As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras | Crítica | Teenage Mutant Ninja Turtles: Out of the Shadows (2016) EUA

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Ao invés de abraçar a diversão do impossível, As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras se perde tentando explicar o inexplicável, além de ser extremamente cansativo.

As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras (2016)

Com Megan Fox, Stephen Amell, Will Arnett, Brian Tee, Tyler Perry, Brittany Ishibashi, Laura Linney, Pete Ploszek, Alan Ritchson, Noel Fisher, Jeremy Howard, Tony Shalhoub, Peter D. Badalamenti, Gary Anthony Williams, Sheamus e Brad Garrett. Roteirizado por Josh Appelbaum e André Nemec, baseado nos quadrinhos de Kevin Eastman e Peter Laird. Dirigido por Dave Green.

2/10 - "tem um Tigre no cinema"Depois de quase 120 minutos, percebemos que As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras é um filme bagunçado. Dave Green, acostumado em dirigir vídeo clipes, ora faz uma aventura descompromissada do tamanho de tartarugas mutantes, ora dá um ar (pseudo) científico, querendo explicar o inexplicável e dar um ar de seriedade à sua trama. Seria melhor se ele abraçasse totalmente o nonsense dos quadrinhos e desenhos, deixando de lado teorias de como funcionam mutações e genética ou universos paralelos e buracos negros. Infelizmente, a trama não ajuda, dando muitas perguntas sem respostas – diferente daquelas que te fazem refletir sobre um assunto – decisões dos personagens sem sentido e com um ritmo tão alucinante que deixa uma sensação de ser um filme interminável.

O nome é Dave Green, mas podemos chamá-lo de Michael Bay Jr. O que aparenta, assim como no filme anterior, o peso do produtor de Transformers é tão grande que ele toma conta do projeto. Há, no entanto, algum momento em que Green foge do laço do chefe. Fora os efeitos especiais – que hoje não é mais um diferencial – o diretor tenta uma assinatura visual com movimentos de câmera que fazem pequenas rotações, numa fluidez interessante. O problema é que ela perde o sentido, pois o efeito é usado no drama, na ação, na comédia ou nos momentos tensão, fazendo que um momento bom seja perdido ao ser usado à exaustão.

Aquele passado de videoclipe está presente desde o começo da produção, quando o quarteto pula de prédio em prédio, numa sequência que mistura ação e reforça o ainda jeito adolescente dos irmãos. E com cinco minutos de filme já começam os exageros que se dessem a linha, seria uma descompromissada e divertida aventura. Há a nítida impressão que Josh Appelbaum e André Nemec foram contratados para desenvolver um fiapo de roteiro, algo que funcionaria num episódio de pouco mais de vinte minutos para uma série de TV ou animação, mas que precisava ser esticada para torna-lo um longa-metragem.

Percebemos isso desde pequenas coisas, como o Product Placement – ou merchan, se você preferir – quando um jogador de basquete fala duas vezes de um tênis e a câmera foca muito na marca, até a sequência onde Michelangelo (Fisher), Donatello (Howard), Leonardo (Ploszek) e Raphael (Ritchson) voam até o Brasil para tentar enfrentar Bebop (Williams) e Rocksteady (Sheamus). Uma situação ridícula, considerando que os vilões já estavam se aproximando do país quando as Tartarugas descobriram isso e que uma tecnologia desenvolvida por Donatello poderia rastrear os dois. Parece que no meio do roteiro Appelbaum e Nemec perceberam que ainda não havia um grande confronto com a dupla de vilões mais querida do universo das Tartarugas Ninja. E isso precisava acontecer.

Agora, se no primeiro até aceitamos que Splinter (Shalhoub) treinou seus filhos adotivos a partir de um livro, mas nos perguntamos como as armas foram forjadas, a continuação extrapola a boa vontade do espectador. São tantos pontos de interrogação que é difícil de escolher o pior. Há aqueles de pura conveniência: por que o Destruidor (Tee) se deu ao trabalho de matar os funcionários da empresa do Dr Baxter Stockman (Perry), mesmo que tivesse livre acesso a ele, além de servir que April (Fox) entrasse sem ser questionada?; se a fórmula que Krang (Garrett) é a mesma, como Bebop e Rocksteady viram bichos diferentes? Não está tudo bem quando se explica com uma justificativa de 1920.

E tem mais e dá para encher um livro: A história se passa em Nova York, e ninguém gravou o impressionante acidente numa rodovia enquanto Casey Jones (Amell) transportava o Destruidor e era perseguido pelas Tartarugas? Que tipo de bandido se dobra àquelas ameaças ridículas de Casey no bar? Como o Destruidor descobriu para que servia a tecnologia de Krang se na rápida conversa entre os dois o alienígena não diz isso? Por que Casey se espantaria com um rato gigante, se tinha lidado com quatro tartarugas gigantes? Aliás, por que elas ficaram fazendo bullying com o policial e April ainda por cima assistia e fazia graça? Se Krang é tão inteligente, por que ele tem que se socar para dentro do robô? Vamos parar por aqui, mas tem bem mais para ser apreciado no filme.

E para um filme que deveria prezar para fazer graça, até as piadas servem para arrastar a trama, como a apresentação de Casey com sua persona mascarada, ou quando Vern (Arnett) puxa o fio da câmera do laboratório do Dr Baxter. E os momentos que deveriam ser o ápice, a luta das Tartarugas contra a dupla de gigantes imbecis e o cérebro falante, são muito estranhos tecnicamente falando. No exagero de CGI a perfeição dá a impressão contrária. Diferente quando a fotografia é escura quando os personagens contracenam com humanos, o brilho das cenas citadas faz o nosso cérebro não aceitar muito bem o que está acontecendo, e assim quebra a imersão e, consequentemente, a diversão.

Ao tentar ser sério – tocando de leve na questão do preconceito – divertido, mas sem abraçar totalmente o fantástico ao introduzir elementos que parecem ciência, As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras é um filme bipolar. E, se você prestar atenção, navega entre a falta de cuidado e de criatividade. Esse é um filme de Michael Bay reciclado com os elementos que ele tanto ama. Tem portais dimensionais, robôs gigantes, propagandas nada naturais e ação desenfreada. A esperança é que a miríade de coisas acontecendo ao mesmo tempo seja anestesiante, fazendo que o espectador esqueça do grande buraco que é o filme. Esse crítico, porém, já não aguenta mais do mesmo.

Veja o trailer de As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras

Sinopse oficial
“Michelangelo, Donatello, Leonardo e Raphael voltam aos cinemas para uma batalha ainda maior, com vilões da pesada e com a ajuda de April O’Neil (Fox), Vern Fenwick (Arnett), e o recém chegado justiceiro Casey Jones (Amell). O mundo fica em perigo depois que o supervilão Destruidor (Tee) foge da justiça e junta forças com Baxter Stockman (Perry), um cientista louco que arquiteta um plano diabólico para conquistar o mundo junto com seus dois capangas, Bebop (Williams) e Rocksteady (Farrelly). À medida que as Tartarugas se preparam para combater o Destruidor e sua nova equipe, eles se deparam com um inimigo ainda maior do que imaginavam: o terrível Krang”.

As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras | Pôster brasileiro

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".