Operação Sombra: Jack Ryan | Crítica | Jack Ryan: Shadow Recruit, 2014, EUA

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Operação Sombra: Jack Ryan moderniza o personagem de Tom Clancy para um público que hoje é mais ávido por pancadas e tiros, mas ainda mantém a essência do analista.

Jack Ryan: Shadow Recruit

Com Chris Pine, Kevin Costner, Kenneth Branagh e Keira Knightley. Roteirizado por Adam Cozad e David Koepp (Homens de Preto 3), baseados na obra de Tom Clancy. Dirigido por Kenneth Branagh (Thor).

7/10 - "tem um Tigre no cinema"Jack Ryan chega à sua quarta encarnação no cinema rodeado por uma nuvem de dúvidas. O personagem criado por Tom Clancy fez sua carreira como um analista, e suas ações raramente chegavam às vias de fato. Nessa produção, o diretor Kenneth Branagh mantém um pouco dessa característica, e moderniza a história de Ryan ao inserir mais ação para um público ávido por ela. Não é uma total distorção da espírito original dos livros, e também não é um filme de ação com alguma novidade. Faz bem o serviço, mas há a sensação de que poderia ter sido mais.

Jack Ryan (Pine) era estudante em Londres quando decidiu ser Fuzileiro dos EUA por causa dos eventos de 11 de setembro. Depois de ser abatido em um helicóptero no Afeganistão, ele passa por uma longa reabilitação sob a supervisão da Dra Cathy Muller (Knightley). O soldado chama a atenção do Agente da CIA Thomas Harper (Costner), não pelo que fez na guerra contra o terror, mas por seu trabalho de doutorado. Anos depois, trabalhando como analista para a CIA, ele é enviado à Rússia para investigar os negócios de Viktor Cherevin (Branagh) que, junto de políticos russos, pretende se vingar dos EUA.

A modernização do personagem faz sentido, e o roteiro de Cozad e Koepp usam dois elementos para manter a relação com os saudosistas. Primeiro, o acidente de helicóptero de Ryan  – citado nos livros – e o inimigo russo, esse também modernizado para o cenário da economia. Mas é compreensível, ao assistir ao trailer, o receio de quem está acostumado com o personagem mais pensante. É importante frisar que o trailer foi feito para vender a história para uma audiência mais jovem, e esses sim ficarão frustradas com o ritmo desacelerado que o filme ganha no começo do segundo arco. A tentativa de assassinato a Ryan é dotada de uma certa violência, e como o protagonista escapa dela é justificada por sua passagem no Afeganistão. O roteiro amarra bem esses dois pontos relativamente distantes no filme. E apesar de Ryan receber uma arma de Harper, ele não a dispara uma única vez durante o restante da história, o que agradará os fãs clássicos e poderá decepcionar quem esperava ver alguma coisa parecida com Jason Bourne.

Então, existe um belo trabalho de investigação de Jack antes das perseguições esperadas  e necessárias. O roteiro passeia por técnicas de contraespionagem e paralelos com geopolítica e terapia de casal, o que traz um pouco de leveza a um roteiro denso. Não quero dizer profundo, mas as tramoias políticas e as ordens que Ryan começa a dar e receber via computador não é o que os fãs de ação estão acostumados. Porém, há um ritmo interessante, mas que poderia ser mais equilibrado entre esses momentos de investigação e os outros. Ao inserir algumas passagens de Ópera, Branagh cria um paralelo na iminente tragédia da ação terrorista e, porque não, com o próprio desespero que Cathy passa nas mãos de Cherevin. Interessante que para manter o ritmo, o diretor investe num desencadeamento de ações praticamente contínuo, usando do artifício do flashback apenas em um momento, ao mostrar um momento íntimo de Ryan e Cathy.

Branagh tem outros bons momentos na produção, como mostrar sutilmente a indecisão da personagem Cathy ao não decidir que cor pintar as paredes do apartamento, e ao usar de sua beleza incomum, que condiz com a realidade; também o visual cansado de Harper; e o fato de não misturarem línguas, inclusive ao usar o russo durante vários minutos de projeção. Se existe algum defeito na mise-en-scène é a idade de Ryan. Apesar de se passarem dez anos entre um momento e outro, o personagem parece não envelhecer, mesmo considerando o estressante trabalho que ele tem.

Operação Sombra: Jack Ryan | Poster nacional

“Operação Sombra: Jack Ryan” não apresenta nada de novo no cinema de ação. Mas os personagens estão bem dirigidos e são muito humanos, sendo ou despojados, ou cansados ou apenas normais, o que os aproxima do público, mesmo que alguns se sintam enganados pela proposta inicial desse filme que é, no seu cerne, uma homenagem a Tom Clancy.

Veja abaixo o trailer de Operação Sombra: Jack Ryan

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".