Círculo de Fogo: A Revolta | Crítica | Pacific Rim Uprising, 2018
Círculo de Fogo: A Revolta entrega o que promete – o absurdo de robôs gigantes contra monstros gigantes. E funciona exatamente por abraçar tal absurdo.
Vamos partir de uma premissa: a de robôs gigantes batendo em monstros gigantes. A não ser que você esteja morto, essa é um ponto de partida bem divertido. Abraçando esse absurdo, Círculo de Fogo: A Revolta fica um passo atrás do seu antecessor, mas isso não quer dizer que a experiência seja frustrante. A nova produção é mais direta ao ponto que o filme de 2013, ou seja, entrega tudo que promete com cenas de ação que trazem aquela criança interior – principalmente se você é um daqueles que cresceu assistindo Ultraman, Spectreman, Jaspion e companhia –, copiando movimentos dos Jaegers, imaginando como seria pilotar um deles.
Entre caras novas e situações novas, dando o nome de Precursores aos responsáveis pelo envio dos kaijus ao nosso mundo, é interessante notar como Jake Pentecost (Boyega) vive dos espólios da guerra que o pai ajudou a terminar no primeiro filme, ao invés de viver da memória dele. É uma revolta, podemos dizer assim, algo inerente à tantos outros jovens, a necessidade de sair da sombra dos pais. Mesmo assim, carrega o sobrenome. Enquanto ele vive despreocupado, a jovem Amara (Spaeny) é a figura da constante tensão, tendo que sobreviver de restos da sociedade.
Vivendo à margem, como tantos esquecidos, podemos apenas imaginar como seria se ela, com sua genialidade tivesse a oportunidade que Jake jogou fora ao sair do programa do Jaegers. São vários talvez nessa dupla de protagonistas, onde a realidade moldou os dois com similaridades e diferenças, caminhos que no fim os levam para o centro de treinamento comandado pelo atual piloto da Gipsy Danger, Nate (Eastwood) – enquanto o anterior sequer é citado. Os arcos de Jake e Amara são a parte mais profunda do filme, como escolhas e destinos moldam caráter e como até mesmo as menores coisas, como o Jaeger que Amara constrói, podem dar trabalho.
Depois, o filme não faz muita questão de esconder o caminho que vai percorrer para quem assiste. Há uma tensão na história, que faz ligação com o momento que passamos, da provável mudança na tecnologia dos robôs, que agora poderão se pilotados por drones – algo parecido com as nossas guerras hoje. Claro que quando Mako (Kikuchi) diz que não está segura da tecnologia porque ela pode ser hackeada não é preciso ser nenhum gênio para saber que é exatamente isso que vai se seguir. A vantagem da história é que DeKnight acelera o ritmo para que possamos ver os robôs se espatifando enquanto destroem prédios à sua volta. Não de maneira tão épica quanto o primeiro, mas com o mesmo espírito.
E sim, são lutas espetaculares. Com uma diferença bem grande em relação ao filme de del Toro: as cores. Ao apostar numa aventura de moldes mais básicos, toda ação é mais vistosa. Saem os cenários dramáticos, sombrios e chuvosos do diretor de A Forma da Água (The Shape of Water) para lutas à luz do dia e novos Jaegers como pinturas vivas. É um outro clima, menos dramático – apesar do filme ter um momento triste – e com uma mão mais pesada no quesito entretenimento. Com um novo problema nas mãos e correndo contra o relógio na questão da aprovação ou não do uso de drones, a história ganha ares de investigação policial, o que faz sentido se considerarmos os dois pilotos dos robôs como buddy cops.
Claro que podemos discutir as decisões nada inteligentes dos generais, como mandar Jake e Nate sozinhos numa missão que claramente precisava de apoio, ou ninguém desconfiar da empresa de Shao (Jing) dado o timing do ataque. São momentos como esse que mostram a falta de esmero com detalhes no roteiro, elementos que são trocadas pelas lutas. Porém, não é como se fôssemos enganados por DeKnight: esse filme não poderia ser mais direto. Claro que encontramos aqui e ali uma tentativa de profundidade – começando pela dupla de protagonista não ser um casal – e Amara ser o melhor dos dois mundos, piloto e construtora, num paralelo da ameaça que aparece na metade para o fim do filme.
Com alguns momentos bem empolgantes, Círculo de Fogo: A Revolta honra fãs da geração dos robôs gigantes e ao próprio filme que lhe deu origem. É uma história que por si só pode parecer um tanto tola de tão absurda, mas é aí que a história ganha terreno, porque ela abraça esse absurdo. Existem clichês, momentos que não exigem muito dos nossos neurônios para saber que os pilotos poderiam ser mais atentos às pistas apresentadas, mas é bem difícil não se empolgar com o caminho leva à luta final. E só não se deixar levar por isso e achar que o filme é mais que apresenta, pois nem mesmo a própria produção é levada à sério.
Elenco
John Boyega
Scott Eastwood
Jing Tian
Cailee Spaeny
Rinko Kikuchi
Burn Gorman
Adria Arjona
Zhang Jin
Charlie Day
Direção
Steven S. DeKnight
Roteiro
Emily Carmichael
Kira Snyder
Steven S. DeKnight
T.S. Nowlin
Argumento
Steven S. DeKnight
T.S. Nowlin
Trilha Sonora
Lorne Balfe
Fotografia
Dan Mindel
Montagem
Dylan Highsmith
Zach Staenberg
Duração
111 minutos
3D
Relevante
Dez anos depois da vitória dos humanos contra os invasores – os gigantes kaijus – o mundo ainda está se reconstruindo. É quando Jake Pentecostes, filho de um dos heróis de uma década atrás, tem a oportunidade de honrar o legado do pai diante de uma nova ameaça.
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