O Lado Bom da Vida | Crítica | Silver Linings Playbook, 2012, EUA

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O Lado Bom da Vida foges do tratamento clichê da relação entre amor e da paixão como loucura, mas existem outros esteriótipos na trama.

"Silver Linings Playbook", 2012Com Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Jacki Weaver, Chris Tucker e Anupam Kher. Baseado no romance de Matthew Quick. Roteirizado e dirigido por David O Russell (O Vencedor).

7,5 - "tem um Tigre no cinema"O Lado Bom da Vida seria um filme fraco se apenas tratasse do amor e da paixão como loucura. Apesar de a devoção do personagem principal pela esposa, o filme tenta mostrar um pouco de como pode ser a convivência com alguém que tenha transtorno bipolar. Mesmo se aprofundando mais na romance do que no distúrbio, que seria uma opção dramaticamente interessante, o filme não é uma perda de tempo e assume seu papel de romance de um modo correto. Nesse ponto de vista, é uma história que começa de um jeito não usual, para terminar do jeito esperado. Mas o diretor consegue criar grande empatia com os personagens que nos faz querer esse final, por mais piegas que seja.

Patrizio “Pat Jr” Solitano (Cooper) está numa clínica de recuperação, sem sabermos o por quê por uma boa parte da projeção. Enquanto vamos supondo os motivos, descobrimos que o distúrbio de Pat o faz ser errático e instável, bem representado pelas filmagens iniciais de câmera na mão. Esse episódio acontece por causa de um briga ocasionada porque a esposa o traiu (aliás, em nenhum momento os personagens a condenam por causa disso). Depois de liberado, Pat vai tentando se estabelecer ao lado do pai Pat Sr (De Niro), outro portador de transtorno diferente, e da mãe Dolores (Weaver) enquanto tenta recuperar o amor da esposa Nikki que, numa decisão acertada do diretor, só será apresentada aos espectadores no fim da projeção. Nesse universo onde é difícil dizer quem é mais problemático, Pat conhece Tiffany (Lawrence), que foi apresentada por um casal de amigos em comum. Os dois parecem que serão grandes antagonistas, pois ele rechaça qualquer possibilidade de aproximação, apesar de Tiffany praticamente se jogar nos braços dele, já que imagina que a esposa poderia considerar traição o simples fato, e também pela moça não ter a melhor fama na vizinhança depois que o marido faleceu.

A tensão dos primeiros minutos só é quebrada quando Pat assume para si mesmo que é portador de bipolaridade. A partir desse momento a filmagem fica mais estável, ainda bem. Isso não quer dizer que Pat também esteja. Nos seus episódios, ele joga livros pela janela, usa um saco de lixo para treinar corrida, briga com os pais porque ele acha que eles sumiram com o vídeo de casamento deles e decide não tomar os remédios, um dos requisitos para que ele não volte para a instituição em que estava.

A relação entre Tiffany e Pat pode ser descrita como nada usual. Ela está claramente apaixonada, enquanto ele vive num mundo de quase ilusão. No seu mundo perfeito, ele tem convicção de que vai voltar com Nikki. Ela se expõe, sentimental e fisicamente, mas recebe quase desprezo de Pat que, mesmo com ela se abrindo com seus problemas, apenas ouve e se distancia querendo dizer que ela que é a maluca da relação. É verdade que os dois têm certos opostos. Pat chega a ter uma alegria contagiante, que vem da repetição de um carma, que parecem ideias tiradas de um livro de autoajuda genérico, enquanto Tiffany é deprimida, e não consegue ver o lado bom da vida. Não que um seja mais feliz que o outro, porque Pat se refugia num cenário perfeito, onde ele vai conseguir a mulher de volta. E ninguém nesse filme é muito saudável, o que vai protagonizar momentos engraçados envolvendo a família Solitano e seus amigos em volta.

Para seu ponto de virada, a história toma um rumo comum, com Tiffany forçando uma aproximação com um concurso de dança (o concurso em si não é tão comum, mas uma desculpa para que os dois fiquem mais tempo juntos, sim). Se Pat concordar, ela ajudará o nosso heroi a reconquistar a ex. É de espantar que ela aceite estar perto dele, já que ele mais de uma vez aponta o dedo para o passado promíscuo da jovem, que é uma atitude que seria repreensível para qualquer outra pessoa, apesar disso ser uma defesa com os próprios sentimentos.

O Lado Bom da Vida - poster brasileiro

“O Lado Bom da Vida” começa com uma proposta original, mas despenca para clichês românticos no desfecho. Entramos aqui em uma velha questão que os problemas não são esses clichês, mas sim a construção deles. A impressão é que o diretor/roteirista não soube como fechar a história sem arriscar, então ele aposta em músicas que reforçam um clima romântico, cartas não lidas e momentos que poderiam ser evitados se as pessoas simplesmente falassem o que sentem. Por outro lado existem sinais mais sutis que deixam a trama mais interessante, como o ferimento no nariz de Pat que não sabemos como ocorreu, ou quando Tiffany e ele se encontram pela primeira vez e discutem em frente a uma foto ampliada de um casal que aparenta felicidade são pequenas poesias visuais que funcionam. Não será facilmente esquecida porque tem personagens cativantes, mas faltou um pouco para essa ser uma história para ser lembrada por mais tempo.

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“O Lado Bom da Vida” concorre ao Oscar 2013 nas categorias Melhor Filme, Melhor Diretor (David O Russell), Melhor Ator (Bradley Cooper), Melhor Atriz (Jennifer Lawrence), Melhor Ator Coadjuvante (Robert De Niro), Melhor Atriz Coadjuvante (Jacki Weaver), Melhor Roteiro Adaptado (David O Russel) e Melhor Edição (Jay Cassidy and Crispin Struthers).

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".