Estrelas Além do Tempo | Crítica | Hidden Figures, 2016, EUA

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Estrelas Além do Tempo é um tributo tardio às grandes figuras que foram escondidas por tempo demais e pelos motivos errados.

Estrelas Além do Tempo (2016)

 

Elenco: Taraji P. Henson, Octavia Spencer, Janelle Monáe, Kevin Costner, Kirsten Dunst, Jim Parsons | Roteiro: Theodore Melfi, Allison Schroeder | Baseado em: Hidden Figures (Margot Lee Shetterly) | Direção: Theodore Melfi (Um Santo Vizinho) | Duração: 127 minutos

A nossa sociedade tem um grande débito com os negros e com as mulheres e Estrelas Além do Tempo é uma produção que serve de tributo, ainda que estejamos distante de pagá-los propriamente. Ao mostrar que a luta pela igualdade vem de longe e que desde então já existia gente capacitada que poderia vir de qualquer parte da sociedade, a história real reforça a questão da oportunidade e quebra estereótipos do negro e da mulher que eram colocados em segundo plano por nada menos que preconceito. Servindo também de inspiração para uma nova geração que agora, por um meio de comunicação de massa, pode conhecer melhor o próprio passado e até ensinar quem é mais reticente em aceitar o óbvio: tudo é uma questão de dar oportunidade.

O trio de amigas Katherine Johnson (Henson), Dorothy Vaughn (Spencer) e Mary Jackson (Monae) funcionam como mosqueteiras, no mesmo lema de Aramis e seus companheiros. Elas não apenas se apoiam, seja no trabalho ou na vida pessoal, mas ajudam outras mulheres a lutar contra um sistema opressor. É interessante que essa abordagem se centre então na mulher negra, duplamente vítima de preconceito. O primeiro, mais óbvio, pela cor da pele é retratado no filme com elementos como a entrega de uma lata de lixo à Katherine quando é transferida dentro da NASA, a dificuldade da promoção de Dorothy ou a impossibilidade de Mary em se graduar em Engenharia. A segunda vem de modo mais sutil, mas ainda existe, por meio dos homens que convivem com elas, assumindo que elas deveriam ter o papel de mulheres.

Por se passar no final dos anos 1960 é impossível não tocar na questão racial. Ainda que o diretor não foque exatamente nisso – ficando como pano de fundo, mas sempre presente – todas as batalhas de Katherine e suas amigas dentro da NASA acontecem por causa disso. Começa com um receio genuíno – passando a barreira da atuação – que as três passam ao serem abordadas por um policial branco numa estrada vazia, ainda que seja dia. É outra luta ter que lidar com a supervisora Vivian Mitchel (Dunst) que se acha muito avançada por dar o privilégio de dar emprego ao trio e a outras negras, o que chega a ser cômico, passando pela separação física quando descobrimos que a sala das moças negras é no subsolo.

E é triste perceber que a NASA, um dos maiores bastiões da ciência, deixaria se levar – ou melhor, empacar – por questões de sexo e raça. E se levarmos em conta a tradução literal do título em inglês, figuras escondidas, o que devemos entender é que elas foram escondidas não por uma questão de sigilo, mas sim por esse preconceito que até mesmo as mentes mais brilhantes eram coniventes. Alguns por puro preconceito, outros por não perceberem que a inação é tão prejudicial quanto. Quando Al Harrison (Costner) questiona as ausências seguidas de Katherine é que acontece um despertar que, assim esperamos, cause impacto numa plateia que pode não entender as dificuldades daquela época.

Essa história, além de passear entre momentos dramáticos e divertidos, trás consigo importantes lembranças da história dos EUA. Schroeder e Melfi, apoiados pela abordagem de Shetterly, colocam no mesmo plano de importância o social e tecnológico, mostrando que uma coisa tão básica como a união, mas ao mesmo tempo esquecida, seria a solução dos problemas do grupo de pesquisas aeroespaciais, o que culmina na decisão de Harrison no segundo ato, mesmo que tal cena possa ser interpretada de maneira preconceituosa por ser um branco que a protagoniza. Poderia ser diferente dramaticamente, mas ao fazer uma abordagem histórica, Melfi sabia que isso seria impossível naquele cenário e preferiu então a realidade.

Estrelas Além do Tempo se firma no cenário cinematográfico mais pela sua importância história do que seu desenvolvimento narrativo. É interessante notar como um se sobrepõe ao outro e por isso é essencial que esse filme seja assistido, recomendado e discutido. Mesmo que o diretor não consiga criar tensão na cena da reentrada de John Glenn (Powell) ele se sai muito bem nos símbolos quando, por exemplo, coloca Katherine acima dos outros colegas de equipe escrevendo na lousa de cálculos. Assim como no começo, ainda no prólogo, Katherine deixa as cercas que a prendem por causa da cor da sua pele para trás, a obra tem a intenção de fazer a mesma coisa: deixar os limites que nos impomos e que por isso limitamos a outros por motivo nenhum.

Estrelas Além do Tempo | Trailer

Estrelas Além do Tempo | Pôster

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Estrelas Além do Tempo | Galeria

Estrelas Além do Tempo | Imagens

Créditos: Divulgação

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Estrelas Além do Tempo | Sinopse

Essa é a história de Katherine Johnson (Henson), Dorothy Vaughn (Spencer) e Mary Jackson (Monae), três mulheres afro-americanas que num tempo e numa sociedade que as diminuía tanto por serem mulheres quanto por serem negras, cada uma com seus brilhantismos, foram grandes protagonistas durante a corrida espacial, quando EUA e a União Soviética brigavam pela liderança. Graças a elas, o astronauta John Gleen foi lançado em órbita ao espaço num evento que mudou os rumos da história. Baseado em fatos reais.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".