Possessão | Crítica | The Possession, 2012, EUA

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Realmente, não há muito do que se falar sobre Possessão (The Possession) além dele ser um filhote menos desenvolvido do gênero, focando no conflito entre ciência e religião.

Com Natasha Calis, Jeffrey Dean Morgan, Kyra Sedgwick, Madison Davenport, Grant Show e Matisyahu. Roteirizado por Juliet Snowden e Stiles White. Dirigido por Ole Bornedal.

Possessão é o típico filme que não há muito que se falar. Baseado em fatos supostamente reais relatados em num artigo de duas páginas publicada em 2004 no LA Times (que não cita o fato de nenhuma família ter passado pelos problemas por quase um mês), sobre uma caixa “dibbuk”, leiloada no eBay. A história original é bem perturbadora, mas o filme coloca na equação o elemento da garotinha de ótimos filmes como O Exorcista (The Exorcist, 1973) e O Exorcismo de Emily Rose (The Exorcism of Emily Rose, 2005). Sem dúvida, esse é um filhote menos expressivo do clássico de William Friedkin, que consegue criar alguns momentos de tensão, o típico conflito entre religião e ciência, mas falha em deixar no ar se os eventos são frutos do sobrenatural ou não.

A cena introdutória de “Possessão” já deixa bem claro que o lidamos está no campo do sobrenatural, com uma senhora sendo arremessada de um lado para o outro de sua sala de estar. O diretor usa da câmera plongé rodando no próprio eixo mostrando a casa, e isso por si só já dá uma sensação de metafísico. Mas a responsável pelo evento é aparentemente uma caixa que não se deixa destruir. As mudanças mais drásticas no filme são pontuadas com uma mudança brusca no som e da câmera citada, normalmente indicando a passagem de um ato para o outro. Clyde (Morgan) é divorciado de Stephanie (Sedgwick) e tem duas filhas, Em (Calis) e Hannah (Davenport). Sua aparente ausência foi a causa da separação. Digo aparente porque o Clyde, que é um treinador de basquete do time local, não aparece em nenhum momento como negligente. Ele pode até estragar as filhas com má alimentação, mas não o suficiente para justificar uma separação. Enfim, durante o fim-de-semana que as meninas passam com o pai, eles passam por uma venda de jardim (bem comum pelos EUA) e Em se apaixona por uma caixa antiga, que é comprada por Clyde como um agrado. A antiga dona do objeto (a senhora do início da projeção) vê a garota com a caixa através da janela e começa a gritar desesperadamente, até ser contida por uma enfermeira sinistra que não vai aparecer novamente na trama (apesar do diretor filmá-la com uma certa atenção). A caixa, com inscrições em hebraico, foi feita para não ser aberta facilmente. O que não é um problema para Em, que começa a ouvir vozes e ser guiada para que consiga abrir o objeto. A personalidade da menina muda, ela fica violenta e perturbada ao ponto de atacar com um garfo o próprio pai.

Num misto de descrença e investigação, Clyde não fica inerte à situação da filha, e decide investigar o que tem de errado com ela. É a reação esperada, mas demorada. É estranho notar que Clyde não compartilha nada com a ex-mulher, nem mesmo o fato dele ter sido atacado pela filha mais nova. O filme consegue criar alguma tensão, e existem cenas muito boas como a da garganta (que foi estragada pelo trailer) e a justificativa do apetite de Em, mesmo que você não demore muito para entender o porquê desse comportamento.

Com um finalzinho (“inho” mesmo) interessante, “Possessão” repete fórmulas e aposta em poucos sustos. Bem da verdade, só existe um dos clássicos “vou jogar coisas na sua cara”. Existe certo exagero na maquiagem da fase final da possessão de Em, onde parece mais que ela estava fantasiada para o Halloween do que outra coisa. Também me pergunta porque usar a mania batida de um personagem que sabe falar inglês, mas que tem que ser traduzido por outra pessoa numa tentativa de criar mais mistério. Gosto da música sutil de Anton Sanko e da decisão do diretor de fotografia de manter um clima outonal constante, a não ser quando aparece uma filmagem perdida no antigo computador de Clyde, que dá um tom mais alegre ao passado recente. Fora isso, não é um filme marcante, e provavelmente não fará parte do imaginário dos filmes de terror. Serve talvez para conhecermos um pouco mais da cultura judaica, mas não é suficiente para sustentar outra visita.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".