Um Alguém Apaixonado | Crítica | Like Someone in Love, 2012, Japão-França

0 Flares Twitter 0 Facebook 0 Filament.io 0 Flares ×

Um Alguém Apaixonado é um filme multicultural que mostra que pessoas sofrem carências, que podem se apaixonar e buscar o amor e é assim em todo o planeta.

Com Tadashi Okuno, Rin Takanashi, Denden e Ryo Kase. Roteirizado e dirigido por Abbas Kiarostami (Cópia Fiel).

Para os ocidentais, o Japão pode parecer um país frio, e os relacionamentos acompanham essa visão estreita. Kirostami mostra que não é bem assim no seu filme multicultural “Um Alguém Apaixonado”. Em todo lugar as pessoas sofrem de carência, se apaixonam e buscam o amor. Mas também mentem para manter uma aparência e para tentarem segurar o máximo uma normalidade, e até se enganando. O filme é uma longa e às vezes incômoda reflexão sobre a solidão e o amor, ou pelo menos algo que os personagens acreditam ser.

A câmera subjetiva no início do filme mostra a visão da protagonista num bar. Akiko (Takanashi) está sozinha, observando o ambiente, acompanhada apenas por uma garrafa de vinho. Demora um pouco para notar, mas toda a subjetividade mostra que ela e uma amiga são prostitutas de luxo. O chefe de Akiko insiste que ela vá visitar um cliente “muito importante”, e que vá ainda naquela noite visitá-lo. Ela dá inúmeras desculpas, tentando até usar a questão de que a avó está na cidade para vê-la, mas cede à pressão. Kirostami faz esse primeiro ato um filme noturno, com cenas longas e contemplativas, que irão acompanhar toda a produção. O cliente de Akiko é um senhor idoso, o professor Takashi (Okuno). É interessante a visão de importância que é dada a esse senhor, e representa o respeito que os docentes têm no país. O velho senhor e a jovem tem uma conversa bem longa sobre arte e outras coisas da vida, e que lembra ligeiramente uma cena em “Uma Linda Mulher” (Pretty Woman, 1990). Takashi prepara um clima todo especial, com velas, músicas e até um cardápio baseado na região onde Akiko nasceu, o que mostra uma personalidade um tanto stalker do professor. Diferente da rua e do bar, a casa da Takashi tem uma fotografia bem mais aconchegante, auxiliado também pela música ambiente. Aliás, todas as músicas são só incidentais, não existe uma trilha propriamente dita, o que aumenta o clima de realidade do filme. A cena mais interessante do primeiro é ato é quando Akiko se deita na cama de Takashi. Ela começa com elementos eróticos, jogando as roupas de um lado para o outro do quarto enquanto o professor assiste, mas ela vira uma comédia enquanto ele insiste que eles tomem um vinho para relaxar e ela só quer saber de dormir. Akiko é mostrada só no reflexo da tela de TV de LED/LCD, que refletem com desfoque. É uma bela representação da visão já prejudicada de Takashi.

No dia seguinte, Takashi leva Akiko até a faculdade e diz que vai esperá-la, já que ele não tem nada demais para fazer mesmo. O professor vê a jovem discutindo com um homem, que logo depois se apresenta com o noivo Noriaki (Kase). Num impulso, ele começa a conversar com o professor, transformando-o em um confessor. Diálogos insólitos seguem a projeção, enquanto Takashi tenta esconder de Noriaki a verdadeira profissão de Akiko, ao mesmo tempo em que dá pequenos toques para que o noivo caia na real e de que ele não é avô de dela coisa nenhuma, em especial quando ele diz “eu me sinto tanto avó dela quanto sou de você”.

“Um alguém apaixonado” pode incomodar pela montagem, que usa vários planos-sequências. Apesar de parecer um jeito datado de se filmar, a contemplação é proposital, pois o incômodo dos personagens se reflete nessa inquietação que sentimos com a decisão do diretor usar poucos cortes. O filme também acerta com doses de comédia, e com a decisão de usar apenas sons diegéticos para criar o ambiente sonoro. Vejo de mal apenas a consequência que liga os personagens da avó de Akiko e de seu noivo, algo bem difícil de acreditar que possa acontecer numa cidade tão populosa como Tóquio. Mas isso não faz cair a qualidade do filme, que vale principalmente por criar algumas risadas sem forçar, e fazer uma reflexão sobre o que é (ou não) amor e a solidão.

[críticas, comentários e voadoras no baço]
• email: [email protected]
• twitter: @tigrenocinema
• fan page facebook: http://www.facebook.com/umtigrenocinema
• grupo no facebook: https://www.facebook.com/groups/umtigrenocinema/
• Google Plus: https://www.google.com/+Umtigrenocinemacom
• Instagram: http://instagram/umtigrenocinema

http://www.patreon.com/tigrenocinema

OU

Agora, você não precisa mais de cartão internacional!

 

Volte para a HOME

 

Share this Post

About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".