Aviões | Crítica | Planes, 2013, EUA
Aviões é uma daquelas animações infantis bem básicas que basicamente serve para vender brinquedos.
Com Dane Cook, Stacy Keach, Priyanka Chopra, Brad Garrett, Cedric the Entertainer, Julia Louis-Dreyfus, Roger Craig Smith, John Cleese, Carlos Alazraqui e Val Kilmer. Argumento de John Lasseter, Klay Hall e Jeffrey M Howard. Roteirizado por Jeffrey M Howard. Dirigido por Klay Hall.
É bom que você saiba logo: “Aviões” é um filme especialmente feito para crianças. É a história básica de superação que se auto-explica – como dois personagens secundários escancaram em determinado ponto. A produção venderá muitos brinquedos e será uma diversão passageira para os mais jovens. Mas não parece ter fôlego para se destacar na memória delas, uma prova que personagens carismáticos ou paleta de cores nem sempre funcionam. No fim das contas, é uma produção lúdica, mas rasa.
Ambientado no mesmo mundo de “Carros” (Cars, 2006), conhecemos Dusty (Cook), um avião pulverizador de uma pacata cidade do interior do país que tem o sonho de ser um avião de corridas. Com um campeonato de longa distância se aproximando, ele treina com as dicas do livro Flying for Dummies lidas pelo caminhão amigo Chug (Garret) e com a desaprovação da mecânica Dottie (Hatcher). Percebendo que só poderia aprender com um profissional de verdade, Dusty recorre à Skipper (Keach), um velho avião de caça da Marinha. Recusando a princípio, o veterano muda de ideia quando Dusty é classificado nas preliminares do campeonato. Ele se compadece do pulverizador e resolve treiná-lo para que não morra na corrida e por causa de sua coragem. Ou quase já que, apesar de ser um avião, Dusty tem medo de altura.
Você sentirá falta de alguma menção aos personagens do filme de 2006. Eles não estão lá provavelmente por este ser um filme da Disney e não da Pixar. E o maior receio seria assistir à uma releitura das aventuras de Relâmpago McQueen. A história segue sim um curso diferente, com um personagem antes de tudo humilde e companheiro. Mas até mesmo para um filme de fantasia é difícil acreditar que Dusty seria um competidor à altura de aviões que foram feitos para isso. Dusty não tem aerodinâmica como os outros, nem mesmo um motor potente para aguentar o tranco.
Mas por se tratar de um filme infantil, essas coisas serão relevadas pelas crianças, ao mesmo tempo que as trata como despreparadas para entender o conceito. Não podemos esquecer que em outras produções os personagens menos preparados se tornam vitoriosos por algum passe de mágica ou por soberba dos seus competidores. E isso praticamente não acontece neste filme. Por exemplo, vantagem que Dusty ganha no trecho do Nepal vem praticamente do nada. O diretor Klay Hall fez um corte nesse momento que não se sustenta, onde o pulverizador se assusta com a morte certa. É admissível acreditar que Dusty tenha saído daquela situação ileso, mas o resultado é estranho. Afinal, parece que o avião simplesmente apagou em todo o trecho até o topo do Himalaia. Foi convencional, assim como no último trecho da corrida quando Dusty é reintegrado à corrida por ter sido sabotado, sem ninguém ter sido punido.
Tecnicamente é uma produção interessante. As cores dos aviões representam bem suas características, e outros detalhes valem a pena ser citados, como as pinturas dos F-22 e de outros aviões de caça cuja pintura do cockpit lembrem capacetes. O design dos aviões em si são divertidos, misturando os exagerados como o El Chupacabra (Alazraqui) – um Gee Bee Modelo R – e os mais modernos de Ishanti (Chopa) e Carolina (Sangalo). Uma curiosidade: Carolina é originalmente chamada Rochelle nos EUA, e é dublada por Julia Louis-Dreyfus. O interesse romântico de El terá nomes e designs adaptados em outros onze países, incluindo Brasil, Austrália, França, Rússia e Alemanha. Isso é ótimo, mostrando o cuidado tão típico da Disney. Apesar da dublagem brasileira ser bem feita, se perde pelo menos uma piada, que é Val Kilmer dublando um F-18 Hornet, voltando ao mundo dos caças que já tinha visitado em “Top Gun – Asas Indomáveis” (Top Gun, 1986).
Apesar desses cuidados, o que se percebe é que na edição há uma linguagem televisa, mais curta. Tanto que o filme originalmente estava previsto para sair direto em home-video, e talvez fosse melhor. Esse mundo expandido com dirigíveis, carros, helicópteros é pouco cativante. Para os mais atentos, vale as homenagens, como ao universo Star Wars – a cena que acontece nos cânions onde Skipper salva Dusty é muito parecida com o ataque à Estrela da Morte de “Uma Nova Esperança” (Star Wars: A New Hope, 1977), a já citada aparição de Kilmer (se assitir ao original) e a atenção à termos técnicos nas conversas dos aviões (“copiei” e “torque” são as mais usadas). “Aviões” é visualmente bem produzido, mas peca no desinteressante roteiro. Se você levar seu filho para assistir, não vai ficar muito desapontado porque as cenas que envolvem a velocidade dos caças é suficiente para não ser maçante todo o tempo. Mas se trata de uma produção menor da Disney.
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