Ender’s Game: O Jogo do Exterminador | Crítica | Ender’s Game, 2013, EUA

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Ender’s Game: O Jogo do Exterminador mistura bons momentos de aventura, ótimos efeitos especiais e várias críticas ao sistema vigente.

Ender's

Com Harrison Ford, Asa Butterfield, Hailee Steinfeld, Viola Davis, Abigail Breslin e Ben Kingsley. Roteirizado por Gavin Hood, baseado na obra de Orson Scott Card. Dirigido por Gavin Hood (X-Men Origens: Wolverine).

9/10 - "tem um Tigre no cinema"“Jogos de Guerra”: simulações militares que preparam soldados para ações de combate na vida real. Como o nome diz, é um faz-de-conta, um treinamento. Num mundo dominado por adultos, usar crianças em simulações de guerra parece perversão e o ápice da covardia. Esse é o jogo delas: se adaptar ao mundo que os fez acreditarem que meninos e meninas sejam a solução para algo que os mais velhos não viram. A aventura de cunho militar, e de várias críticas ao sistema, vem também com bons momentos de aventura e ótimos efeitos especiais. Existe alguma coisa de errado, mas não se sabe exatamente o que. É essa pergunta que faz com que “Ender’s Game: o Jogo do Exterminador” seja cativante ao mesmo tempo em que é lento para os padrões de filme de ação. Contraditório, como as razões da guerra.

Em 2086, a Terra foi invadida por uma raça chamada Formics. Depois de expulsá-los, a Frota Internacional se prepara para a volta deles. Cinquenta anos depois, crianças superdotadas são treinadas para serem os novos oficiais a liderarem a defesa do planeta. Ender Wiggin (Butterfield) é uma dessas crianças. Sob a supervisão do combate espacial General Graff (Ford), Ender se destaca como o mais apto para liderar a humanidade contra os Formics.

É fácil entender se este filme não for um sucesso entre os jovens. Hollywood não tem se reciclado, e a busca pela nova franquia para substituir Harry Potter continua a todo o vapor. Mas, semelhante a John Carter (John Carter, 2011) – que foi um injusto fracasso nas bilheterias – a história de Orson Scott Card veio muito antes de bruxos e outros órfãos tentando encontrar seu lugar no mundo. E por ser uma história primariamente militar – engraçado, mas o primeiro inimigo de Ender me lembrou do Soldado Raso Leonard ‘Gomer Pyle’ Lawrence – há mais foco no treinamento do que na ação propriamente dita, apesar de não demorar muito para mudar o cenário para uma estação espacial. Mas é bom ir com o espírito aberto, já que a ação de verdade começa apenas no terceiro ato.

A história tem outras camadas, principalmente de cunho militar. Existe uma competição entre os selecionados que são sempre observados pelo General Gaff e pela Major Gwen Anderson (Davis), porque é necessário um líder. Mas é contraditório – mais uma vez – que a competição seja tão estimulada num cenário que é preciso união acima de tudo. Apesar de Ender se tornar um líder, ele consegue ser admirado além disso? Note também que a tecnologia comum – a do dia-a-dia – não está muito diferente da nossa. Ao contrário da militar que, como alardeia um personagem já no terceiro ato, tem à disposição uma arma de “70 bilhões de dólares poder de destruição”. Num futuro em que a união para um bem comum, a proteção da própria raça, é triste que as coisas ainda se pensem em cifras. Também existem várias propagandas com a marca da Frota Internacional, normalmente seguidos por gritos de urra, com exceção de Ender.

Hood ainda encontra espaço para alfinetar a escolha majoritária de homens na academia. Somente Major Anderson e a cadete Petra Arkanian (Steinfeld) representam as mulheres militares. Interessante que há uma relação nada amorosa entre os dois – outro motivo para jovens serem escolhidos, sendo eles muito imaturos para amar – e que o vínculo com a humanidade de Ender esteja mais ligado à outra mulher, sua irmã Valetine (Breslin), o que muda a clássica relação entre filho e mãe.

Vejo que será muito comum citar que o filme é longo. Discordo, visto que em apenas um momento a montagem é repetida: na introdução em narração em off por Ender, conhecemos a história da invasão de 2086, e, no início do segundo ato, vemos o mesmo vídeo com a mesmas cenas, mesmo tudo. Se excluída no começo, daria um pouco mais de ritmo ao filme, e se ganhariam uns poucos minutos. Fora isso, a montagem do filme funciona.

Ender's Game - O Jogo do Exterminador | poster Brasil

Se perdendo apenas em poucos momentos e na obviedade de escalar Ben Kingsley para um papel que sabemos logo de cara não vai ser pequeno, “Ender’s Game: O Jogo do Exterminador” – que fui divulgado no Brasil com esse título enorme e com uma tagline que praticamente entrega o clímax – tem muito mais acertos que erros, tanto que estes ficam completamente em segundo plano. Detalhes dão muito corpo à trama, como a cicatriz no queixo de Graff, a reação das crianças pela primeira vez em gravidade zero, o primeiro time de Ender ser o da Salamandra, ainda verdes, e decisões de câmera de bom gosto, como colocar a linha dos olhos de Ender constantemente na mesma de seus superiores são elementos que numa sinergia entregam uma ótima história de reflexão sobre a glorificação do estado da guerra. Ideal até para crianças, pela violência velada e pouco sangue, a vontade é saber mais da história de Ender, ainda que o filme feche muito bem dentro de si.

Veja abaixo o trailer de Ender’s Game: O Jogo do Exterminador

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".