Ilha do Medo | Crítica | Shutter Island, 2010, EUA

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Ilha do Medo é o encontro de Martin Scorsese com o noir, numa produção tão angustiante que parecem facas que penetram o cérebro.

Ilha do Medo

Com Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley e Max von Sydow. Escrito por Laeta Kalogridis (Alexandre), baseado numa história de Dennis Lehane. Dirigido por Martin Scorsese (Taxi Driver). Dois agentes federais dos EUA (“Marshals”) vão até Shutter Island, uma ilha que trata de criminosos insanos. Lá eles investigam o desaparecimento de uma paciente deste lugar, que dizem ser impossível sair de lá com vida.

Scorsese fazendo um filme noir não poderia dar errado. Ilha do Medo é um daqueles filmes de suspense que não te enrolam e te colocam na angústia do personagem logo de cara. Aqui, é o agente Teddy Daniels (DiCaprio), um homem que logo nos primeiros segundos de filme surge como alguém amargurado e com vários outros problemas que ainda não conhecemos. E ainda bem que é assim, pois podemos entrar no filme como desconhecidos de Teddy, e vamos sabendo aos poucos do seu passado. Shutter Island é ameaçadora desde o começo. A abertura com uma música cheia de cordas de Joseph Mahler parecem facas no seu cérebro, enquanto chegamos aos portões da instituição. A chuva é pesada, a vinda de um furacão, as encostas altas e pontiagudas (algo parecido com Vertigo, de Hitchcock) fazem a ilha ter personalidade. No filme, quase tudo vai acontecer embaixo do seu nariz, mas não chega ao ponto de você bater com a mão na testa e dizer “putz, como eu não percebi isso antes”. Scorsese e Laeta criaram a história que leva à um desfecho sem tratar o espectador como desatento, com flashbacks desnecessários. Quem está acostumado com filmes de suspense pode chegar à solução do mistério, mas vai demorar um pouco mais. Principalmente porque você não perceberá os motivos de tudo isso, por ser tudo muito subjetivo. É uma daqueles filmes que você tem que se atentar aos detalhes. Se você desviar o olhar em certos momentos, pode perder a linha do filme. Com diálogos impressionantes, e a ótima atuação de DiCaprio e Sydow, esse filme vai te pegar como um tufão. Kinglsey está bem como o diretor do Hospício, mas existe um certo maniqueísmo exagerado, como se o Scorsese dissesse: “Veja, esse é o cara mau!”. Já Mark Ruffalo é um daqueles atores da leva de Hollywood que não consegue mudar a expressão do rosto, seja lá por qual emoção esteja passando. Imagino que Scorcese deve ter batido muito a cabeça para filmar a reação que o personagem Chuck Aule (Ruffalo) esboça nos momentos finais do filme.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".