Snowden: Herói ou Traidor | Crítica | Snowden, 2016, EUA

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Em Snowden: Herói ou Traidor deixa a sutileza de lado para se posicionar sobre a figura de um dos homens mais controversos da América.

Snowden: Herói ou Traidor (2016)

Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Shailene Woodley, Melissa Leo, Tom Wilkinson, Zachary Quinto, Rhys Ifans, Nicolas Cage | Roteiro: Oliver Stone, Kieran Fitzgerald | Baseado em: The Snowden Files (Luke Harding) e Time of the Octopus (Anatoly Kucherena) | Direção: Oliver Stone (Selvagens)

7,5 - "tem um Tigre no cinema"Falta sutileza no trabalho de Oliver Stone, mas ele sempre foi assim. Para o diretor Snowden: Herói ou Traidor representa o tempo que vivemos, e que mais trabalhos assim são necessários. A cinebiografia é a admiração de Stone à controversa figura e o posicionamento do diretor sobre a política de seu país, sem se preocupar em poupar lados, assim como seu protagonista, desagradando tanto Democratas quanto Republicanos. O nova-iorquino está numa missão de mostrar as coisas que acreditam ser o mal do país, representado por líderes, agências obscuras e a própria inanição de seus compatriotas. Se parecer um exagero Stone ser tão direto nas suas obras é porque ele crê que o momento pede um tratamento de choque, levado por meio da sétima arte.

Na cinebiografia, Stone conta os momentos da vida de Edward Snowden (Gordon-Levitt) em momentos distintos e usa da montagem em seu favor para criar climas – pode ser de descontração, tensão ou de peso. Para essa geração, a história de Snowden está fresca, mas o filme, diferente do documentário Citizenfour (Laura Poitras, 2014), se presta a prender a atenção da plateia, inclusive de quem conhece os detalhes da história. Há um conflito em quem assiste, pois o diretor consegue emplacar tensão, ainda que saibamos que o verdadeiro Snowden está vivo em bem – talvez nem tanto – na Rússia nesse momento. E essa é uma grande qualidade.

Stone brinca com multi-angulos, multi-câmeras e grãos diferentes da fotografia, algo que já vimos em Assassinos por Natureza (Natural Born Killers, 1994), mas numa escala mais normal, para separar os momentos diferentes. Nos estilos diferentes de filmagem, há uma realidade mais crua quando assistimos Snowden pelos olhos e câmera de Laura Poitras (Leo), mais real nas câmeras documentais em oposição a história romanceada. Apesar do clima documental nunca abandonar de verdade a produção, especialmente quando Snowden é confrontado com a verdade que os poderes que seu país dispõe e onde Stone foca com close-ups trêmulos refletindo a emoção do protagonista.

Sabendo que esse nosso presente é digno de George Orwell, Stone não hesita em homenagear o escritor e sua obra mais famosa criando íris eletrônicas em volta de webcams e celulares para explicar e sintetizar a questão de quem hoje é o Grande Irmão. E sendo um crítico ferrenho às políticas do seu país, Stone aponta tanto os dedos para a administração Bush quanto a de Obama. Mesmo que haja uma admiração por John Kennedy – com um retrato do presidente pendurado no escritório de Hank Forrester (Cage) em oposição ao de Corbin O’Brian (Ifans) que sempre tem o do Chefe em Comando atual – o diretor mostra a insatisfação com os recentes líderes do país.

Felizmente, ele não trabalha só com didatismo – mesmo que ele seja necessário para não ser mal compreendido. Stone trabalha também com simbolismo, como quando Lindsay (Woodley) e Snowden estão acompanhando as notícias da primeira eleição de Obama, há uma esperança representada no vermelho e azul do figurino da jovem, um sinal de que não só o protagonista, mas também diretor e roteirista tinham com esse novo jogador. Outra cena que mexe bem com o simbolismo é quando Snowden é confrontado por um gigante e ameaçador Corbin numa vídeo conferência, ocupando toda a parede e praticamente toda a tela de cinema, um recurso já usado em outras ocasiões, mas que reforça o cenário orwelliano.

No entanto, há história peca em alguns momentos, principalmente por causa do ritmo. Depois de causar tensão na cena citada e no desaparecimento de Snowden, Stone não consegue, por boa parte do terceiro ato, criar dinamismo. O restante da história, praticamente até o desfecho, sofre por deixar de ser um carrossel de emoções para apenas desacelerar. É como sair de uma autoestrada e despencar na local: uma sensação de que as coisas estão passando devagar demais. E não ajuda nada as decisões de Stone filmar em câmera lenta. Assim como os letreiros indo e vindo mostrando a mudança de tempo e espaço – já estava bem claro que quando víssemos Snowden e os jornalistas no quarto estaríamos em Hong Kong.

E se havia qualquer dúvida em Snowden: Herói ou Traidor da posição de Stone a Edward Snowden, essa dúvida acaba quando o próprio aparece para completar as palavras do ator que o estava interpretando. Como filme, perde-se um pouco aquela sensação de estarmos visitando a vida de alguém por outros olhos, como uma expansão das fotos que passam durante os créditos para reforçar a veracidade do que acabamos de ver. Porem é uma declaração do diretor, uma decisão política que ele acredita ser necessária. Pode ser visto como um exagero, mas serve também para que o diretor não fosse interpretado de maneira equivocada.

Snowden: Herói ou Traidor | Trailer

Snowden: Herói ou Traidor | Pôster

Snowden: Herói ou Traidor | Pôster Brasil

Snowden: Herói ou Traidor | Imagens

Snowden: Herói ou Traidor | Galeria

Créditos: Divulgação

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Snowden: Herói ou Traidor | Galeria

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Snowden: Herói ou Traidor | Sinopse

“Snowden: Herói ou Traidor revela a história não contada de Edward Snowden e examina as forças que levaram um jovem patriota e conservador, ávido por servir o seu país, a tornar-se um delator histórico, além de levantar questionamentos provocativos a respeito de quais liberdades estamos dispostos a abrir mão para que o governo nos proteja.”

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".