Protegendo o Inimigo | Crítica | Safe House, 2012, EUA

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Protegendo o Inimigo figura como mais um filme de Denzel Washington e dificilmente será lembrado quando falarem do gênero policial/ação.

Protegendo o Inimigo

Com Denzel Washington, Ryan Reynolds, Vera Farmiga e Brendan Gleeson. Roteiro de David Guggenheim. Dirigido por Daniel Espinosa.

Eu poderia resumir “Protegendo o Inimigo” com a frase clássica “been there, done that“. O filme se sustenta na atuação mister de Denzel Washington, no (pouco) carisma de Ryan Reinolds e na única cena de perseguição na Cidade do Cabo. Os problemas são comuns nesses filmes de ação. É verdade que não se pode fugir muito no gênero da reciclagem de ideias e situações que já vimos em outros filmes. Mas enquanto outras produções como a Trilogia Bourne tem um drama complexo de base, “Protegendo o Inimigo” tem um drama bem mais raso e que nem sequer criamos empatia com os personagens.

O filme começa muito bem, usando a tática da “câmera na mão” para criar um clima de tensão e em que os personagens estão sempre sendo observados à distância. E vai ser assim até o fim da projeção não dando nenhum momento para relaxarmos. Também há closes constantes de rosto nos personagens… mas são tantas vezes, que cansa. Parece que todos os personagens aumentam em importância, e com isso o diretor atira para todos os lados, nos confundindo. Apesar disso ser algo essencial num filme policial, não foi bem aplicado; tem duas cenas bem mais sutis que ajudam a desvendar quem é o traidor. Enfim, Tobin Frost (Washignton) é um ex-agente da CIA, e um homem frio (frost, “congelar” em inglês): sem pensar duas vezes, ele mata um agente da CIA com as próprias mãos e manda um homem inocente para a morte certa para poder escapar. Sempre de preto, sempre o tipo solitário ele é a experiência em pessoa. O agente Matt Weston (Reynolds) cuida de um “abrigo” da CIA, é o típico personagem que está na hora errada no lugar errado e o antagonista de Frost: mais impulsivo, tem um relacionamento e é inexperiente. Mas ele tem um senso de honra e de dever muito elevado, que o faz  ficar tão incomodado com a tortura de Frost, chegando a perguntar “isso é legal?” e proteger Frost, quando o abrigo é invadido por um grupo armado até os dentes que o quer por algum motivo. Notem que a cena da invasão parece com a invasão dos Stormtroopers no episódio IV de Star Wars. Partindo disso, temos a cena de perseguição, que é bem montada, e tem um riqueza de sons muito bem colocadas, mas ainda é um filhote da Trilogia Bourne. Não é de se espantar que Espinoza chamou o diretor de fotografia Oliver Wood, que trabalhou nos três filmes do agente desmemoriado.

A cena do estádio de futebol é interessante pela ideia que envolve a própria trama: o que está acontecendo entre Matt, Frost e seus perseguidores também é um jogo (mas o desenvolvimento foi bem melhor em “O Segredo dos seus olhos“). E partir daí o filme trava. É de se questionar da “inteligência” da agência de inteligência dos EUA e do próprio Matt que, apesar de ser citado pelos seus superiores como uma pessoa muito inteligente e bom observador, cai numa armadilha de Frost que só ele parecia que não viria. É ainda mais incrível vermos o desfecho da situação só pra perceber que Matt cometerá o mesmo erro. “Só mato profissionais”, diz Frost depois de dominar e despachar Matt.

O filme continua a usar elementos que já vimos (a cena da favela parece muito com “Call of Duty: Modern Warfare 2“) e muita pouca coisa vai chamar a atenção, como a quantidade de tiros que Frost dá em de seus perseguidores como se dissesse “isso é pessoal”. Mas tem outros pontos que achei interessantes: a visão do espectador fica mais turva e tensa quando Matt está a passo de seus limites; quando a trilha sonora silencia em uma das lutas perto do fim do filme; a necessidade de Frost de usar óculos para ler (uma brincadeira com a saudável aparência física do ator). O filme ainda segue com cenas parecidíssimas com o recém-lançado “Missão: Impossível – Protocolo Fantasma“, com Matt andando com capuz pra esconder o rosto ou a cena final do filme… Além de que é difícil de acreditar que um personagem tão seguro e tão casca-grossa quanto Frost ser pego de um jeito tão cretino. E, no fim das contas, quem era o comprador das informações? “Protegendo o Inimigo” deve figurar como mais um filme de Denzel Washington, e só. Dificilmente vejo alguém indicando esse filme quando falarem do gênero policial/ação.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".