Os Mercenários 3 | Crítica | The Expendables 3, 2014, EUA

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Os Mercenários 3 tem Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger de volta num filme que traz personagens novos com pouco ou nenhum carisma. Leia a crítica!

Os Mercenários 3

Com Sylvester Stallone, Jason Statham, Antonio Banderas, Jet Li, Wesley Snipes, Dolph Lundgren, Kelsey Grammer, Randy Couture, Terry Crews, Kellan Lutz, Ronda Rousey, Glen Powell, Victor Ortiz, Robert Davi, Mel Gibson, Harrison Ford e Arnold Schwarzenegger. Roteirizado por Creighton Rothenberger, Katrin Benedikt e Sylvester Stallone. Dirigido por Patrick Hughes.

6/10 - "tem um Tigre no cinema"Há coisas que nunca mudam, e Stallone e companhia apostam nessa máxima de novo em Os Mercenários 3: divertido, mas não muito mais que isso. Mesmo apelando para o clichê de justificativas prontas – o que mais se esperar de um filme desses – é notória que a fórmula se esgotou e a tentativa de trazer personagens novos funciona apenas em parte. Se antes o efeito era quase orgástico para os fãs de filmes de brucutus, a introdução de caras jovens sofre o reverso, com atores e personagens com pouco ou nenhum carisma, numa tentativa falha de atualizar esse novo-velho universo.

Durante uma missão, os Mercenários – Barney Ross (Stallone), Lee Christmas (Statham), Gunnar Jensen (Lundgren), Toll Road (Randy Couture) e Hale Caesar (Crews), juntos do recém-liberto Doutor Morte (Snipes) – descobrem que um antigo desafeto chamado Conrad Stonebanks (Gibson) é seu alvo. Fantasmas do passado voltam para assombrar Barney e para acabar com eles e cuidar para que seus amigos não morram, ele contrata um novo time para caçar Stonebanks e captura-lo para o novo contato de Barney na CIA, o agente Max Drummer (Ford).

Com dois filmes pré-estabelecidos, o diretor Patrick Hughes utiliza o prólogo para poucas palavras e muita ação, representadas principalmente nas ações do Doutor, que só vai abrir a boca depois. Diferente dos anteriores, onde a ação inicial tem algum tipo de reflexo posterior – no primeiro, a personalidade questionável de Gunnar. No segundo, o resgate de Trench Mauser (Schwarzenegger), que deverá um favor ao grupo –, a destruição da prisão serve apenas para introduzir o novo personagem. Logo após, é bom ver Snipes se desprender de críticas pessoais ao permitir que seu personagem, em uma piada, diga que foi preso por evasão de impostos – motivo que o manteve preso na vida real entre 2010 e 2013. Divertido também é o Doutor mostrar ao mesmo tempo sua habilidade com facas e sua masculinidade quando faz a barba à seco com uma faca que tem o tamanho de um antebraço. É dele também a frase mais marcante do filme, que se mistura com onomatopeia, ao ver as placas de identificação dos antigos Mercenários mortos, imitando o som do tilintar delas batendo.

Outra coisa nítida é a diminuição do gore em relação ao anterior. Em Os Mercenários 2 (The Expendables 2, 2012, Dir Simon West) apelava-se para um sangue digital, o que dava um tom falso àqueles momentos. Isso não quer dizer que não continue um filme violento, visto que ambos filmes têm censura PG-13 nos EUA. Pelo contrário, continuam os muitos tiros, explosões e agora se adicionam alguns cortes de gargantas, que são sutilmente cortados (piada pronta) na montagem.

Mesmo sendo um filme com ação desenfreada, há lampejos de uma boa direção. O mais marcante é quando Hughes não apela para o caminho mais fácil de um flashback para mostrar a relação entre Barney e Stonebanks. Ao contrário, ele segura essa informação para mostra-la depois para um dos jovens contratados por Barney para caçar o vilão por meio de um dossiê. Só ali é que descobrimos que Stonebanks é um ex-Mercenário, o que podemos ver pela tatuagem que tem.

A fotografia também tem destaque, apostando em tons amarelos – com a formação clássica – depois azul, como se fosse algo mais high tech e moderno. Nota-se claramente isso quando Barney, John Smilee (Lutz), Luna (Rousey), Thorn (Powell) e Mars (Ortiz) invadem o prédio em que Stonebanks vai fazer negócio. A cor reforça a modernidade do prédio de vidro e aço, com luzes que parecem neon.

Pena que a qualidade não se mantenha, a começar pelo jovem elenco. Os personagens são desinteressantes, e é difícil lembrar quem é quem – com exceção de Luna, obviamente – tão grande é a falta de carisma deles. A inclusão do Doutor e de Galgo (Bandeiras) funciona melhor. Mas se a tentativa dessa mistura de atores vindos de produções questionáveis – Lutz, por exemplo, da Saga Crepúsculo, onde era Emmett Cullen – e do mundo do UFC/MMA serviu para atrair o público mais jovem, isso pode ter sido um tiro no pé da franquia.

Indo além, o roteiro parece não decidir qual é a personalidade de Barney. Ele parece inteligente e observador num momento, enquanto no outro é só mais uma montanha de músculos com pouco cérebro. Ele troca de uma arma para outra porque sabe que é mais rápido fazer isso do que recarregar, e presta atenção na história de Galgo, apesar dele falar sem parar. Mas também esquece de revistar Stonebanks quando este é capturado – mesmo com sua trupe de jovens acostumados com tecnologia – e caí numa armadilha muito óbvia, que se via de longe que ia acontecer.

Além de faltar força para a produção deslanchar, é preocupante a alternância entre bons e maus momentos. Ainda que seja engraçado ouvir frases como “O Church está fora da jogada”, que tem muito mais sentido em inglês – “Church is out of the Picture” – e as homenagens prestadas – como Drummer dar uma de Han Solo para salvar o dia –, fica difícil de aceitar coisas como o CGI fraco e a insistência em Barney reforçar duas ou três vezes que o Doutor é um bom Doutor, no sentido médico da palavra, e isso não ser aplicado na prática no filme, dando a impressão que seria alguma coisa importante para o desenvolvimento da história.

Os Mercenários 3 | Pôster brasileiro

Os Mercenários 3 tenta emular a evolução do estilo do brucutu – comentada no TigreCast 7: Brucutu Style – onde músculos são trocados por alguém mais técnico e ágil, mas ficou apenas na caricatura. Sim, o próprio filme diz, e há de se concordar: diversão é importante. Só faltou alguém dizer que simplesmente jogar esses atores tão queridos na tela não funciona sozinho, como foi no começo da franquia. Que venha um Mercenários 4 para arrumar essa situação, e fechar com chave de ouro esse encontro que esperamos praticamente 30 anos para ver.

Veja o trailer de Os Mercenários 3

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".