Amityville: O Despertar | Crítica | Amityville: The Awakening

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Amityville: O Despertar é uma produção apressada que não trata bem o seu público-alvo

Elenco: Bella Thorne, Cameron Monaghan, Jennifer Jason Leigh, Thomas Mann, Mckenna Grace, Jennifer Morrison, Kurtwood Smith | Roteiro e direção: Franck Khalfoun | Duração: 87 minutos

O problema não são os filmes de terror, nem os adolescentes público-alvo de Amityville: O Despertar. O problema está naqueles que não sabem como tratar ambos. Além de ser uma história que apela para sustos jogando coisas na sua cara (jump scares), o roteiro trata os jovens como desatentos demais para entender a história, confundindo rapidez com dinamismo. Ao fazer um filme curto e onde os personagens pulam em conclusões sem uma base para que cheguem nelas, os produtores do filme tratam aqueles a quem a obra se direciona como desatentos, nivelando por baixo uma audiência que procura diversão antes de tudo.

Para não ser taxado de remake ou continuação, o que de certa maneira é interessante, Khalfoun traz a história de Belle (Thorne) para o nosso universo, digamos assim. É uma tentativa de aproximar o público-alvo com a personagem, então temos a menção ao verdadeiro assassino do caso de Amityville nos anos 1970 e a existência de Horror em Amityville – as versões de 1979 e 2005 -, filme que a nova moradora assiste com os amigos in loco. A questão é que a história da casa e de Ronald DeFeo Jr. Está tão enraizada na cultura dos EUA que é muito difícil acreditar que a jovem não sabia para onde estava se mudando.

Continuando para a trama, é uma apresentação tão rasa e básica que você saca a conclusão ainda nas primeiras cenas da família chegando na casa: a porta vermelha que anuncia a tragédia, a presença do cachorro que vai morrer logo mais, e a protagonista que se fecha com seu visual mais sombrio por causa da culpa que sente na história do irmão James (Monaghan). O que poderia diferenciar a história é o hospedeiro possessão. Considerando que o irmão de Belle é diagnosticado possivelmente como alguém em estado vegetativo, a presença da casa ocuparia então uma casca, um conceito que lembro de ter visto apenas uma vez numa história em quadrinhos.

É justo, porém, apontar também os momentos que funcionam e que conversam com o mundo adolescente. Ao atualizar o cenário para 2017, Khalfoun inclui um assunto em voga nesse universo. A condição atual de James foi ocasionada quando ele tentou defender a honra da irmã num caso de revenge porn e o demônio/entidade que se apossa do corpo dele tanta culpar Belle, que não preciso apontar que foi a vítima, pelo estado que hoje o irmão se encontra. O filme não se concentra muito nisso, mas mostra uma atenção com a realidade.

Em paralelo, é difícil de acreditar que o diretor caia para artifícios sexistas ao mesmo tempo. Só isso explica a visão de acompanharmos Belle em uma das suas investigações nos barulhos que ouve na casa vestida com uma calcinha de renda rosa que destaca suas curvas. É possível argumentar que a cor, por estar debaixo das roupas pretas da personagem, representa que por dentro ela é doce e até inocente, mas esse efeito poderia ser alcançado com outros figurinos, não um que evidenciasse as formas da atriz. É comum a falta de tato dos cineastas nesse quesito, o que não quer dizer que seja uma justificativa. A cena tem uma sensualidade que não faz nenhum sentido à trama, estando lá apenas para servir a imaginação da plateia masculina que provavelmente é a maioria desse gênero.

Outro elemento que não ajuda é o filme ser curto e apressado, com personagens que pulam em conclusões sem nenhum tipo de escalada. Terrence (Mann) diz que o mal volta a cada quarenta anos porque esse é um número significativo na Bíblia, mas usa só um exemplo tirado de Juízes 3:11 para isso – o que também é um problema, porque se a ideia é fazer com que o filme aconteça no nosso universo, Khalfoun esqueceu de fazer uma pesquisa básica, colocando 2017 como quadragésimo aniversário do fato que aconteceu em 1974 (o que acontece é que ele leva em fato a publicação do livro de Jay Anson).

Para entender melhor como o filme foi cortado para atender esse público-alvo que prefere uma trama mais dinâmica é assistir ao trailer depois ver o filme e perceber quantas cenas saíram no corte final. Além disso, os amigos de Belle simplesmente somem da narrativa, sem fecharem seus ciclos, servindo apenas de ex-machinas para que a jovem saiba o que fazer. Mas nada é pior que os scary jumps, único elemento que o diretor toma para tentar assustar a plateia, sustos que eventualmente você para de tentar contar.

Há uma determinada cena em que Terrence diz que filmes de terror são feitos para se divertir com os amigos. Pena que Khalfoun não seguiu o próprio conselho em Amityville: O Despertar, porque se existe uma presença maligna de verdade no número 112 da Ocean Avenue, ela deva ter levado esse espírito divertido para passear. Fora a decisão da mãe de Belle e James que a motiva a se mudar para o infame lugar, a trama falha em se atualizar e trata seu principal público como incapazes de manter a atenção ou tirarem suas próprias conclusões. Os mais velhos que se aventurarem na nova história sairão com uma sensação de déjà-vu tão comum nesse maltratado gênero.

Amityville: O Despertar | Trailer

Amityville: O Despertar | Pôster

Amityville: O Despertar | Pôster Brasil

Amityville: O Despertar | Galeria

Amityville: O Despertar | Sinopse

Belle e a família se mudam para uma pequena cidade no interior de Nova York. Quando coisas muito estranhas começam a acontecer, a jovem descobre que eles se mudaram para a casa mais famosa de Amityville.

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".