Vingadores: Guerra Infinita | Crítica | Avengers: Infinity War, 2018
Vingadores: Guerra Infinita é uma homenagem a quem vem acompanhado os heróis da Marvel no cinema, adicionando toques de tragédia durante o desenvolvimento.
Depois de 10 anos, a Marvel Studios continua sabendo como fisgar seus fãs – e a prova máxima disso é cada momento de Vingadores: Guerra Infinita. Sem querer trazer novos seguidores, muito menos fazer um filme isolado, a terceira e melhor aventura do grupo é também uma homenagem a quem vem acompanhando a saga desses heróis no cinema, seja os que começaram em 2008, ou aqueles que correram para acompanhar a já grande caminhada. Depois de 18 filmes, as surpresas não são exatamente surpreendentes, mas cada passagem será vibrada, cada riso merecido e cada perda sentida. E assim como na segunda aventura do líder do grupo, o filme passa para um tom mais sério, sem deixar de lado as particularidades de cada núcleo.
Num prólogo melancólico, vindo da situação de Thor (Hemsworth), Loki (Hiddleston) e dos outros asgardianos, como visto na cena extra de Thor: Ragnarok (Taika Waititi, 2017), os irmãos Russo impõe um tom sério e maduro – claro, se tratando de um filme de super seres. Se no filme de Waikiki os compatriotas do deus do trovão eram refugiados, aqui eles se tornam alvo de Thanos (Brolin), dessa vez entrando em outro tema que é relembrado no nosso mundo. O titã não é nada menos que um genocida, e ainda que ele clame buscar o equilíbrio do universo, essa visão é distorcida, como alguém que interpreta de seu modo passagens religiosas para justificar suas intenções. Então, Thanos quer ser um deus e assim impor seus planos, que, de novo evocando o religioso – algo que seus asseclas confirmam – é uma corruptela do arrebatamento.
E pela urgência dessa nova aventura – e graças a quase duas dezenas de filmes – não precisamos de introduções. Apesar de precisarmos jogar nossa suspensão de descrença bem alto em alguns momentos. Algo mais que perdoável, vindo que temos seres cósmicos e espaciais caindo na nossa calçada (uma brincadeira bem apontada pela participação de Stan Lee). É verdade que o ritmo faz a história ser tão acelerada que parece que tudo aconteceu no período de alguns poucos dias, um mal recorrente na maioria dos filmes do estúdio (e, sejamos justos, de muitos filmes de ação).
Mas essa correria tem uma justificativa – a de tirar personagens da própria zona de conforto, principalmente a de Tony (Downey Jr), querendo ser mais o noivo de Pepper (Paltrow) do que o Homem de Ferro. O que é impossível para um herói: como grandes tragédias, é o destino que bate à porta. Aqui é literalmente, no encontro de Bruce (Rufallo) e o Doutro Estranho (Cumberbatch). Com 20 minutos já temos confrontos – curioso que o primeiro deles são entre forças brutas que, na roda de cores estão praticamente opostas – e tragédias. É hora de os heróis aparecerem, e não é menos que um batismo de fogo a decisão de Peter (Holland) acompanhar seu mentor, contrariando uma ordem direta dele.
Com muitas histórias e vários núcleos aparecendo, é bem fácil sentir os momentos de desaceleração, por ser uma mudança de tom, algo que respeita cada um dos grupos. Então, quando encontramos Peter Quill (Pratt), Gamora (Saldana) e os outros Guardiões da Galáxia, a trama ganha mais cores, quase como um interlúdio cômico, próprio desses heróis, mas que logo são tragados para Guerra Infinita – de novo, o destino batendo à porta (ou à escotilha). O que a Marvel trouxe é um evento tão grande que ninguém pode ficar de fora, pois, a aniquilação é algo bem possível nas mãos de Thanos – ou melhor dizendo, na sua manopla.
Até um interlúdio romântico, tão comum em filmes de guerra, tem seu espaço. Apenas para ser interrompido, seguindo o mesmo roteiro. Wanda (Olsen) e Visão (Bettany), querendo viver uma vida mais humana, algo possível pela Joia que a antiga inteligência artificial de Stark usa, também não tem direito a descanso. É curioso, mas cada um dos Vingadores é como soldados acordados no meio da noite, tendo que atender um chamado urgente. Essa Guerra iniciada por Thanos alcança cada um deles, em vários pontos do globo e do universo por causa da sua escala cósmica. Claro que há momentos de esperança, como a simbólica reaparição de Steve (Evans), dessa vez sem responder quando lhe chamam de Capitão, saindo das sombras para salvar o momento – mas não o dia.
