Bruxa de Blair | Crítica | The Blair Witch, 2016, EUA

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Bruxa de Blair peca onde o original se saia muito bem ao mostrar demais algo que não precisamos ver.

Bruxa de Blair (2016)

Elenco: James Allen McCune, Callie Hernandez, Brandon Scott, Valorie Curry, Corbin Reid, Wes Robinson | Roteiro: Simon Barrett | Direção: Adam Wingard (Você é o Próximo)

5/10 - "tem um Tigre no cinema"Existe algo mais assustador que ver: é o não ver, algo que o filme original comprovou. Voltando ao found footage, Bruxa de Blair não é marcante como a produção de 1999 principalmente por deixar a sutilidade de lado. Utilizando ao extremo os clichês do terror, ao ponto de se tornar cansativo, a continuação trabalha com um conceito interessantíssimo sobre o passado e como alguém pode se perder por não deixa-lo. No entanto, o filme põe quase tudo a perder indo pelo caminho mais fácil, sustos óbvios, gritos e trilha sonora por meio de rompantes, pecando por mostrar o que não precisava ser mostrado.

Enxuto, o filme é um adendo de A Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, 1999, Dir Daniel Myrick, Eduardo Sánchez), trazendo uma sensação de familiaridade, até um paralelo, com o projeto original que era fazer um documentário. A vantagem inicial é a evolução da tecnologia entre os 20 anos entre uma história e outra – é mencionado que a montagem desse filme aconteceu em 2014 –, então o diretor Adam Wingard tem a liberdade de evoluir a filmagem em primeira pessoa com câmeras auriculares e drones. E quem já tem um problema com o movimento errático de gente correndo, é capaz de sentir mais ainda pela razão de aspecto larga da produção.

Enquanto James (McCune), na provação e procura pela irmã desaparecida vinte anos antes, e seus amigos adentram a floresta de Black Hill, há um dinamismo interessante na história. Levando em conta que essa é uma continuação, e é essencial que assistir o original antes, não demora muito para as coisas começarem a dar errado. Ainda que seja um tanto óbvio que o primeiro problema é encenado – uma pista dada pela oposição na cor do carro de James e de Lane (Robinson) – o conceito do tempo e da noite eterna é a parte mais interessante do filme. Além de ser algo aterrorizante você não ter noção das horas quando o Sol desaparece, é válido apontar que isso é uma representação do caminho de James, agora preso no passado que não deixou ir.

E então vem o segundo ato. A decisão do diretor de Wingard – ou a pressão feita nele pelos produtores – visou não ser coerente com a obra original, mas agradar uma geração que prefere tudo explicado. Então, a nova produção é mais objetiva e menos subjetiva, funcionando no já citado conceito e pecando por mostrar demais. Se antes existia uma paranoia, uma síndrome da cabana extrapolada, fazendo os espectadores questionarem se havia uma influência sobrenatural na saga de Heather e seus amigos, aqui a sutilidade vai para espaço com tendas voando, personagens sendo arrastados em câmera e morrendo por vodu, apenas para exemplificar.

Além disso, a produção exagera nos chamados scary jumps, ao ponto de Lisa (Hernandez) pedir para que os outros parassem de fazer isso. Também há um erro crasso, uma trapaça até, que é transformar os sons diegéticos em músicas que assustam. Não é algo sutil como em Gravidade (Gravity, 2014, Dir Alfonso Cuarón). É desonesto. Para piorar, existe também a música incidental, em poucos momentos, para criar um clima. Se o princípio é o de fitas encontradas, montadas para tentarmos entender o que aconteceu com os personagens, numa mitologia que o que vemos é real, não há sentido para o montador dessa narrativa perder tempo inserindo trilha sonora. Serve só para dar mais sustos.

Já no terceiro ato, claramente perdido, roteirista e diretor começam a jogar conceitos para a audiência. A não ser que ele queira dizer que Black Hills é um lugar visitado por alienígenas, esperemos que não, simplesmente não funciona. Outro grande problema é que o diretor esquece-se de separar o personagem-câmera dos personagens humanos. Na já citada tentativa de ser didático, há um momento em que James, ainda filmando, ouve uma voz que a câmera não capta – nem nós, consequentemente –, mas ele sim. Fica claro que está só na cabeça dele. Quando é a vez de acontecer com Lisa, deixando mais uma vez a sutilidade de lado, ela ouve e nós também. Ou seja, o filme sequer respeita o próprio universo, servindo apenas para mastigar tudo para a audiência.

Mesmo havendo tensão perto da conclusão do filme, Bruxa de Blair simplifica demais o terror, buscando assustar o público do mesmo jeito que uma infinidade de filmes de monstros. Ele não funciona nem se analisado isoladamente e menos ainda se comparado com o original, pois é condição essencial que a produção original tenha sido vista antes. É verdade ser mais difícil assustar uma audiência adulta, uma hoje na faixa dos 30 ou 40 que entrou no marketing vendido em 1999, mas não há uma sensação de urgência e os sustos forçados são iguais a tantos outros que relega a nova produção a ser mais uma do gênero, se agarrando no fato de ser melhor que a continuação caça-níqueis de 2000.

Bruxa de Blair | Trailer

Bruxa de Blair | Pôster

Bruxa de Blair | Cartaz

Bruxa de Blair | Imagens

Bruxa de Blair | Imagens (1)

Bruxa de Blair | Imagens (2)

Bruxa de Blair | Imagens (3)

Bruxa de Blair | Galeria (4)

Bruxa de Blair | Galeria (5)

Bruxa de Blair | Imagens (6)

Bruxa de Blair | Galeria (7)

Bruxa de Blair | Sinopse

Um grupo de estudantes universitários se aventura na floresta de Black Hills para desvendar os mistérios que cercam o desaparecimento da irmã de James, que muitos acreditam estar ligado à lenda da Bruxa de Blair. No início, o grupo está esperançoso, especialmente quando uma dupla de moradores se oferece para guiá-los na floresta. Mas com o cair da noite, o grupo é surpreendido por uma presença ameaçadora e, lentamente, eles começam a perceber que a lenda é real e muito mais sinistra do que imaginaram“.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".