordem Mundial é uma produção anticapitalista? Eu não me arrisco a tanto, pois seria incoerente com a empresa do rato mais famoso do mundo, mostrando um potencial que duvido que será seguido. Pelo que vimos no primeiro trailer, a intenção é que essa é uma série mais extrovertida, focando nas estranhezas entre Sam e Bucky e como isso pode ser transformado em comédia. Nós, porém, já fomos enganadas antes por trailers da Marvel. Pode ser também que isso tenha sido feito para vender a série da Disney+ – afinal, é isso que trailers fazem. Descobriremos no fim de abril. Até lá, podemos conjecturar.
Falcão e o Soldado Invernal é transmitido pelo canal de streaming Disney+ e contará com seis episódios, fazendo parte da Fase 4 do Universo Cinemático Marvel.
Elenco
Anthony Mackie (Sam Wilson / Falcão);
Sebastian Stan (Bucky Barnes / Soldado Invernal);
Daniel Brühl (Zemo);
Emily VanCamp (Sharon Carter);
John Walker (Agente Americano);
Erin Kellyman (Karli Morgenthau)
Danny Ramirez (Joaquin Torres);
Don Cheadle (James “Rhodey” Rhodes / Máquina de Combate);
Adepero Oduye (Sarah Wilson)
Direção
Kari Skogland
Roteiro
Malcolm Spellman
Baseado em
Falcão (Stan Lee e Gene Colan)
Bucky Barnes (Joe Simone Jack Kirby)
Soldado Invernal (Ed Brubaker e Steve Epting)
Fotografia
P.J. Dillon
Trilha Sonora
Henry Jackman
Montagem
Jeffrey Ford
Kelley Dixon
País
Estados Unidos
Distribuição
Disney Platform Distribution
Duração
50 minutos
Data de estreia
19/abr/2021
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