Assim como a falta da estrela no peito do soldado, a esperança parece desvanecer no resto do universo, um símbolo repetido na missão de Thor – que leva de tiracolo Rocket (Cooper) e o agora adolescente Groot (Diesel) – onde outra estrela, dessa vez uma de verdade, representa a falta de luz e a chegada de uma aparentemente inevitável escuridão. Com o crescimento do poder de Thanos, representado externamente pela opção do titã de deixar sua armadura, percebemos que aquele clima sombrio colocado no prólogo exigirá muitos sacrifícios. É bom lembrar: esse não é apenas um filme de ação, mas um filme de guerra e tragédias são inerentes a esse tipo de história, exatamente para nos lembrar como elas são terríveis.
Outra analogia que podemos buscar das fronteiras militares é que, mesmo que esses heróis não sejam exatamente soldados, cada sacrifício exigirá deles o que podem dar. É como se quanto mais alta a patente, ou poder no caso, maior a perda. Nem mesmo Thanos, ainda sendo um vilão, escapa dessa sina. E ao invés de pintá-lo como uma cor, o roteiro entrega um personagem que encontra a própria amargura, com mais profundidade que a maioria dos outros vilões do Universo Cinemático Marvel, com exceção de Loki e Killmonger. A grande diferença é como eles se portam: se o titã está disposto a sacrificar outros – seus comandados ou seus escravos – os maiores heróis da Terra estão dispostos a dar a própria vida.
Sabendo como contar uma história não apenas pelas páginas do roteiro, mas também por elementos como os movimentos de câmera – notem como a presença de Thanos traz o estilo câmera na mão, enquanto nos outros ela fica mais estável – os Vingadores finalmente deixaram de ser uma vírgula nas aventuras mais interessantes dos filmes solos para serem mais relevantes. Assim como tantos outros filmes que dividem a narrativa em duas ou três partes, aqui nos achamos no pior lugar possível, depois de sermos apresentados a cenários mais brilhantes ou cômicos, a maturidade precisou aparecer para todos e não somente para o mais velho (cronologicamente falando) dos Vingadores.
Provavelmente, o mais importante para frisar em Vingadores: Guerra Infinita é que, apesar do cenário espacial e as lutas entre seres virtualmente imortais e outros capazes de moldar a realidade, esse é um filme sobre humanidade e perdas, como qualquer um de guerra. Vejam só, são as ações mais humanas de Tony, Estranho, Quill, Visão e dos outros que dão os piores resultados. Apesar de lutarem contra seres que acabariam com a existência de qualquer pessoa do nosso mundo, esses seres especiais também tem algo que nos conecta com eles, essa falibilidade tão inerente à raça humana – um elemento que deverá ser aproveitado na aventura que concluirá a fase 3 da Marvel nos cinemas, em 2019.
Mesmo que, com algumas dicas deixadas na narrativa pelos irmãos Russo, não seja tão difícil descobrir como Vingadores 4 fechará essas cortinas.
Como sempre, não saia antes do fim de tudo – dessa vez, temos apenas uma cena pós-créditos.
Elenco
Robert Downey Jr.
Chris Hemsworth
Mark Ruffalo
Chris Evans
Scarlett Johansson
Benedict Cumberbatch
Don Cheadle
Tom Holland
Chadwick Boseman
Paul Bettany
Elizabeth Olsen
Anthony Mackie
Sebastian Stan
Danai Gurira
Letitia Wright
Dave Bautista
Zoe Saldana
Josh Brolin
Chris Pratt
Tom Hiddleston
Idris Elba
Peter Dinklage
Direção
Anthony Russo
Joe Russo
(Capitão América: Guerra Civil)
Roteiro
Christopher Markus
Stephen McFeely
Baseado em
Os Vingadores (Stan Lee, Jack Kirby)
Fotografia
Trent Opaloch
Trilha Sonora
Alan Silvestri
Montagem
Jeffrey Ford
Matthew Schmidt
País
Estados Unidos
Distribuição
Walt Disney Studios
Motion Pictures
Duração
149 minutos
Cena Extra
Thanos, depos de planos frustrados, resolve pessoalmente coletar as Joias do Infinito espalhadas pelo cosmos. No seu caminho, os maiores heróis da Terra, e da Galáxia, precisaram unir forças para impedir que o titã leve em frente seu plano de aniquilar metade da vida no Universo.
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