O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro | Crítica | The Amazing Spider-Man 2, 2014, EUA

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O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro melhora em todos os quesitos da aventura anterior com Andrew Garfield.

The Amazing Spider-Man 2, 2014

Com Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Dane DeHaan, Colm Feore, Felicity Jones, Campbell Scott, Embeth Davidtz, Paul Giamatti e Sally Field. Argumento de Alex Kurtzman, Roberto Orci, Jeff Pinkner e James Vanderbilt. Roteirizado por Alex Kurtzman, Roberto Orci e Jeff Pinkner, baseados nos quadrinhos da Marvel Comics. Dirigido por Marc Webb (O Espetacular Homem- Aranha).

8/10 - "tem um Tigre no cinema"Do aprendizado, vem a evolução. E ela é bem clara em O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro. Se no primeiro filme havia uma série de momentos bons com outros fracos – como os diálogos previsíveis – a continuação tem uma história mais interessante, ótimas cenas de ação e uma clara melhoria nos efeitos especiais. O diretor Marc Webb junto dos seus três roteiristas – um número elevado –, conseguiram mesclar ação, drama e doçura de maneira bem equilibrada nos 140 minutos de filme. E isso abre portas para aventuras mais complexas e adultas, tentando agradar tanto os fãs do quadrinhos quanto aqueles que acompanham as aventuras do cabeça de teia apenas nos cinemas.

 

Já acostumado à sua rotina em Nova York, mas ainda dividindo opiniões, Peter Parker (Garfield) continua agindo como o Homem-Aranha, equilibrando suas responsabilidades de recém-formado, de namorar da brilhante Gwen Stacy (Stone) e ser o homem da casa, depois da morte do tio. Para complicar mais a sua vida, Max Dillon (Foxx), um apreciador do Homem Aranha, sofre um acidente químico que lhe dá super-poderes. Perturbado, sua admiração se torna ódio. Em paralelo, Harry Osborn (DeHann) volta à cidade para assumir os negócios do pai. Antigo amigo de Peter, ele acredita que o sangue do Homem-Aranha pode salvá-lo de uma condição genética fatal. Agora, o jovem está no meio de dilemas morais e da amizade antiga que ele tem com Harry. Além disso, Gwen acena a possibilidade de se mudar para a Inglaterra.

A vida não está fácil para o personagem. Ele ainda sofre pelo sumiço dos pais e do por quê eles o terem abandonado quando criança. E esse ainda não é o único fantasma de Peter, que vê várias vezes a figura do Capitão George Stacy (Leary), que o lembra constantemente da promessa feita no fim do primeiro filme. É muita coisa para a cabeça de Peter, que aguenta mesmo pelo amor de Gwen e pela presença de sua Tia May (Field), que lhe dá o lar que precisa.

Lembremo-nos os momentos iniciais do filme. O prólogo em flashback, além de focar na história prévia de Richard Parker (Scott), serve de uma metáfora do que virá logo mais: a cena da morte das aranhas reflete que alguém tentará matar O Aranha. E já que conhecemos todos os personagens, a decisão de Webb em começar com uma cena de ação de combate serve em primeiro lugar para prender a atenção do espectador enquanto vamos ouvindo diferentes opiniões dos nova-iorquinos sobre o personagem. Em segundo lugar, é uma oposição para o tempo de conhecermos melhor os casal e gostarmos mais deles. Com idas e vinda, e ainda suas indecisões, este é um filme de Gwen e Peter. Apesar de parecer piegas, os detalhes que os dois acham entre si – o jeito de falar, a linguagem corporal – são tão doces que se tornam verdadeiros. O espectador provavelmente sentiu isso, e ali o diretor nos fez confidentes, torcendo para que não acabe. Ainda que Webb pudesse investir em planos mais longos que acentuariam essa relação, o filme poderia ter o subtítulo Gwen & Peter. Claro que isso seria puxar muito para o romântico, mas é isso que motiva o filme. A namorada é praticamente uma co-protagonista: além disso, é ela que faz Peter ir pra frente e tomar algumas decisões.

Claro, este é um filme de ação e isso o que não falta. E Webb vai lançando aos poucos para dar tempo do espectador respirar. Começa pequeno, na luta com Aleksei Sytsevich (Giamatti) – que exagera no sotaque russo, mas está claramente se divertindo – e vai para o nascimento do Electro e a luta no meio da Times Square, que faz a cena ser tão grande quanto a própria Nova York.

Nota-se que o 3D, apesar de convertido, foi bem usado. A grande profundidade de campo – onde tudo fica em foco a maior parte do tempo – é a prova disso. A fotografia de Daniel Mindel é brilhante o suficiente para compensar o efeito que os óculos escurecidos das lentes dão. Não quer dizer que seja essencial à produção, mas nota-se uma preocupação maior com o estilo, ainda que ele seja usado para aumentar a bilheteria do estúdio.

