Cegonhas: A História que Não Te Contaram | Crítica | Storks, 2016, EUA

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Cegonhas: A História que Não Te Contaram consegue ser engraçado e leve enquanto levanta a questão do que é uma família de verdade.

Cegonhas: A História que Não Te Contaram (2016)

Elenco: Andy Samberg, Katie Crown, Kelsey Grammer, Keegan-Michael Key, Jordan Peele, Jennifer Aniston, Ty Burrell, Danny Trejo, Stephen Kramer Glickman | Roteiro: Nicholas Stoller | Direção: Nicholas Stoller (Vizinhos), Doug Sweetland

8/10 - "tem um Tigre no cinema"As animações não são apenas coisa de criança há muito tempo, ainda que o estigma persista. Existem sim animações pueris e repetitivas, servindo apenas para que os nossos pequenos se divirtam com formas, cores e personagens cativantes.  E outras que transcendem para um assunto um pouco mais sério, mas sem perder a graça, e Cegonhas: A História que Não Te Contaram entra nesse segundo tipo. A mensagem clara para os mais velhos ficará no subconsciente das crianças, que enquanto se divertem com as piadas geniais aprendem que família não é simplesmente o núcleo tradicional – e muitas vezes imposto – dito na sociedade. Quem sabe, contando em tom leve, a próxima geração já aprenda a lição desde cedo.

O filme brinca e faz paralelos com uma série de estereótipos para reforçar a mensagem do que é uma família. Junior (Samberg) é uma cegonha workaholic que depois de anos de dedicação à empresa, e sem tempo de constituir uma família, tem a chance de ocupar o cargo de Rocha (Grammer), seu então chefe, que ilude o melhor membro de sua equipe com a ideia de que a empresa é toda a família que precisa. Mas esse autointitulado pai não hesita em pisar nos seus semelhantes menores – representados por passarinhos redondos que servem desde capacho a bolas de golfe – nem em demitir Tulipa (Crown), a órfã que está com as cegonhas há 18 anos.

A questão do trabalho em excesso também prejudica a família de Nando (Starkman), pois os pais dele não percebem que estão perdendo os melhores anos do filho em troca de conforto financeiro. Então, a carta de Nando às cegonhas – que, na sua inocência, desconhece que elas não fazem mais isso –, escrita de maneira hilariante com as características que ele quer em um irmão é contagiante. Assim como a sua alegria, a ponto de fazer com que os pais deixem de lado por um tempo o trabalho, com a ajuda de umas pequenas dicas de Nando sobre a passagem do tempo.

A carta azul de Nanda cruzando céus e mares, como se fosse uma oração, desencadeia uma ligação entre Junior e Tulipa por motivos diferentes, e é exatamente por essas diferenças que a aventura é tão divertida e com a vantagem de ser inventiva. Não seria um filme engraçado se as coisas não dessem errado, e as desventuras desse casal nada tradicional, junto do bebê que tem que ser entrega para a família de Nando, é espetacular. Cada um dos problemas que os dois passam tem a ver com o desenvolvimento de uma família e de como uma criança recém-chegada muda tudo. Pode ser desde elementos mais subjetivos como a alcateia que se dobra perante a fofura do bebê, ou mais diretas como a decisão de quem vai dormir enquanto o outro tenta fazê-lo parar de chorar.

E por ser uma aventura que existem momentos mais clássicos, coisas que prendem a narrativa, como um aparente monstro nos moldes de Sloth (de Os Goonies), o plano maléfico do vilão e o subalterno que é tentado com promessas de sucesso dentro da companhia. Além disso, já perto da conclusão, há muitos momentos que vão e voltam esticando um pouco além do necessário a conclusão da história, caindo até num dos grandes clichês dos últimos anos que é ter um robô gigante. Para o público mais jovem, a sensação pode passar despercebida, mas não é irritante para os mais velhos, pois a situação se resolve relativamente rápido.

Mas nem de longe isso é algo que estrague a experiência, porque durante todo o resto do filme somos bombardeados de piadas inteligentes, engraçadas e momentos doces. Junto de toda a diversão proporcionada, é inserida uma bela lição de vida que nos marca por estar nesses momentos fantásticos. Algumas frases podem parecer soltas, mas trazem em si esse posicionamento da produção, como quando Tulipa e Junior estão discutindo sobre cuidar da criança e um deles diz “Não somos uma família, somos só um casal cuidando de um bebê”. E é para nos perguntarmos: se isso não é ser uma família, o que mais poderia ser?

Cegonhas: A História que Não Te Contaram é, no fim das contas, uma crítica social pintada como animação. Além de ser uma beleza visual, tem personagens e momentos marcantes e emocionantes e questiona os dogmas de uma sociedade. Os altos e baixos da vida compartilhada de Junior e Tulipa são uma síntese do que é ser pai e mãe – e podemos trocar isso por pai e pai/mãe e mãe/avô e avó/mãe/pai) – com decisões brilhantes do diretor, como a inesquecível cena dos pinguins, onde o diretor sabiamente se livra da trilha sonora. Às vezes é fácil se perder no audiovisual ao deixar que a imagem seja tão forte que se perca a mensagem. Aqui, porém, existe equilíbrio entre um e outro, e por isso é um filme tão impactante.

Cegonhas: A História que Não Te Contaram | Trailer

Cegonhas: A História que Não Te Contaram | Pôster

Cegonhas: A História que Não Te Contaram | Cartaz

Cegonhas: A História que Não Te Contaram | Imagens

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Cegonhas | Galeria

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Cegonhas: A História que Não Te Contaram | Sinopse

Cegonhas entregam bebês… ou pelo menos costumavam. Agora elas entregam encomendas para o gigante global da internet LojadaEsquina.com. Júnior, um dos principais entregadores da companhia, está prestes a ser promovido quando acidentalmente ativa a máquina que faz bebês, produzindo uma adorável e totalmente não autorizada bebê. Desesperado para entregar esse presentinho antes que o chefe descubra, Junior e sua amiga Tulipa, a única humana na Montanha das Cegonhas, correm para fazer sua primeira entrega de bebês em uma viagem selvagem e reveladora. Isso poderá fazer mais do que apenas iniciar uma família, mas também restaurar a verdadeira missão das cegonhas no mundo”.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".