A Luz Entre Oceanos | Crítica | The Light Between Oceans, 2016, EUA-Austrália-Reino Unido-Nova Zelândia

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A Luz Entre Oceanos passeia entre o drama e o melodrama e consegue emocionar boa parte de quem assiste.

A Luz Entre Oceanos (2016)

Elenco: Michael Fassbender, Alicia Vikander, Rachel Weisz, Bryan Brown, Jack Thompson, Florence Clery | Roteiro: Derek Cianfrance | Baseado em: A Luz Entre Oceanos (M. L. Stedman) | Direção: Derek Cianfrance (Namorados Para Sempre)

7,5 - "tem um Tigre no cinema"Há uma linha muito tênue entre o drama propriamente dito e o melodrama que é quase cruzada em A Luz Entre Oceanos. Há diálogos feitos para cortar o seu coração e a música que caminha também caminha a esse destino. Porém, há equilíbrio e a história conta com um forte dilema moral que tortura a audiência e seus personagens. Dotado de uma beleza visual e poética em conjunto com a ótima atuação da dupla de protagonistas, a produção pode fazer muitos espectadores se renderem às lágrimas ao abordar assuntos delicados como amor, justiça e egoísmo – mesmo quando há a melhor das intenções.

A poesia do filme é descrita por meio de vários signos. O primeiro é o nome da ilha, Janus, em que o farol fica. Assim como o deus grego das transições, entre outras características, a ilha olha os dois oceanos. Essa também é representação em Tom (Fassbender) e Isabel (Vikander) logo em seu primeiro encontro. Ele, recém-chegado naquela parte da Austrália, tem o olhar capturado pelo dela. E se notarmos que os figurinos deles são cores básicas – preto e branco – podemos interpretar depois, quando já estão casados, que as cores preta e branca estão presentes também no farol de Janus. Onde os oceanos se encontram é onde o casal se encontra.

Isabel não é a clássica mocinha de filmes românticos. Tom, ainda muito afetado pelos horrores que testemunhou na I Guerra Mundial, é fechado e quase recluso. Apesar de ser tomado de amores por Isabel, representando por um banho de luz na fotografia quando os dois são apresentados formalmente, ele é hesitante. Por exemplo, notem como a narração da carta que Tom escreve para Isabel falta cadência, representando por meio da fala as pausas na escrita de alguém que não consegue se expressar propriamente. Já Isabel é mais direta. É ela quem pede Tom em casamento e suas palavras são mais fluídas. É dela a iniciativa e que muda a vida do marido ao cortá-lo do bigode, o que representa um resgate da jovialidade do faroleiro.

A história poderia se perder muito se fosse apenas pelo caminho da tragédia que circunda o casal. Nesse isolamento de meses, contando apenas um com o outro, a história nos mostra por meio de uma tempestade o que é estar perto e longe ao mesmo tempo. As perdas do casal são doloridas e fazem um paralelo com pais que perderem filhos na Guerra. Nisso, Tom reforça o seu papel de consertador. No início, ele foi chamado para substituir temporariamente o faroleiro que adoeceu. Depois, ele manda consertar o piano para tentar alegrar um pouco aquela casa. Para então, no momento de virada do filme, consertar a esposa.

Tom é um homem justo, cheio de valores éticos, e fazer o que fez foi contra todos os seus princípios. Apesar de mais uma vez a iniciativa ser de Isabel, Tom é convencido pelo desespero de traz a luz de volta para a esposa, sendo dessa vez ele a luz entre os oceanos agora chamados de Isabel e Lucy. Entre diálogos de cortar o coração – mais uma vez caminhando para o melodrama – e conflitos morais, o que mais podemos fazer é esperar as consequências de um ato tão egoísta como os dois perpetuaram. O que significa também esquecer um dos filhos que se foram.

Enquanto Lucy (Clery) vai crescendo para ser um encanto, também cresce a inquietação de Tom. Numa cidade tão pequena, não é de estranhar que seu destino trombe com a da viúva Hannah (Weisz) e que ele vá se entregando aos poucos. A dor é uma constante nessa história e o que nos faz refletir qual seria a menor delas. Até o batismo de Lucy, nós da audiência já estamos muito apegados a Tom e Isabel que são excelentes pais. É nesse momento que a história muda de ponto de vista, num curto interlúdio, para nos importarmos também com Hannah e o falecido marido. E Cianfrance faz isso muito habilmente sem precisar se alongar na narrativa, o que poderia deixa-la arrastada demais.

Além da batalha moral que é travada na história – seria o ato de egoísmo tão grande quanto o de amor? – A Luz Entre Oceanos fala também de perdão. Enquanto audiência, sentados e sofrendo um pouco com o drama, é fácil julgarmos as decisões de Isabel e Tom. Já o diretor não faz isso. Ele apresenta os dois lados, os dois sofrimentos e dores que os atos dos protagonistas trouxeram. No fim, é uma alegoria das escolhas que fazemos na vida e como lidamos com elas. Há alegrias, tristezas e aquela ponta de esperança que pode vir ou não, mas que nos agarramos até os últimos momentos da vida, se assim for preciso.

A Luz Entre Oceanos | Trailer

A Luz Entre Oceanos | Pôster

A Luz Entre Oceanos | Pôster

A Luz Entre Oceanos | Imagens

A Luz Entre Oceanos | Galeria

Tom (Michael Fassbender) e Isabel (Alicia Vikander) | Créditos: Divulgação

A Luz Entre Oceanos | Galeria

Tom (Michael Fassbender) e Isabel (Alicia Vikander) | Créditos: Divulgação

A Luz Entre Oceanos | Galeria

Isabel (Alicia Vikander) | Créditos: Divulgação

A Luz Entre Oceanos | Galeria

Isabel (Alicia Vikander) e Lucy (Florence Clery) | Créditos: Divulgação

A Luz Entre Oceanos | Galeria

Tom (Michael Fassbender) e Lucy (Florence Clery) | Créditos: Divulgação

A Luz Entre Oceanos | Galeria

Tom (Michael Fassbender) e Isabel (Alicia Vikander) | Créditos: Divulgação

A Luz Entre Oceanos | Sinopse

Dirigido por Derek Cianfrance, de ‘Namorados Para Sempre’ e ‘O Lugar Onde Tudo Termina’, o longa baseado no bestseller homônimo de M.L. Stedman retrata a vida de um homem que trabalha em um farol e vive com sua esposa na região costeira da Austrália. Eles encontram um bebê à deriva, dentro de um barco, e decidem resgatar e cuidar da criança como se fosse seu filho. Além das dificuldades enfrentadas ao perder o primeiro filho, o filme apresenta as consequências diante da ‘adoção’ de um bebê que as ondas do mar carregam até eles.”

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".