A Visita | Crítica | The Visit (2015) EUA

0 Flares Twitter 0 Facebook 0 Filament.io 0 Flares ×

A Visita (The Visit), 2015
Com Olivia DeJonge, Ed Oxenbould, Deanna Dunagan, Peter McRobbie, Kathryn Hahn. Roteirizado e dirigido por M. Night Shyamalan (Depois da Terra).

7/10 - "tem um Tigre no cinema"M. Night Shyamalan criou uma aura em volta de si desde 1999, e é bem comum esperar sua próxima produção, uma que alcance o sucesso que foi O Sexto Sentido. Por isso que aguentamos – ou melhor, a indústria banca – filmes de gosto questionáveis um atrás do outro, com raras exceções. A Visita é uma tentativa de redenção do diretor que volta ao papel autoral, deixando de lado o cargo de adaptador e de diretor de aluguel, um renascimento no já batido mockumentary/found footage sem realmente acrescentar nada de novo. Mas, é Shyamalan de volta ao gênero de suspense que tanto gosta.

É um tipo de liberdade não cuidar da câmera – simbolicamente, pelo menos. Nas mãos de Rebecca (DeJonge) e Tyler (Oxenbould) o filme se desenvolve da maneira comentada no parágrafo inicial. Uma jovem inspirante à cineasta, representando a ressureição do verdadeiro diretor, com crianças tendo liberdade para fazer o que quiser e com todos os erros próprios do estilo, como o som de coisas raspando no microfone da câmera. É curioso notar que durante as filmagens tanto Rebecca quanto Tyler começam a questionar um ao outro sobre o pai que separou da mãe deles (Hahn) e foi viver outra vida. São tantos daddy issues parecendo que o diretor incluiu as próprias neuras no filme – apesar de, até onde pude pesquisar, Shyamalan não tem nenhum problema com seus pais.

O diretor não deixou de lado o terror na sua história, dessa vez homenageando alguns motivos clássicos que passam desde as fábulas até os grandes marcos do gênero. Shyamalan inclui elementos desde João e Maria – quando a Vovó (Dunagan) pede para que Rebecca entre no forno para limpá-lo – a casa relativamente isolada de tudo e o tema do parente possuído – encontrando ecos em qualquer filme de possessão –, aqui responsabilizada pela síndrome de sundowning. Tudo isso em contraste com a figura carinhosa dos avós. Afinal de contas, o que poderia haver de errado com um casal de idosos que riem das suas piadas e cozinham bolachas deliciosas para você?

Mas Shyamalan aparentemente enferrujou um pouco no quesito surpresa. Há algumas pistas que, logo no começo, praticamente matam a charada, tornando a narrativa um tanto óbvia. Ainda que você ache que não é tão impossível que ninguém mais interaja com os avós, desde a mãe dos dois até gente que trabalhava com eles, o diretor acaba de vez qualquer dúvida quando acontece um pequeno acidente causado pela Vovó no computador de Rebecca. Some isso às regras de não irem até o porão – vejam só, outro clássico dos filmes de terror – e a regra das 21h30, sobra espaço apenas para descobrirmos como aconteceu, ao invés do que aconteceu.

Apesar disso há uma impressão veracidade no filme. Não apenas pelo estilo documental da câmera na mão, mas também pela relação dos irmãos. Duas crianças brincando, fazendo uma série de bobagens – mais pela parte de Tyler, é verdade – e sendo curiosas parece ser verdadeiro. Eles continuam chamando o casal carinhosamente de Vovô (McRobbie) e Vovó durante toda a narrativa, e isso é bem familiar para qualquer um de nós. Assim como o nervosismo da mãe filmada por Rebecca que não esconde a preocupação de como as atitudes do passado irão afetar a relação dos filhos com seus pais e que isso, de alguma forma, sirva parta exorcizar os demônios internos.

A Visita | Pôster Brasil

Se você perguntar se esse é um recomeço de M. Night Shyamalan, a resposta será um sonoro depende. A Visita é um lampejo de criatividade do diretor, investindo novamente em um roteiro original e entrando – com bastante atraso, diga-se de passagem – no estilo mockumentary e acerta ao deixar o filme (quase) sem trilha sonora e mostrando a dispersão dos personagens. Mas o diretor tem problemas no desenvolvimento da trama, sendo o mais problemático a obviedade, algumas decisões de posicionamento da câmera, por exemplo, perto do clímax quando o Vovô se coloca convenientemente fora do ângulo da câmera sem motivo nenhum. Com mais pontos positivos que negativos, sendo um deles ser primeira vez num found footage termos a câmera com utilidade física além da narrativa, esse filme pode ser a saída de Shyamalan do mar de porcarias que o diretor trouxe nos últimos anos. O problema é que parece ter sido tarde demais.

Sinopse oficial

Dirigida por M. Night Shyamalan, de ‘O Sexto Sentido’, ‘A Visita’ conta a história de dois irmãos que passam uma semana na casa dos avós que nunca conheceram. Animada, Becca, a irmã mais velha, decide registrar toda a experiência em sua câmera a fim de fazer um documentário. Ao perceberem que os avós estão agindo da maneira estranha, as crianças tentam descobrir o que está acontecendo e são surpreendidos: é algo profundamente perturbador. Com o tempo, eles notam que suas chances de voltar para casa estão cada vez menores.”

Veja o trailer de A Visita

[críticas, comentários e voadoras no baço]
• email: [email protected]
• twitter: @tigrenocinema
• fan page facebook: http://www.facebook.com/umtigrenocinema
• grupo no facebook: https://www.facebook.com/groups/umtigrenocinema/
• Google Plus: https://www.google.com/+Umtigrenocinemacom
• Instagram: http://instagram/umtigrenocinema

http://www.patreon.com/tigrenocinema

OU

Agora, você não precisa mais de cartão internacional!

 

Volte para a HOME

 

Share this Post

About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".