A Lenda de Tarzan | Crítica | The Legend of Tarzan (2016) EUA

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A Lenda de Tarzan vem para modernizar o clássico da literatura, numa história sem ritmo e desinteressante.

A Lenda de Tarzan (2016)

Com Alexander Skarsgård, Samuel L. Jackson, Margot Robbie, Djimon Hounsou, Jim Broadbent, Christoph Waltz. Roteirizado por Adam Cozad, Craig Brewer, baseado na obra de Edgar Rice Burroughs. Dirigido por David Yates (Harry Potter e as Relíquias da Morte).

5/10 - "tem um Tigre no cinema"Depois de encarnações dramáticas e infantis, o personagem mais conhecido de Edgar Rice Burroughs – maior que o próprio autor – volta em A Lenda de Tarzan, modernizando o personagem título. É um termo terrível que, basicamente, diz ser uma produção com mais tiros e socos do que os anteriores. Talvez a nossa sociedade não quisesse ouvir um grito homem-macaco no cinema, nem algo tão denso quanto à produção de 1984. Então, o filme vai pelo caminho mais fácil, com personagens estereotipados, sem tons de cinza, sempre nos extremos da bondade ou maldade. Ainda que tenha uma história interessante, mesmo que simples, há decisões questionáveis na direção, o que prejudica o ritmo e a diversão.

Um ponto positivo é que Adam Cozad e Craig Brewer partem para uma nova história – pelo menos no cinema, pois desconheço a vasta obra de Burrougs – e não transformam a produção em um Tarzan Begins. A vida John/Tarzan (Skarsgård) está civilizada, com direito à piada com a aristocracia quando o agora Lorde de Greystoke bebe chá em frente a alguns bajuladores. Nós notamos, porém, uma frieza na fotografia presente em toda Londres, que se repete durante a narrativa quando ele ou Jane (Robbie) se encontram em situações desconfortáveis. Esse cinza se opõe ao dourado que vemos no retorno do protagonista ao Congo, lugar onde passou a maior parte da vida.

É uma pena que a direção de arte e David Yates explorem pouco a beleza desse lugar que, para muitos de nós, pode ser considerado exótico. A câmera é muito fechada nos personagens, querendo mostrar suas ações, mas esquecendo do ambiente que é tão importante para o casal. E o pior é que a história deixa de lado o cenário para focar nos personagens principais, mas falham em muitos aspectos. George Washington Williams (Jackson) encarna o negro do alívio cômico, John é tão forçadamente tirado de seu passado feral que tem o peito depilado – convenhamos, não era o padrão do aristocrata inglês, tampouco de um jovem que cresceu na selva – e Jane entra em contradição quando diz que não irá gritar como uma donzela em perigo, mas que o faz mesmo assim.

A fotografia cinzenta, quase urbana, é uma tentativa de tornar a história um pouco mais próxima da realidade. Isso falha no visual de John sem camisa, mas funciona quando ele tem que enfrentar o irmão de criação, o gorila Akut. Mais uma vez, Yates e a dupla de roteiristas não caem em tentação e não extrapolam o combate dos dois, pois sabemos que é impossível um ser com uma força descomunal ser derrotado por um humano, mesmo um criado por eles. Outro elemento é o uso de línguas africanas nas conversas de Jane, John e o povo que se relacionaram no passado.

Outro grande problema é a presença de Christoph Waltz no automático, sendo Christoph Waltz, no papel de Leon Rom. O ator encarnou um personagem fantástico em Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds, 2009, Dir Quentin Tarantino), e agora meio mundo quer o seu próprio Hans Lada. Então seus atos, falas e até a linguagem corporal são previsíveis. É a proposta do filme refletida dentro da escolha do elenco: quanto mais genérico e estereotipado, mais o diretor puxa as características exageradas de Waltz, Jackson e Robbie. Pelo menos há uma construção que funciona quando Rom é apresentado, vestido de branco e usando um instrumento de fé para matar, numa contradição que lembra a posição da igreja católica por muito tempo em relação à escravidão africana.

Além disso, Yates não parece estar gostando de estar na direção – uma correria, talvez, pelo outro filme que ele dirige esse ano? – e isso se reflete na montagem e na construção de flashbacks. Em primeiro lugar, quando volta no tempo mostrando o passado de John, tira o dinamismo das cenas. Tecnicamente é muito pobre, porque cada virada ao passado é acompanhada de um gesto e por um som que lembra muito os flashbacks da série Lost. Depois, há momentos que travam a história quando precisam acelerar, como a intermissão com os elefantes: ela não serve para absolutamente nada, além de mostrar um animal no Congo que ainda não havia aparecido na tela.

A produção sofre de outro mal que são os efeitos especiais. É uma sequencia de tanto CGI, seja nas florestas ou na interação com os animais que fica a impressão de ter alguma coisa errada, como se o nosso cérebro não processasse tanta informação. É isso também aparece no estilo videogame dos cenários, numa bizarrice da floresta ficar fechada e subitamente abrir para eles passarem, até George ficar repetindo o nome de cada arma que ele encontra no caminho.

Mesmo que A Lenda de Tarzan não entregue nada além que foi prometido, e que no final da sessão não permaneça aquela sensação de ser algo terrível, está bem longe de ser algo bom. Falta empatia com os personagens e qualidade na direção de Yates – a cena que a câmera faz um travelling circular quando John está bolando seu plano é esteticamente terrível além de ser irritante. Há poucos momentos empolgantes, encontrando seu nicho. Mas falta criatividade, cuidado com a direção de arte e um roteiro mais empolgante. É verdade que a direção sofre por causa do roteiro raso, mas Yates consegue ser pior com sua câmera que não mostra nada do que uma história que conta pouco.

A Lenda de Tarzan | Trailer

A Lenda de Tarzan | Galeria

A Lenda de Tarzan | Pôster brasileiro

A Lenda de Tarzan | Galeria

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A Lenda de Tarzan | Galeria

A Lenda de Tarzan | Galeria

A Lenda de Tarzan | Galeria

A Lenda de Tarzan | Galeria

A Lenda de Tarzan | Sinopse
Passaram-se anos desde que o homem conhecido como Tarzan (Skarsgård) deixou as selvas da África para trás para levar uma vida burguesa como John Clayton, Lorde Greystoke, com sua amada esposa, Jane (Robbie) ao seu lado. Agora, ele é convidado a voltar ao Congo para servir como um adido comercial do Parlamento, sem saber que na verdade ele é uma peça usada em uma ação de ganância e vingança, organizada pelo belga Leon Rom (Waltz). Porém, as pessoas por trás dessa trama assassina não fazem ideia do que estão prestes a desencadear”.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".