A construção dos vilões também é interessante, apesar das ressalvas quanto à Max/Electro. Os responsáveis pelo filme criam um bom prefácio do vilão ao encher o apartamento de Max de variadas lâmpadas e lustres. Mas o motivo que o faz cair no tanque cheio de enguias elétricas – modificadas geneticamente aparentemente, porque corrigem até o defeito físico do personagem, como a aranha fez com Peter – é um tanto estúpido. Max é pintado como uma pessoa socialmente insegura, porém muito inteligente. Tanto que tem seus projetos roubados pela Oscorp. Então, uma pessoa assim se esquecer da receita que é mexer com instalações elétricas é um exagero da suspensão de descrença. Também há questionamentos ao visual do personagem. Longe de ser inverossímil – claro, tratando-se de um universo fantástico – lembra muito no primeiro momento o Imperador Palpatine e depois o Dr Manhattan (de Watchmen).

Harry/Duende Verde também tem seus méritos. Ele é um personagem divido, tanto que o diretor o coloca no meio entre luz e sombras quando encontra Peter pela primeira vez desde o seu retorno, e é cegado pelo medo de morrer como o pai. Fisicamente, ele tem até orelhas pontudas que lembram um duende. A transformação dele é mais crível que a de Max, vinda de uma ato de desespero. E ponto para a produção por não fazer com que os vilões existam por causa de Peter.

Há outros detalhes para se apreciar. Como comentei no começo, há a evolução dos efeitos especiais, visto na fluidez dos movimentos do Aranha em ação – num misto de sabermos que é CGI, ao mesmo tempo que nota-se que essa percepção está perto de ficar difícil – que se reflete até na dobra que a roupa faz quando o personagem arqueia as costas. A luta do Homem Aranha contra Electro na central de distribuição de energia também é um show a parte – com o perdão do trocadilho –, com o vilão fazendo música com a eletricidade e os postes servindo de picos do som. E para os fãs mais ardorosos dos quadrinhos, podemos ver na sala de armas da Oscorp os braços do Dr Octopus as asas do Abutre.

O personagem continua piadista, e os momentos que são engraçados funcionam, como a cena em que o Homem Aranha usa o capacete do Corpo de Bombeiros de Nova York, mostrando que é o amigo da vizinhança. Até o diretor dá uma de humorista, ao usar a música do desenho animado como toque de telefone de Peter.

E, como em outros filmes, podemos caçar brincadeiras visuais, como o fato de Peter carregar sempre um gorro vermelho – mesma cor da máscara do uniforme – a luta final dentro do relógio (“o tempo está acabando”, a cena ruge), o pôster de Blow Up (1966, Dir por Michelangelo Antonioni) com a foto de Gwen colada no lugar do rosto do modelo e a investigação de Peter, que cria um teia que leva ao subterrâneo – um símbolo bem óbvio de descobertas – são alguns dos momentos que vemos a qualidade do diretor, do cinematógrafo e do designer de produção.

Há paralelos com o filme anterior e até mesmo com a encarnação de Sam Raimi. Um é o discursos inspirador do tio Ben e de Gwen. E não há como deixar de notar que o pedido para que o Electro capture o Homem-Aranha é parecido com Homem Aranha 2 (Spider-Man 2, 2004) quando aquele Harry pede ao Doutor Octopus que capture o personagem, apesar dos motivos serem diferentes.

O Espetacular Homem Aranha 2: A Ameaça de Electro - poster Brasil

O Espetacular Homem-Aranha 2 abre espaço para vários momentos, e os equilibra. O drama encontra o personagem mais uma vez e como a teia que é lançada, a nossa vontade é ser uma mão para que nada de ruim aconteça. Dentro do universo, a situação mais uma vez faz amadurecer o personagem, representado pela sua ausência de algum meses e no corte de cabelo menos bagunçado de Peter. Como vários outros dramas, é um segundo capítulo mais denso e sério, apesar do foco no romance de Peter e Gwen ser mais intenso. A personagem tem tanta importância que muda os paradigmas de mudar por causa do herói. É satisfatório ver que Peter, mesmo na condição saindo da adolescência para a vida adulta só agora, é aquele que se entrega ao sugerir ir com o amor da sua vida para outro país, algo que normalmente é reservado à namorada do protagonista. Portanto, temos aqui uma produção eficiente, e a melhor encarnação do personagem desde o filme de 2004.

Como sempre, há uma participação de Stan Lee – relativamente sem-graça – e a tradicional cena extra durante os créditos do filme. Ela não faz relação ao filme, mas serve de teaser de outra produção, indicando uma boa vontade da Sony e Fox de integrarem o universo Marvel que os dois estúdios compartilham.

[EDIT] A Revista Variety, em sua versão online, detalhou por que a cena de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido está em O Espetacular Homem-Aranha 2. Foi um acordo para liberar o diretor Marc Webb para a Sony. Leia mais clicando aqui. [/EDIT]

Veja abaixo o trailer de O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".