Energia Pura | Crítica | Powder, 1995, EUA

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Uma crítica curta ao filme Powder, de 1995

Com Sean Patrick Flanery, Jeff Golldblum e Lance Henriksen. Escrito e dirigido por Victor Salva (Olhos Famintos).

Powder (Flanery) é um garoto diferente. Nasceu com albinismo, e foi escondido pela família da pequena cidade onde mora. Quando seus avós morrem, ele é acolhido a um orfanato. Como todo tipo diferente, ele tem que lidar com o medo e o preconceito dos outros. Mas ele tem algo de especial, e algumas pessoas conseguem ver isso além da pele quase branca do personagem.

Uma história que vai além da questão de aceitarmos as diferenças. Esse filme sempre era anunciado no SBT, mas nunca dei a devida atenção. Mas deve ter sido melhor vê-lo adulto. O filme se apresenta quase como se estivesse filmado num dia nublado. O único dia de sol representa a parte que Powder mais está feliz. Fora isso, é um jogo de luz e sombra que representa a personalidade do personagem, muitas vezes em ambientes com pouca luz, já que ele mesmo parece brilhar em qualquer lugar, mesmo com pouca luminosidade.

Aos poucos vamos percebendo que Powder é mais que um ser humano comum, sem exagerar. O modo que ele vê a vida chega a ser um pouco de tormento, porque ele percebe coisas que as pessoas comuns não percebem, sentimentos que pairam nas nossas mentes, mas não expressamos. E por ter ficado isolado por muito tempo, é inocente como uma criança pequena, e se assusta com o que as pessoas tem de desconfiança e maldade dentro delas. Uma conversa com um professor Donald Ripley (Goldblum) mostra bem isso. Powder antes tinha visto um grupo de homens e jovens caçando veados no campo, e ele se revolta e não entende a situação. E o professor replica algo como “você se assustou com caçar animais? Garoto, você não viu a parte mais sombria de nós”. Não posso deixar de pensar na música “Vincent” de Don Mclean nesse filme. Assista e você vai entender. E falando da música, parte que dá destaque a qualquer filme, aqui por Jerry Goldsmith te marca. A música realmente chega a ser elétrica, lembrando os sons que você ouve quando passa perto de fios de alta-tensão. São os sons saindo do ambiente e indo pra música. Pouca gente faz isso bem.

E, no fim, devo apontar dois pontos negativos. Um é a falta da profundidade da relação problemática do personagem principal com o pai, que só é visto no começo, citado lá pelo meio e esquecido. Isso teria dado um tom bem mais dramático para o filme (não que ele já não seja dramático o suficiente). E outro são os efeitos especiais precários. Não sei se o filme foi lançado direto pra TV, mas  é notório que a produção foi feita se pensando no home video. E a idade do filme não pode ser usada como desculpa: Jurassic Park, por exemplo, é de 1993.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".