Red 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos | Crítica | Red 2, 2013

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Red 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos é um dos bons exemplos de filmes que deixam de lado o medo de parecerem galhofas ou exagerados, apostando em muita ação. Leia a crítica!

"Red 2", 2013

Com Bruce Willis, John Malkovich, Mary-Louise Parker, Catherine Zeta-Jones, Lee Byung-hun, Anthony Hopkins, Helen Mirren. Roteirizado por Jon Hoeber e Erich Hoeber, baseado nos quadrinhos de Warren Ellis e Cully Hamner. Dirigido por Dean Parisot (Galaxy Quest).

6/10 - "tem um Tigre no cinema"Existem vários filmes que deixam de lado o medo de parecerem galhofas ou exagerados, apostando na ação e na diversão. Muitos falham, mas Red 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos é um dos bons exemplos. Apesar de altamente previsível, o trio principal é tão carismático e funciona bem junto, que as explosões e cenas de ação são uma extensão dessa relação, além de ser muito divertido e espirituoso. Falta um pouco de tato ao diretor, que obviamente não consegue sair do modo rápido de filmar. O roteiro tem furos e os personagens secundários não tem carisma, e pelo menos um deles é dispensável. Dentro da proposta, é um filme que funciona, mesmo que seja apenas pelos aposentados e suas missões estapafúrdias.

Frank (Willis) está tentando levar uma vida tranquila com Sarah (Parker). Ela está inquieta, e ele parece ter se acostumado à vida do subúrbio – fazendo apenas compras para casa – mas por causa de sua vida pregressa, o ex-agente não se pode dar ao luxo de sair para jantar. Marvin (Malkovitch) tenta tirá-lo desse ostracismo, dizendo que “eles estão vindo”, mas parece tudo loucura do moldaviano e suas doses excessivas de LSD. Mas Marvin é atacado, Frank é preso pelo FBI por causa de uma operação escusa nos anos 1970 – a infiltração de uma arma nuclear pedaço por pedaço em solo russo – e sofre uma tentativa de assassinato pelo agente Jack Horton (McDonough). Para descobrir o que está acontecendo e para proteger Sarah, ele relutantemente volta à ação, mesmo tendo várias agências do mundo caçando sua cabeça.

Uma das coisas mais engraçadas na continuação, que também já estava presente no original, é a inversão de valores. É impagável quando Marvin tenta convencer Frank a voltar à ação dizendo que ele não mata ninguém há meses – o que para gente normal é uma boa coisa – e quando finge a própria morte, o que é uma piada de mau-gosto. Victoria (Mirren) também entra nesse espírito. Quando a inglesa liga para o amigo dizendo que a MI-6 a contratou para matá-lo na maior naturalidade, ela está se livrando de três corpos de alguns desconhecidos que tentaram acabar com a vida dela. São piadas visuais de coisas terríveis, mas normais para eles. Marvin é o mais inconsequente dos três, já que faz questão de trazer Sarah para a ação, por mais que Frank peça para que ele não o faça. Sarah, com seu jeito espontâneo, é tratada por Marvin como uma neta: ele a mima dando informações, armas e principalmente contrariando Frank e seu jeito controlador.

Temos que dar o braço a torcer para as ligeiras congruências da aventura. São poucas, mas existem. Han Jo-Bae (Byung-hun) é um assassino contratado para dar cabo de Frank. O oriental é um agente mais jovem, com mais recursos, e extremamente possessivo. Frank sabe disseo, e na sua experiência evita o conflito físico o máximo possível. Eventualmente isso é impossível, e a luta dos dois acaba de um jeito crível, já que seria improvável o quase sexagenário vencer na porrada um artista marcial quase vinte anos mais novo, que, diferente de todos os agentes secundários e panacas que tentam vencer Frank, Marvin e Victoria, conhece e não subestima o antigo rival. Também faz muito sentido que o artefato que procuram estar escondido no Kremlin. Quem iria procurar um objeto tão devastador embaixo do próprio nariz?

Por outro lado, existem momentos de descrença. Katja (Zeta-Jones) é uma personagem desnecessária e rotulada como a kryptonita de Frank – e é legal a referência mundo da DC Comics, dona da história original – mas mesmo assim, ele é enganado facilmente por ela. É uma daquelas cenas tão óbvias que o espectador vê chegando de muito longe. E quando o Dr Edward Bailey aparece encarnado por um ator de peso como Anthony Hopkins, não dá pra disfarçar com a sua pretensa loucura que o roteiro preparou alguma coisa grande pra ele. Existem outras duas situações que são no melhor estilo “pegadinha do Malandro”, que não é possível acreditar que todo mundo caiu. Além disso, é conveniente demais que Frank não questione como Marvin fingiu a própria morte. Essa seria a primeira pergunta que qualquer um faria depois de ver um amigo num caixão e depois vê-lo ajudando na fuga. Também é conveniência demais quando Victoria e Han estão em perseguição falarem com Frank que eles precisamos de olhos, e acham um helicóptero pousado na embaixada do Irã.

O diretor Dean Parisot se sai bem nas cenas de ação, mas nem tanto nas mais dramáticas. Sim, apesar de ser um filme de ação, o roteiro faz que Sarah cresca como personagem, deixando de ser uma espectadora que vibra por estar no meio da ação, para entrar propriamente nela. Mas as cenas que deveriam ser mais tocantes, por exemplo quando Frank dá para a namorada de presente uma arma com acabamento em madrepérola, o diretor não consegue nem naquele momento criar um ambiente mais romântico, investindo quase no mesmo número de cortes das sequencias de ação. Ele também aposta num motion graphic, inspirado nos quadrinhos, mostrando o deslocamento entre um país e outro na história. Apesar de interessante no começo, eventualmente cansa quando o nome do país é repetido na tela.

"Red 2" - poster brasileiro

“Red 2 – Aposentados e Ainda Mais Perigosos” segue um linha interessante de diversão, apesar de previsível. Problemas de montagem prejudicam o filme: o fim do segundo arco é muito rápido e confuso, e dá a impressão que eles tiveram que apressar as coisas para que a produção não passasse dos 120 minutos. Mas tem seus momentos, principalmente no modo psicopata e desconfiado de Marvin, as cenas de perseguição, Victoria como uma mulher forte – e sexy, apesar da idade – e o jeito como os três estão agindo com muita liga na tela. É uma ação descompromissada e rende boas risadas. E não mais do que isso, o que não é necessariamente ruim.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".