Super 8 | Crítica | Super 8, 2011, EUA

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Entre a diversão e o pueril, Super 8 é nostálgico e cheio de homenagens aos clássicos dos anos 1980 e uma ode à essa infância.

Super 8

Com Joel Courtney, Elle Fanning, Kyle Chandler, Ron Eldard e Riley Griffiths. Escrito e Dirigido por J.J. Abrams (Star Trek).

Certos filmes mexem conosco pela nostalgia. Super 8 é um dos filmes mais divertidos e pueris do ano. Os pais deveriam levar os filhos para ver filmes assim. E não como eu fiz, obrigando meu pai a ver tantos enlatados da Xuxa. Hoje, me arrependo muito. Mas J.J. Abrams nos deu uma visão da sua infância, que também remeteu à minha, homenageando “Os Goonies”, “ET”, e “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”.

Ao invés de usar os primeiros minutos para criar uma reviravolta aos poucos, o cenário já nos apresenta uma cena triste, e sentimos o isolamento de Joe Lamb (Courtney), sozinho num balanço, no meio da imensidão branca, aumentada por um plano aberto. Além disso, seu pai Jack (Chandler) é distante. Nunca foi um pai presente, e ainda quer mandar o filho para um campo de férias, para dar um “tempo” aos dois. Mas Joe é muito diferente daquelas crianças no folheto. Essa situação que o pai impõe, por ser além da figura paterna ser um policial, faz com que Joe se envolva mais ainda no projeto do amigo Charles (Griffiths): um flme de zumbis. Essa metalinguagem, um filme dentro do filme, faz ganhar a audiência.

Joe e seus amigos resolvem filmar a ideia de Charles e entra a personagem Alice (Elle). E diferente de seus pais, que se odeiam por razões mostradas ao longo do filme, os dois se envolvem não ligando pela tragédia. A partir daí é possível entender o motivo do começo melancólico, pois se o filme contasse uma história toda, cheia de flashbacks, o ritmo iria demorar, teria pelo menos mais “meio ato” e cansaria o espectador. Mas a cena que envolve o fantástico acidente de trem, que dura aproximadamente dois minutos e que você deveria ter visto no cinema, nos joga na fase aventureira do filme. Até a parte seguinte quando eles encontram o professor no meio do acidente é como se tivessem recebido uma missão, vinda de alguém mais experiente. Quase um jogo de tabuleiro ou um RPG.

Ao longo da projeção, percebemos que pai e filho não são tão diferentes. Tanto Jack quanto Joe tem um instinto investigativo. Os dois fazem perguntas demais e se jogam com coragem quando acreditam que é a coisa certa a se fazer, e tomam as rédeas da situação ao mesmo tempo, mas em lugares diferentes. A história continua num misto de dois universos diferentes. Um de adultos responsáveis e outro desses jovens, amigos e até com um romance pueril entre Joe e Alice. Note que ele se apaixona por todos os aspectos dela: o jeito da atuação, a coragem de dirigir o carro do pai e o jeito que Joe tenta esconder a bagunça que é o quarto dele quando Alice o visita. Ele quer ser perfeito.

O filme tem certos preciosismos e cuidados que me chamaram muito a atenção e que me fizeram gostar mais ainda. JJ Abrams colocou sua própria experiência de vida no f ilme, tentando passar como era fazer filmes naquele estilo, e adicionando as histórias que fizeram ser o diretor que é hoje. Os jogos de câmera passam por momentos diversos: intensos como as explosões durante o 4º ato;  a conversa boba dos amigos logo depois do extraordinário evento, como se o que aconteceu não fosse grande coisa; momentos mais doces, quando Joe e Allice estão conversando e a luz do Super 8 ilumina a cena e a mãe de Joe é apresentada para nós e para Allice, algo até metáfisico; a posição que a câmera fica na primeira investigação; o “universo” JJ Abrams, com o Slusho; a paranoia, ainda presente no fim dos anos 1970; a diferença da luz da casa dos pais de Joe e Alice; a peça que atravessa o quarto de Joe, batendo contra uma Tie Fighter e furando o poster do ônibus espacial; a frase da TV que remete a Joe e Allie, quando ele procura por ela… E a melhor cena pós-créditos dos útimos anos, batendo qualquer filme da Marvel.

Além disso, o conceito da própria câmera Super 8 que continua filmando é digno de nota. A câmera são os olhos do espectador. E como nós, sempre perdemos alguma coisa, mas depois conseguimos, ou pelo menos tentamos captar essa perda.  Falando em olhos, e um spoiler aqui, é interessante ver que o olhos do visitante são cobertos. Ele estava tão cego de fome e de raiva com a nossa raça que tinha essa película que fazia essa relação com o que estava sentido. Depois do contato com Joe, ele vê com mais clareza e mostra seus verdadeiros olhos quase humanos e, de acordo com JJ Abrams, lembram os olhos da mãe de Joe. É um pouco exagerado humanizar o visitante, mas valeu pela analogia utilizada.

Apesar da na evolução da relação de Jack e o pai de Alice, parecendo que vai de um ponto A ao D, sem passar por B e C, e mostrando mais do que deveria do visitante, no meu ponto de vista, mas com a fantástica trilha de  Michael Giacchino, e as homenagens que o filme presta, “Super 8” consegue ser umas das melhores produções do ano.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".