Inferno | Crítica | Inferno, 2016, EUA

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Inferno é a mais fraca aventura de Robert Langdon, repetitiva e nada diferente as aventuras anteriores.

Inferno (2016) Crítica

Elenco: Tom Hanks, Felicity Jones, Omar Sy, Ben Foster, Sidse Babett Knudsen, Irrfan Khan | Roteiro: David Koepp (Missão: Impossível) | Baseado em: Inferno (Dan Brown) | Direção: Ron Howard (No Coração do Mar)

3/10 - "tem um Tigre no cinema"Ao longo de nossas carreiras, buscamos algum tipo de evolução, principalmente se for em algo que gostamos. Não precisamos necessariamente chegar a cargos de chefia, mas fazer a mesma coisa, uma vez atrás da outra deve ser frustrante para a maioria. Mas não para Dan Brown, que inspirou Inferno, adaptação do livro de mesmo nome. É a aventura mais óbvia da trilogia, tem a mesma estrutura, os mesmo pontos de virada, as mesmas surpresas, o mesmo tudo das aventuras anteriores. Destacando-se apenas no quesito visual das visões apocalípticas, o título evoca a sensação do espectador na cadeira do cinema numa experiência que parece interminável.

Ron Howard não parece estar confortável na cadeira de diretor, fazendo uma participação contratual talvez, como se estivesse num filme de Michael Bay onde a montagem, com o parceiro costumas Dan Hanley (com a ajuda de Tom Elkins), serve para esquecermos algumas perguntas óbvias que rondam o percalço do Dr Robert Langdon (Hanks). A primeira é a consequência do ataque sofrido no hospital e o ato nada inteligente da Dra Sienna Brooks (Jones) em levar seu recém-chegado paciente ao seu apartamento, considerando que a tentativa de execução veio de alguém vestindo uniforme dos carabinieri, equivalentes italianos da nossa Polícia Militar. E outros seguem, como Robert não fazer uma pergunta óbvia sobre câmeras no hospital ou o irritante jeito de Brown, e Koepp consequentemente, de nos contar certas coisas e outras não.

Existe uma beleza visual e alguns signos a serem apreciados, pelo menos. Durante a recuperação de sua memória, acompanhamos visões apocalípticas de Robert sobre o fim do mundo baseadas em Dante Alighieri em cenas que lembram pinturas renascentistas. Nessa busca por sua memória, e de si mesmo, o simbologista preenche as lacunas de sua mente com um medo da cultura judaico-cristã, ainda que ele não acredite nisso, que parece se aproximar da realidade caso Bertrand Zobrist (Foster) tenha sucesso. Ele é um daqueles vilões com o plano esdrúxulo de querer acabar com o mundo com uma praga, mas que poderia fazer sentido retoricamente.

Tirando esse lado razoavelmente positivo, é nítido que essa aventura é a que menos a acrescenta nas histórias de Robert Langdon. Ainda não é possível para o espectador comum acompanhar o raciocínio do professor, onde temos um apoio de Sienna para explicar um ou outro elemento que a audiência não entendeu – de certa maneira reprisando o papel que era de Audrey Tautou em 2006 – mas a resolução do que está acontecendo propriamente com Robert não é tão difícil de descobrir. Não é petulância afirmar isso, mas sim por Brown ter se tornado repetitivo e não mudar uma vírgula da estrutura que o deixou famoso.

Aliás, usar a palavra repetitiva é apenas suavizar. A verdade é que esse é uma história preguiçosa, que conta com a ação, drones, tiros e perseguição de carros e motos para disfarçar as obviedades do roteiro, principalmente para quem viu os filmes ou leu os livros recentemente. Está tudo lá: o perseguidor implacável, uma força antagonista sendo enganada e a revelação do verdadeiro problema que estava debaixo do nariz de Robert Langdon. É possível até mesmo marcar quando esses pontos de virada ocorrem na narrativa apenas por lembrar-se das outras obras. Até o signo de o protagonista pegar uma roupa emprestada que lhe cai bem é usada de novo.

Apenas para esticar a história, exatamente no momento em que ela precisa avançar, Howard a trava no começo do terceiro ato numa infinidade de flashbacks explicativos da relação dos antagonistas e abusa do recurso do slow motion. É muito desnecessário, pois já podemos entender muito bem o que está acontecendo apenas na conversa que existe entre um personagem e Robert. Contar a história de alguém que morreu ainda no prólogo serve apenas para nivelar por baixo a inteligência do espectador, como se o fechar de uma porta de ferro já não fosse explicação suficiente. Isso não quer dizer que o filme estaria salvo, mas com pelo menos seria menos maçante.

Infelizmente, existe muito pouco para elogiar na nova aventura de Robert Langdon. Por mais que existam símbolos bonitos, como o protagonista perder seu relógio do Mickey, representando a perda de memória e parte do seu passado, ou a música de Hans Zimmer com temas que passeiam entre o contemporâneo e o clássico, há signos tão óbvios e grandes conveniências que acontecem durante a história – seja um nome ou personagens secundários que aparecem para fazer uma ligação perdida da mente do professor – que servem apenas para dinamitar a experiência. E o roteiro é tão perdido que um personagem secundário, que só aparece em visões ou em gravações, mas aparentemente é um grande amigo de Robert, é esquecido na trama, e o professor parece não se importar se ele está vivo ou morto.

Assim como foi desnecessário esticar a trama de Inferno, não faz sentido se esticar mais ao falar sobre a produção. Durante praticamente 120 minutos – o mais curto dos três filmes – é provável que a audiência se questione porque está perdendo tempo ali. O tempo não fez bem para Brown. Ainda que a obra tenha sido intensamente adaptada por Koepp, percebemos ali no cerne essa escrita preguiçosa, aparentemente contratual e obrigatória de um autor que havia tentado sair de seu personagem de mais sucesso. Se o inferno é repetição, esse filme nos deu uma pequena amostra de como é estar por lá.

Inferno | Trailer

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Inferno | Sinopse

O vencedor do Oscar, Ron Howard, e o astro, Tom Hanks, estão de volta a uma nova história do autor best-seller, Dan Brown. Em Inferno, Robert Langdon (Tom Hanks), o famoso simbologista, é colocado em uma trilha de pistas inspiradas na obra-prima de Dante Alighieri. Quando Langdon acorda em um hospital italiano com amnésia, ele se une à médica Sienna Brooks (Felicity Jones), que o ajuda a recuperar suas memórias. Juntos, eles correm pela Europa e contra o relógio para impedir uma tragédia global.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".