O Último Exorcismo – Parte 2 | Crítica | The Last Exorcism – Part II, 2013, EUA

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O Último Exorcismo – Parte 2 é outra triste tentativa de fazer terror que não aterroriza, além de ter um título bem cretino.

"The Last Exorcism Part II", 2013

Com Ashley Bell, Julia Garner, Spencer Treat Clark, Muse Watson e Louis Herthum. Roteirizado por Damien Chazelle e Ed Gass-Donnelly. Dirigido por Ed Gass-Donnelly.

4/10 - "tem um Tigre no cinema"

É preocupante quando podemos definir um filme em poucas palavras. No caso de “O Último Exorcismo – Parte 2” uma só é necessária: tristeza. A maioria dos aspectos do filme são tristes: roteiro, fotografia, atuações, além do fato do título ser bem cretino, considerando que o personagem do último exorcismo referido no filme não faz mais parte da trama. Mesmo tentando ser corajosos ao mudar do estilo mockumentary do anterior para o estilo tradicional, a verdade é que Donnely e Chazelle enterraram o bom desenvolvimento do anterior.

Mostrando um curto anteriormente em para relembrar o filme de 2010, Nell (Bell) é encontrada em estado catatônico. Depois de despertar e ser acolhida numa casa para garotas administrada por Frank (Watson), ela se convence de que tudo que passou foi uma invenção feita por algum tipo de culto, e que não existem demônios nem exorcismos. Mas logo vultos e corpos se contorcendo aparecem para atormentar Nell e para mostrar que o apaixonado demônio Abalam continua, pelo menos em parte, dentro da garota.

"O Último Exorcismo - Parte 2" Nell

É compreensível que o diretor tenha escolhido não fazer a sequencia no estilo found footage. O estilo está exaurido, e o fez também para evitar comparações com seu predecessor. Então a câmera mais estável consegue focar os detalhes de Nell que a fazem ser uma garota amedrontada, pálida nas feições e no figurino, frágil como se fosse feita de porcelana. O máximo que a garota ousa é usar um batom vermelho – uma cena bem montada, que vai fazer pensar em outra coisa – e se envolver timidamente com um rapaz que conhece no trabalho. A história se passa em Nova Orleans, um lugar conhecido, entre outras coisas, pela mistura de crenças. Passeiam pela tela então símbolos cristãos, do vodu, e os demoníacos, é claro, representados por três seres mascarado. Até esse momento é criada uma atmosfera onde o diretor tenta criar uma dúvida sobre se o que acontece é paranoia ou é o sobrenatural que comanda as rédeas.

Não que quando as portas escancaram para a confirmação do que aconteceu no filme de 2010 é obra de uma entidade demoníaca as coisas piorem. É bem desenvolvida a influência que o demônio tem em Nell. Então, a garota se relaciona durante o sono com a própria mão – um bocado de “Uma Noite Alucinante 2” (Evil Dead 2, 1987) aqui, mas pedir originalidade é impossível – que é a parte que Abalam consegue controlar, e a faz dançar e levitar. Apesar do termo amor não ser relacionado com demônios, é interessante ver que as possessões de Nell são mais tranquilas. Ela levita tranquilamente e é colocada de novo na cama com a mesma suavidade. Atitude diferente que o demônio tem com todos os que resolvem cruzar o caminho para que a sua amada e ele se reúnam.

"O Último Exorcismo - Parte 2" Nell e Abalam

E é triste que essa preparação toda se perca na continuidade da história, que coloca elementos que são descartados quase imediatamente na narrativa. Por exemplo, uma das garotas sofre de uma rápida possessão, que todos consideram ser uma convulsão, e depois o fato é esquecido. Um pouco mais tarde, Nell nota um símbolo desenhado na casa onde mora e depois, quando ela recebe ajuda da enfermeira que ela conheceu no começo do filme, o mesmo símbolo aparece na parede da casa dela. Mas, por algum motivo, Nell se esquece de citar que a marca não impediu que o demônio a possuísse – em mais de um sentindo – ou as outras garotas.

"O Último Exorcismo - Parte 2"

"O Último Exorcismo - Parte 2" - Poster brasileiro

Para ganhar um censura menor, e consequentemente ganhar mais público, a violência é amenizada. Apesar de ser um filme horror e terror, o sangue é usado de um jeito bem discreto, encoberto em sombras e atrás de vidros, pecando pelo pouco, diferente do remake de “A Morte do Demônio” (Evil Dead, 2013), que o fez pelo exagero. Além disso, o filme tem um problema enorme de ritmo. Basicamente, ele não acontece. Quando temos a impressão de que a história vai pra frente, não acontece nada. É extremamente frustrante, e o curto filme de 80 minutos se arrasta por praticamente 75, quando apenas na sua conclusão finalmente acontece alguma coisa. Mas sobra pouco tempo para tocar o terror nos incautos que cruzam o caminho do demônio e na audiência. “O Último Exorcismo – Parte 2” é um filme sem razão de ser. Os poucos bons momentos da produção não salvam, não assustam e não divertem. Infelizmente, é o retrato atual do cinema de horror, que tem decepcionado cada vez mais seus fãs.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".