Homens de Preto 3 | Crítica | Men in Black 3, 2012, EUA

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Homens de Preto 3 não supera o primeiro filme da franquia, conta com alguns furos, mas é divertido.

Homens de Preto 3

Com Will Smith, Tommy Lee Jones, Josh Brolin, Jemaine Clement, Michael Stuhlbarg, Alice Eve e Emma Thompson. Roteirizado por Etan Cohen (Trovão Tropical), David Koepp (Missão Impossível), Jeff Nathanson (Prenda-me se for capaz) e Michael Soccio. Dirigido por Barry Sonnenfeld (Homens de Preto)

Os dez anos que separaram “Homens de Preto 3” de seu antecessor fizeram bem para a franquia e para esquecermos um filme esquecível. Parece até que essa é a continuação direta do original. O filme abraça mais o mundo da ficção científica com um dos poucos temas que faltava abordar, aliando-se com uma boa história com doses de ação, momentos tocantes e pequenas homenagens que vão desde o visual, diálogos e até os sons. A história não supera a da primeiro filme da franquia, conta com alguns furos, mas é divertido, merecendo alguns minutos a mais para fechar a produção com menos correria.

Logo no começo da narrativa, conhecemos o ameaçador Boris, O Animal (Clement): um ser tão perigoso que fica na parte mais profunda de uma prisão, atrás de grades e mais grades e de uma porta muito grossa de metal, além de ficar acorrentado, com proteção extras no braço e nas pernas. Na sua fuga temos duas surpresas, sendo uma é que o diretor dá mais importância à visitante de Boris do que ela realmente tem, e o vilão se livra dela rapidamente. A outra é uma subversão da localização da prisão, que é uma ótima virada no roteiro.  Depois da apresentação do vilão, temos J (Smith) e K (Jones) no seus casos do dia-a-dia, e mantendo seus aspectos tradicionais, com um sendo o falador de sempre, e o outro o sereno, que diz tudo que precisa com o seu silêncio. A evolução do personagem de J acontece só quando ele admite que está ficando velho demais para o trabalho, mas sem deixar de alfinetar o parceiro. Essa diferença entre os dois é reforçada pelo ambiente em que vivem. J, apesar de ser extrovertido, mora em um apartamento permeado de tons de cinza, mas com um pôster enorme de Frank (o pug alienígena), enquanto K mora num lugar que mostra sobriedade e classicismo, com tons verdes, estantes cheias de livros, lareiras e a companhia de uma garrafa de whisky, e conversa com o parceiro por um antiquado telefone com fio. É nesse momento que Boris volta no tempo e mata K antes que ele lhe arranque o braço e a liberdade. E mexer com viagem no tempo é sempre complicado, e os roteiristas mantém (ou tentam) tudo simples. A linha temporal é reescrita e só J se lembra de K. Ele também volta no tempo, orientado pela Agente O (Thompson), e faz a viagem de um jeito interessante, vendo as eras passarem por ele (um artifício usado também no filme “A Máquina do Tempo”, de 2002).

No passado, J encontra os jovens K (Brolin, numa ótima atuação, mimetizando o original) e O (Eve). Essa viagem conta com uma ótima produção de figurino da época, e isso não se reflete só nos personagens humanos. Notem que os alienígenas não tem o visual “moderno” que representam o presente, mas tem um visual inspirado na ficção científica dos anos 1950-60 (e aqui usam bem menos CGI e mais bonecos para reforçar a ideia). Somos apresentados à um Agente X (David Rasche) que poderia criar empecilhos, mas é mal explorado, só mostrado rapidamente como alguém racista e com problemas sexuais (quando é chamado por O pra conhecer um invento dos “viagrianos”). Esse período ainda apresenta outras homenagens: para os conhecedores da franquia, Frank aparece mais uma vez num outdoor de um circo, sendo a atração “o cão falante”; o gigante desneuralizador do passado quando para de funcionar tem o mesmo som da Millenium Falcon (Star Wars) quando falha, e J ainda comenta na cena seguinte “Não me venha com esse truque Jedi”; e a presença de Andy Warhol deve agradar os fãs do trabalho da Pop Art (ou não). Os personagens secundários também agradam. Griffin (Stuhlbarg) é um alienígena com profundos olhos verdes, com um ar inocente (que defino ser um “Forrest Gump” do espaço), e que consegue ver realidades e futuros alternativos, apreciando o universo, é a perfeita antítese de Boris, um ser desprezível, com “olhos” escuros e escondidos. Existe um pouco de maniqueísmo aí. Apesar de Griffin se preocupa com o planeta Terra todo (já que não tem mais o seu), Boris não quer exatamente o triunfo de seu povo (aliás, ele não se importa nenhum momento em ser o último da raça), mas sim sua vingança contra K.

Continuo gostando dos outros detalhes que dão qualidade ao filme: Por exemplo quando o setor de monitoramento da central MIB mostra os  alienígenas em atividade na Terra, consegui notar Lady Gaga e Tim Burton; ou que as armas dos alienígenas tem tiros e detalhes verdes (a velha história dos homenzinhos verdes); a ligação com o primeiro filme, fazendo um momento muito tocante; [SPOILERS] e como no final, já de volta ao presente, a fotografia remete àquele clima quente e agradável que acabamos de presenciar, contrariando todo o clima noturno e frio do começo da história. [FIM DOS SPOILERS]

Por outro lado, cheguei aos créditos do filme com a sensação de que faltou muita coisa. A projeção é curta e não cansa, mas esse é o caso em que um pouco mais seria melhor. Alguns pontos que mostram as falhas do roteiro: [SPOILERS] a relação de K com O (afinal, K era apaixonada por um antigo amor no nível de stalker, no primeiro filme); a questão do racismo vigente na época foi pouco abordada;  e os casos da viagem no tempo ficam confusas em certos pontos (um bom exemplo de boa resolução do assunto é em “Alta Frequência”, de 2000): por que o filho de Obadiah não foi afetado? E por que O foi afetada se ela também “estava lá”? O grande nó fica com a segunda viagem de J, durante o lançamento da Apolo 11. Não fica claro, mas por que naquele momento J faz uma viagem de consciência, e não de corpo? [FIM DOS SPOILERS]. Problemas de um roteiro escrito à quatro mãos. E, pra finalizar os maus aspectos, a música de Danny Elfman passa despercebida.

Pois bem, o filme agrada no geral. Tem ótimos efeitos especiais, conta com momentos que nos fazem rir (apesar de não ser propriamente uma comédia), e o esforço de Smith e Brolin fazem “Homens de Preto 3” valer a pena ser assistido. E um conselho: o 3D é totalmente dispensável. Por ser uma conversão e pela opção do diretor optar por uma pequena profundidade de campo, não existe imersão no filme. Economize seu dinheiro e assista a versão 2D.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".