Aposta Máxima (Runner, Runner, 2013, EUA) [Crítica]

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"Runner, Runner", 2013

Com Justin Timberlake, Gemma Arterton, Anthony Mackie e Ben Affleck. Roteirizado por Brian Koppelman e David Levien. Dirigido por Brad Furman.

4/10 - "tem um Tigre no cinema"Eis um filme que é a prova máxima, com o perdão do trocadilho, de que conhecimento formal não faz uma grande obra. “Aposta Máxima” conta com uma boa direção, e com outros elementos em cena – a chamada mise en scène – dignos de uma boa produção. A escalação dos atores é interessante, tendo um recém ganhador do Oscar e um ícone da música pop. Porém, isso não é suficiente para compensar a história desinteressante do filme. Raso e efêmero são adjetivos que o descrevem. Pela própria falta de esforço, ficará na memória por pouco tempo. E tampouco merece o título de thriller.

Richie (Timberlake) é um estudante de Princeton que gosta de jogar poker online e fazer apostas para outros estudantes e professores. Ao ser enquadrado pelo diretor por suas atividades ilícitas dentro do campus, ele aposta todas suas economias em um site de jogos para encerrar essas atividades paralelas e pagar seus estudos. Ao ser derrotado e perder tudo, ele descobre que foi enganado, e vai até o dono do site para provar que foi vítima de um esquema. Ivan Block (Affleck), procurado nos EUA, cuida do seu império na Costa Rica, e admite que Richie está certo. O milionário propõe um emprego à ele por causa de suas habilidades. Deslumbrado, o estudante aceita a proposta, até perceber que o mundo que entrou pode ser perigoso demais.

Apesar de qualidades, Brad Furman aposta na muleta cinematográfica da narração em off em todo o instante. Talvez, por achar que quanto mais voz de Timberlake aparecer, melhor. E é difícil de entender o porquê. Visualmente, o diretor consegue mostrar, por exemplo, a posição inferior que Richie se encontra. Na cena em que conversa com o reitor do campus sobre o futuro do aluno na instituição, Richie é filmado num nível abaixo ao do homem mais velho, ficando cabisbaixo e sem ação. Um pouco mais à frente, quando Ivan é apresentado, a câmera se aproxima dele pelas costas, enquanto está sentado numa espécie de trono, acima de dois políticos que está subornando. Quando conhecemos o pai jogador de Richie, ele está num ambiente mal iluminado e opressivo. Indo além, Furman usa um figurino verde em Rebecca (Arterton), tão ligado ao dinheiro e à ganância, quando ela finalmente dá atenção a Richie. Outra cena interessante é quando o empregado descobre que Ivan cria crocodilos. São informações sutis, mas que infelizmente se perdem no meio de um roteiro sem graça. E isso não é culpa do espectador, por menos elucidado que seja.

Por outro lado, o roteiro de  Brian Koppelman e David Levien é de uma leviandade absurda. Ao mesmo tempo que a cena dos crocodilos indica perigo, isso não desperta a desconfiança do estudante até quando Ivan mostra para que os répteis servem de verdade. Todo o resto é deslumbre demais para Richie: mulheres, dinheiro e, eventualmente, um pouco de poder. Tão seguro de si e fechando os olhos para a situação óbvia de que o chefe não está foragido por pouca coisa, ele tem a oportunidade, dada pelo próprio Ivan, de deixar tudo para trás e voltar aos estudos, depois que Richie é sequestrado por Shavers (Mackie) (Aliás, na cena do encontro, o diretor repete a situação inicial com o reitor, colocando o distintivo do agente do FBI bem na cara de Richie). E como o diabo tenta por vários meios, ele cede. Acrescente à lista dos problemas a eterna mania de misturar idiomas, que parece beirar a esquizofrenia.

Ao explorar o universo do poker e outros jogos de azar – e eficientemente não perder tempo com regras – o filme se desenvolve por meio de estratégias e blefes: Ivan mantém sua principal vítima por perto, Shavers ameaça com seu poder, e Richie tem que sair da situação com o dinheiro que ganhou e com sua astúcia – que não foi muito coerente durante o filme, o que torna mais difícil acreditar que o plano daria certo.

Aposta_Maxima

“Aposta Máxima” também tem um trilha sonora interessante, mas de novo, fica etérea por acompanhar esse thriller mascarado. O filme tem pouca tensão, pouca violência, apesar do fato de lidarmos com gangsteres, e conta com um protagonista fraco. Os coadjuvantes também estão perdidos – melhor dizendo, mal dirigidos –, e apesar de não ser daqueles que não consegue mudar a expressão, Justin Timberlake como ator é um excelente vocalista. No fim das contas, é tecnicamente interessante, e só. E isso não é suficiente para guardar na memória. Só mesmo contando com a sorte.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".