Jumanji: Bem-Vindo à Selva | Crítica | Jumanji: Welcome to the Jungle, 2017
Jumanji: Bem-Vindo à Selva é um divertido filme de ação que encontra em alguns poucos momentos a melancolia do primeiro.
Qualquer filme de ação tem um peso nas costas por causa de toda a história do gênero, por isso que sair da sessão de Jumanji: Bem-Vindo à Selva com a sensação de dever cumprido faz bem ao filme. São cenários conhecidos, algumas figuras estereotipadas e uma conclusão que se vê de longe – o que não impede do espectador se divertir durante as quase duas horas de projeção, rindo das piadas e situações que esses personagens se encontram, sendo eles mesmo e, ao mesmo tempo, não. Junto disso, a performance e a sinergia do quarteto principal refletem a qualidade do diretor e, mesmo dentro de um cenário extremamente exagerado, situações e decisões fazem sentido.
Assim como o Jumanji original, o que inicia as peças a se movimentarem é a curiosidade. Agora as peças não são mais de mármore, entrando num mundo onde a magia se mistura com a tecnologia – num eco da conhecida frase de Arthur C. Clarke. Ao se transformar em um videogame, o jogo se recicla para os novos participantes: e considerando que o visual adotado por esse objeto encantado (ou amaldiçoado) tem cara retrô, se torna ainda mais desejável. É só ver como a onda recente de relançamentos de alguns consoles clássicos como o SNES Classic foram esgotados pelos fãs.
Por ter estrutura de um game, e admitir isso desde o começo, é até aceitável que os personagens comecem por características clássicas. E podemos dizer até mesmo estereotipadas: o nerd, o atleta, a fútil e a deslocada. Com isso é verdade que há chance da plateia mais jovem, de uma maneira ou outra, se identificar com as características que os colegas de turma adquirem em Jumanji, seja por vontade de estar na pele do Smolder Braveston (Johnson), por se sentirem justiçados pelo antigo amigo no mundo virtual ser o baixo e sidekick Franklin “Moose” Finbar (Hart), ser uma garota empoderada, forte e inteligente como Ruby Roundhouse (Gillan) ou colocar uma nova perspectiva na encarnação de Sheldon “Shelly” Oberon (Black).
E é uma construção interessante, essas personalidades dentro de corpos novos, que não lhes pertencem. Dentro desse mundo, é a oportunidade para aprendizado. Mais uma vez, é algo bem básico, mas em nenhum momento o filme deixa de divertir. Essa é a maior missão da história, entregar algo que possa ser assistido por uma grande audiência sem deixar de apresentar uma mensagem importante. Entre os socos de Smolder que levam personagens a cruzar os céus e os chutes de Ruby que param homens duas vezes seu tamanho, há uma aproximação desses personagens, que dentro do jogo tem mais de uma vida, com a realidade.
O mundo de Jumanji acaba sendo, no fim das contas, uma provação. Os quatro tem que se encarar e perceber que coisas poderiam mudar para avançar, características como insegurança e egoísmo que não funcionam numa equipe, mas que precisam ser apontadas pois é muito difícil ver e admitir os nossos próprios erros. É assim com Bethany (Iseman), na pele de Sheldon, conversando com Martha (Thurner), na de Ruby, encontrando um terreno comum sobre suas atitudes no mundo real. E é muito divertido perceber que há uma sororidade entre as duas depois dessa conversa, uma maturidade que demora para aparecer entre Spencer (Wolff) e Fridge (Blain).
Junto dos muitos socos, cenas de ação e as explosões típicas do gênero, há um espaço para um arco mais dramático, o que acredito ser a base do original. A figura de Seaplane McDonough (Jonas), avatar de Alex (Guccione), é essa peça que faltava para a lembrança do filme de 1995 ser completa, um personagem mais experiente naquele mundo. Por um lado, a expertise do personagem é um instrumento para que a trama acelere, praticamente um deus ex-machina, por outro a sua tragédia pessoal faz com que a história ganhe traços mais humanos: aqui a mortalidade toca à porta, pois Alex, nesse momento, não tem mais vidas para desperdiçar.
Ainda bem que, graças ao ritmo, não nos encontramos em momentos maçantes. Os primeiros minutos servem para entendermos os personagens e as regras daquele universo – e de novo vem o que falei do exagero: de tanto ser assim, podemos esperar qualquer coisa e sem precisar abrir mão dos momentos engraçados por caudas das cutscenes, personagens não-jogáveis e as mortes dos quatro amigos que ocorrem por variados motivos, passando pelos idiotas até os ridículos. Então, sabendo como jogos funcionam, esperamos e somos recompensados com ação, correrias, desafios por meio de enigmas e a escalonada da dificuldade. Porém, sabendo que isso é um filme e não podemos interagir, há momentos de descanso, mas mesmo neles há algo para ser visto – normalmente no campo da comédia.
Provavelmente, esse filme seria menos interessante se os atores e atrizes não tivessem a capacidade de interagirem como fazem. O destaque é com certeza de Jack Black que tem que interpretar uma líder de torcida no seu obeso corpanzil, misturando o agir e o falar para interpretar além de que qualquer outro papel que tenha feito. Johnson passa a impressão de ter se divertido mais por estar numa situação que lembra a do companheiro de set: dentro daquela montanha de músculos, está um rapaz tímido, que foi inundado de seguranças por uma mãe super protetora e que agora precisa encarar esse corpo enquanto lida com uma síndrome de Superman/Clark Kent. Gillan também tem seu momento na cena em que tenta sensualizar, mas parece que está tendo um AVC. São vários pequenos momentos que trazem o maior número de risadas.
A tentativa inicial de Jumanji: Bem-Vindo à Selva é a de atualizar a versão de 1995 com personagens carismáticos e uma história que funcione dentro do seu absurdo e isso tudo é alcançado. Planos para uma sequência do primeiro existem desde 1995 – vide Zathura (2005, Dir John Fraveu), uma tentativa de um Jumanji espacial – e é certo que esse não tem o brilho da primeira aventura. Portanto, não é um marco do gênero, tampouco uma que será lembrada por anos a fio, mas sim por ser competente e por manter a audiência ligada sem querer ficar constantemente olhando o relógio, esperando que os créditos subam logo.
Elenco
Dwayne Johnson
Jack Black
Kevin Hart
Karen Gillan
Nick Jonas
Bobby Cannavale
Direção
Jake Kasdan
Roteiro
Chris McKenna
Erik Sommers
Scott Rosenberg
Jeff Pinkner
Argumento
Chris McKenna
Baseado em
Jumanji (Chris Van Allsburg)
Fotografia
Gyula Pados
Trilha Sonora
Henry Jackman
Montagem
Mark Helfrich
Steve Edwards
País
Estados Unidos
Distribuição
Sony Pictures
Duração
119 minutos
Quatro jovens que foram parar na detenção na escola durante um fim-de-semana, sem querer vão parar no mundo de Jumanji onde terão que juntar forçar para poder voltar para casa.
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