Gemma Bovery: A Vida Imita a Arte | Crítica | Gemma Bovery, 2015, França-Reino Unido

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Gemma Bovery, comédia franco-britânica com a linda Gemma Arterton tem boas atuações, é sexy e divertida, mas falta ousadia na sua conclusão.

Gemma Bovery, 2015

Com Gemma Arterton, Jason Flemyng, Mel Raido, Fabrice Luchini, Isabelle Candelier, Niels Schneider, Elsa Zylberstein, Pip Torrens. Roteirizado por Pascal Bonitzer e Anne Fontaine, baseado nos quadrinhos de Posy Simmonds. Dirigido por Anne Fontaine (Coco Antes de Chanel).

6/10 - "tem um Tigre no cinema"Fazer visitas fora do eixo hollywoodiano é importante para o intelecto, pois o cérebro é como músculo que precisa ser desafiado. Não que o franco-britânico Gemma Bovery: A Vida Imita a Arte seja um grande desafio, já que ele conta uma história bem simples, cativante em muitos pontos, doce e engraçada em outros, além de ter uma dose de tragédia que evoca os clássicos da literatura. Baseado numa história em quadrinhos o que, de certo modo, faz cair no esquema que o cinema americano tem vivido, o filme peca muitíssimo na sua conclusão – que pode até estar presente na fonte original – mas é uma produção com bons momentos, passeando entre o engraçado e o sensual.

É engraçado vermos como Martin (Luchini) se comporta em relação aos recém-chegados à Normandia Gemma (Arterton) e Charlie Bovery (Flemyng), em uma coincidência cósmica que seria possivelmente impossível se não fosse a magia do storytelling. O já não tão jovem padeiro é apresentado aparentemente como um invasor de privacidade ao roubar o diário da vizinha – já não presente no começo do filme, o que coloca a narrativa quase que inteiramente em flashback -, mas o cerne, na verdade, vem do fascínio que Martin tem pela literatura. Então, ele se intromete não como um enxerido na vida alheia, mas como se fosse um leitor de uma Madame Bovary moderna, e apaixonado por essa nova representação de Flaubert.

E como não se apaixonar por essa nova Bovary? A diretora mexe com a percepção de Martin, e da maioria dos espectadores masculinos, mostrando uma mulher incrivelmente bela, mas sem apelar para estereótipos como seios ou nádegas, mas presente num slow-motion, numa simples cruzada de pernas, numa naturalidade onde a personagem consegue ser sexy até mastigando um pedaço de pão. E podemos até achar que Martin sofre de ciúmes quando Gemma tem um caso com um jovem morador daquela região, mas sua raiva é por se sentir participante da história – como muito de nós quando nos apaixonamos por qualquer personagem de ficção –, principalmente por fazer as comparações mais loucas ao relacionar Bovery a Bovary.

Porém, a conclusão da história de Gemma é um anticlímax que chega a ser decepcionante. Aprendemos a gosta da personagem como ela é, e quando Martin chega a julga pelo caso que está tendo – veladamente – nos impressionamos com sua atitude e resposta. Se a Madame Bovary causou escândalo na tradicional sociedade francesa do século XIX, essa Bovery não deve satisfação para ninguém, a não ser si própria. E é uma pena que faltou ousadia para Bonitzer e Fontaine seguirem esse caminho e libertar Gemma da personagem que a inspirou, mesmo que esse tenha sido o desfecho nos quadrinhos de Simmonds.

Gemma Bovery: A Vida Imita a Arte

Outros fatos prejudicam a narrativa – a narração off, o desnecessário flashback do amante anterior de Gemma –, mas são detalhes em relação ao grande problema relatado no parágrafo anterior. Ainda assim, é possível se divertir bastante com Gemma Bovery: A Vida Imita a Arte. Há cenas antológicas como a de Martin chupando o veneno da picada que Gemma leva de uma abelha, a alegoria da dama do vagabundo, o simples andar da atriz Gemma Arterton – linda, leve e solta – e a constatação que nós, sejamos leitores ou espectadores, não mudamos: a história acaba e é preciso se apaixonar de novo, algo tão necessário da arte para o espírito humano.

Sinopse oficial

A trama dirigida por Anne Fontaine, conhecida mundialmente por seu trabalho no filme Coco Antes de Chanel, conta a história de Martin, um padeiro que tem muita imaginação e uma paixão enorme pela literatura clássica, em particular Gustave Flaubert. Sua vida pacata se transforma bruscamente com a chegada de novos vizinhos, um casal de ingleses, que tem nomes sugestivos para ele, Gemma e Charles Bovery. Além dos nomes, eles tem o comportamento que parece inspirado pelos heróis de Flaubert, no famoso livro Madame Bovary.”

Veja o trailer de Gemma Bovery: A Vida Imita a Arte

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".