Casa de Areia e Névoa | Crítica | House of Sand and Fog, 2003

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Casa de Areia e Névoa é um filme sobre os mais variados tipos de perdas.

Casa de Areia e Névoa

Com Jennifer Connelly, Ben Kingsley, Shohreh Aghdashloo e Ron Eldard. Escrito por Shawn Lawrence Otto e Vadim Perelman. Baseado no romance de mesmo nome de Andre Dubus III. Dirigido por Vadim Perelman. Ex-alcoólatra e abandonada pelo marido, Kathy Nicollo (Jennifer) perde a casa que era de seu pai por falta de pagamento de impostos. A casa vai à leilão e é comprada pelo imigrante Massoud Amir Behrani (Kingsley), um ex-coronel do exército iraniano, para para poder dar uma vida melhor à família que trouxe com ele do Irã. A partir disso, segue o drama de quem tem mais direitos sobre a propriedade.

É muito difícil ver um diretor/escritor acertar logo da primeira vez. E Vadim Perelman fez isso nessa fantástica e melancólica película. Trabalhando com Roger Deakis, Diretor de Fotografia que deve ter feito todos os filmes dos Irmão Cohen (mas ficou bem apagado em “O Preço do Amanhã“) e em “Um Sonho de Liberdade”, os produtores deram um tom bem mais triste às passagens de tempo e ao clima. A névoa que cobre a cidade é um agente participante, escondendo os personagens quando estão com medo ou sofrendo. E com a trilha sonora de James Horner, um dos poucos músicos que fogem do mais do mesmo, as cenas criam vida verdadeiramente. Não sou especialista em Direção de Fotografia ou música, mas foi o que senti.

O filme passa por sentimentos diversos. Você sente pena de Kathy, mas sabe que foi a própria negligência que a deixou nessa situação. A depressão em que ela entrou justificaria um erro que seria solucionado se ela tivesse simplesmente ido até a caixa de correio e aberto a correspondência? E Massoud viu uma chance na América, terra dos livres e das oportunidades para que sua família prosperasse lá. Seu erro foi manter uma fachada para a família que poderia manter o nível de conforto que tinham no Irã. Mas Massoud acredita tanto no sonho americano, ou engana a si próprio, que faz questão de falar com a esposa e o filho em inglês, dizendo várias vezes “nós somos cidadãos americanos”. Interessante é que uma falha do sistema que causa todo esse transtorno. Existiria uma crítica à isso, ao privilegiar um imigrante ao invés de um nativo? Poderíamos até falar que esse é o jeito que os primeiros colonizadores ingleses fizeram com os habitantes originais dos EUA.

Sou bastante ligado nas cores que envolvem os personagens e, imagino eu, os produtores também são. Percebam como o vermelho é bastante usado, principalmente com Kathy (no carro), Massoud e Lester (que mais de uma vez se cobrem com um manta vermelha). O vermelho é notoriamente ligado à tragédia. Depois notem Nadi, perto do final do final do filme (um spoiler de leve aqui), enquanto Kathy está do outro lado da sala, ela está na sentada na cozinha, num lugar iluminado e branco, inocente à tragédia que se abateu sobre a família e isolada também pela dificuldade de entender a língua. Fim do spoiler.

A grande maioria dos dramas funciona por meio de metáforas, e este não é diferente. Se pudermos imaginar a situação que somos impostos, as dificuldades, os desafios e o sacrifícios que nos entregamos, qual é a melhor solução para mantermos as nossas vidas, que são tão frágeis como um casa feita de areia e névoa?

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".