Os Agentes do Destino | Crítica | The Adjustment Bureau, 2011, EUA

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Os Agentes do Destino mistura ficção científica e romance, o que pode agradar apreciadores de ambos os gêneros.

Os Agentes do Destino

Com Matt Damon, Emily Blunt, Terence Stamp e Anthony Mackie. Escrito por George Nolfi (O Ultimato Bourne), baseado num conto de Philip K Dick. Dirigido por George Nolfi.

“Agentes do Destino” é um filme que vai agradar casais e apreciadores de ficção científica, pois é um filme que terá o romance com o pano de fundo do quase impossível da ficção científica. É agradável, bem feito, bem dirigido e te faz gostar tanto de David (Damon) e de Elise (Emily) que não há possibilidade de torcermos contra a felicidade dos dois.

O personagem David Norris é impulsivo. Elise também é, mas essa qualidade é canalizada para a dança. David também é corajoso o suficiente para desafiar o destino. Com que outra qualidade ele teria continuado, mesmo com a ameaça de ter o cérebro cozinhado se não fizer como o mandam? Mesmo enfrentado esses Agentes, que são poderosos o suficiente para atravessarem quilômetros num simples abrir de porta, e responderem a uma autoridade superior, David entra na  batalha entre destino e livre-arbítrio, a mesma que todos temos enquanto seres humanos.

E nessa busca pelo amor (sim, David faz essas locuras de desafiar “anjos” por amor) o nosso protagonista encontra todas os obstáculos que nós encontramos, mas tudo conspira contra ele, e não é pelo acaso. Você já teve um dia que tudo deu errado, passando por desencontros, números perdidos, telefones sem sinal e acidentes? Talvez não tudo de uma vez, mas esses eventos ocorrem um atrás do outro, mas esse é o impulso que David precisa. Ele está sendo desafiado, assim como é na carreira política que escolheu. E enquanto os Agentes são como seus adversários nas urnas, Elise é o seu objetivo, como é a cadeira do Senado. Mas duas paixões podem não sobreviver, e e isso que os Agentes não querem que aconteça. David é importante demais para se acalmar e dar esse amor só para uma pessoa.

O vazio que David enfrenta e tenta preencher pela atenção do público é representando em algumas cenas do filme. Sem amigos, sem família, morando sozinho e numa sensação de isolamento tanto na vitória quanto na derrota, notem como os planos abertos que ele se encontra reforça essa solidão. David sempre usa cores frias. Todo filme tem um tom azul melancólico. E para quebrar esse sentimento o diretor de fotografia John Toll, de “Quase Famosos”, usa a luz do sol. É algo natural, mas também tem seu lado metafísico, mostrando que essa autoridade superior também influencia as mudanças que o plano deveria seguir.

Outro detalhe que gostei foi da limitação dos poderes dos Agentes. A explicação, de novo, é mais metafísica do que física. Tanto os chapéus e água tem esse lado. Assim como os judeus usam os kipas para lembrar-se da devoção deles a Deus, os Agentes também só agem quando usam seus chapéus, uma autorização que vem de cima. E a água é a abundância que vem do céu. Desses jeitos, Deus, ou essa outra força superior que é chamada de “Presidente”, contém seus Agentes. A música de Thomas Newman também agrada. O tema principal tem um certa força, apesar de não ser marcante. Notem também a música sutil que toca quando David e Elise se beijam pela primeira vez: sinos, um instrumento clássico e ligado ao romantismo clássico e à igrejas também. Por esses últimos motivos posso dizer que o diretor acertou na execução. Fica até difícil definir o que faltou para o filme fechar com a nota máxima. Mas culpo a narração em off no fim, parecendo uma explicação para dummies, e a falta de ousadia na solução de reescrever o plano. Deus ex machina!

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".