Valerian e a Cidade dos Mil Planetas | Crítica | Valerian and the City of a Thousand Planets, 2017, França

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Valerian e a Cidade dos Mil Planetas é grandioso e extremamente bem feito, mas falta lapidação no roteiro e conta com fracas atuações.

Elenco: Dane DeHaan, Cara Delevingne, Clive Owen, Rihanna, Ethan Hawke, Herbie Hancock, Kris Wu, Rutger Hauer | Roteiro: Luc Besson | Baseado em: Valérian et Laureline (Pierre Christin, Jean-Claude Mézières) | Direção: Luc Besson (Lucy) | Duração: 137 minutos

Existe sempre um perigo em adaptar algo que é grandioso desde o seu cerne, como é o caso de Valerian e a Cidade dos Mil Planetas. Transportar das histórias em quadrinhos, uma plataforma praticamente sem limites, sem se perder no caminho não é tão incomum – e exemplos não faltam. Essa é uma obra ambiciosa de Luc Besson, que apostou alto no visual de um lugar onde podemos ver 200 espécies de alienígenas diferentes, muitas cores e culturas, e que precisava contar uma boa história, mesmo que ela seja um tanto simples. Apesar de visualmente espetacular, ainda que alguns cenários sejam familiares, a trama se alonga além do necessário, tornando a experiência cansativa durante um bom tempo.

Essa sensação de que o roteiro leva tempo demais para engatar vem, por exemplo, da utilização de dois prólogos: como a comunidade espacial Alpha foi criada e a história do planeta Mül. Vejam que numa história em quadrinhos o primeiro momento poderia estar separado ou apenas citado, e o roteiro poderia acompanhar essa ideia. Principalmente porque quando Valerian (DeHaan) e Laureline (Delevingne) chegam em Alpha eles pedem uma atualização do lugar, mas que é para nós, leigos ao lugar. Com exceção de uma informação importante sobre a economia do lugar, é muito didático e poderia ser cortado pelo bem da narrativa.

Em geral, nos levamos muitas explicações para entender melhor o mundo que a humanidade compartilha com outras raças no século XXVIII, desde a interação de um guia num lugar que podemos estar em duas dimensões ao mesmo tempo até como Valerian sabe o caminho que tem que percorrer nos labirintos que são os vários níveis de Alpha. Então, as informações são bem visuais com muita ação, cortes rápidos, cores e uma câmera que passeia loucamente entre espaços apertados, quanto expressas por diálogos. Praticamente não tempos tempo para descansar e processar as informações, o que é, normalmente, um artifício para esconder os problemas do roteiro.

Porque é, realmente, tudo muito grandioso e impossível apreciar os detalhes da primeira vez. Mas dentro dessa roupagem há desenvolvimentos bem claros e até simples – mas não simplórios. Valerian, considerando que a obra original é de 1967, é um herói tanto tradicional, passando do mulherengo para o apaixonado por Laureline. A diferença fica pela sargento não ser uma donzela em perigo, pois eles vivem se chamando de parceiros e cada um tem a sua quota de salvamentos. E que o herói-título pede a mão da companheira ainda nos primeiros minutos de projeção. O que acontece é que nas mais de duas horas acontece um amadurecimento do relacionamento dos dois, passando por diversão, decepções, desatenções e momentos doces.

A outra parte mais séria é sobre a relação da humanidade com a raça dos Pérolas. Não é à toa que esses personagens têm inspiração visual em tribos africanas e indígenas. Nesse outro lado, é uma história de responsabilidade, algo ainda muito atual. Num mundo em que discutimos se devemos compensar séculos de escravidão e destruição de culturas inteiras como sociedade, e não como indivíduos, é onde a produção se torna verdadeiramente relevante. E, como não canso de comentar, a boa ficção científica usa de metáforas para gerar uma discussão que é necessária. No caso, nos perguntarmos se realmente os problemas das minorias não é problema de ninguém.

O problema é que a história original de Valeria e Laureline é muito longa, e mesmo o filme sendo apenas um recorte do original, o roteiro precisava de mais cortes na sala de montagem, e isso pode ser percebido claramente quando o major tem que salvar a sua parceira de um descuido. Toda essa parte dura pelo menos 30 minutos, e considerando que esse é um filme de aventura, é a meia-hora menos aproveitada, onde você vai fatalmente ter vontade de checar que horas são no celular (mas não faço isso no cinema, por favor) ou parar para ir ao banheiro. Apesar da apresentação de Bublle (Rihanna) ser uma das melhores coisas da produção.

Mesmo com a roupagem mais clássica pela idade da trama – os quadrinhos completam 50 anos em 2017 – Valerian e a Cidade dos Mil Planetas entrega mensagens fortes, como a já citada compensação dos povos mais avançados, o simbolismo da princesa que faz parte da jornada de Valerian e um curto clichê do que significa o amor. Há também momentos interessantes como a tropa do Comandante (Owen) serem seres sem rosto (não-humanos) pintados de preto e sempre à espreita contra uma nação que não ataca com armas que matam. Porém é difícil de acreditar nos personagens principais que só em poucos momentos que se dão aos papéis, em atuações fracas que praticamente não nos fazem acreditar neles.

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas | Trailer

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas | Pôster

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas | Cartaz nacional

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas | Galeria

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas | Sinopse

No futuro, a comunidade Alpha abriga a raça humana e mais mil outras raças. O Major Valerian e a Sargento Laureline recebem a missão de proteger seu comandante e descobrir a origem de uma interferência que pode em poucas horas destruir a gigantesca instalação espacial. Ou assim eles acreditam.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".