A Incrível História de Adaline | Crítica | The Age of Adaline, 2015, EUA

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A Incrível História de Adaline é um filme sem ousadia, mas que se salva nos quesitos técnicos e na atuação de Harrison Ford e Blake Lively.

The Age of Adaline, 2015

Com Blake Lively, Michiel Huisman, Kathy Baker, Amanda Crew, Harrison Ford e Ellen Burstyn. Roteirizado por J. Mills Goodloe e Salvador Paskowitz. Dirigido por Lee Toland Krieger (Celeste e James Para Sempre).

5/10 - "tem um Tigre no cinema"Existem algumas questões que impedem de levarmos certas histórias a sério. Por exemplo, A Incrível História de Adaline tem elementos fantasiosos que impõe ao espectador acreditar em coisas quase mágicas, ao mesmo tempo em que joga pela narração uma ficção científica para justificar o que vemos. É uma história fofa, por assim dizer, com personagens lindos e maravilhosos, todos de bom coração e que não vão ofender ninguém. A série de coincidências só funciona se o espectador aceitar esses elementos. Em geral, o conto de fadas não é suficiente, ainda que a produção ache um caminho nos belíssimos quesitos técnicos que, de alguma maneira, ficaram impregnados no espectador.

 

Sinopse oficial

Tendo, por milagre, permanecido com 27 anos de idade por quase oito décadas, Adaline Bowman (Blake Lively) teve uma existência solitária, nunca permitindo a si mesma aproximar-se de alguém que pudesse revelar seu segredo. Mas o acaso colocou em seu caminho o carismático filantropo Ellis Jones (Michiel Huisman), que reacende sua paixão pela vida e pelo romance. Quando seu segredo pode ser exposto durante um final de semana na companhia dos pais dele (Harrison Ford e Kathy Baker), Adaline toma uma decisão que mudará sua vida para sempre.”

Os detalhes que montam o cenário da história de Adaline são mais interessantes do que o roteiro em si. Acostumada a viver por tantos anos, ela se tornou uma pessoa detalhista e cuidadosa. Seguimos o seu olhar nesses detalhes, por exemplo, quando ela compra uma nova identidade e descobre o nome verdadeiro do falsificador pelas bolas de baseball autografadas. Depois, o diretor nos mostra pelos detalhes quem é a própria Adaline sem precisar apelar paras as muitas vezes desnecessárias narrações off ou flashbacks. O apartamento da protagonista é todo decorado com elementos clássicos – uma máquina de escrever com cinquenta anos, um closet que é praticamente a história da moda das últimas décadas – e a fotografia de David Lanzenberg dá um tom constantemente puxado para o sépia, mas sem exageros.

As decisões de vida e de trabalho de Adaline também dizem muito sobre a sua personalidade sem precisar usar palavras. Ela trabalha no setor de registros – ou seja, se foca em preservar o passado –, e depois de certo incidente envolvendo as autoridades – locais e até mesmo o FBI – ela passa só a se deslocar de táxi para que os problemas com a lei sejam reduzidos à praticamente zero. Com esses elementos, sabemos quem é a protagonista e como o seu universo está em constante mudança, um paradoxo em relação a ela mesma, representado principalmente pelos seus bichinhos de estimação e pela então idosa filha Flemming (Burstyn).

A partir daí, fica muito difícil acreditar nas coincidências do roteiro. Em muitos momentos, você vai se sentir num conta de fadas mal atualizado. Ellis é um personagem praticamente perfeito, parece saído de alguma história do século XV: ele é bonito, rico, generoso, filantrópico e, além de tudo, sabe cozinhar. Não se vê um defeito no rapaz, o que é verificado quando ele aparece sem camisa e sem motivo nehhum além de reforçar essa visão com seu visual em forma. E mudando de um lugar para o outro a cada dez anos, Adaline construiu várias histórias, o que a fez ir de um lado ao outro do planeta. Então, por já estarmos nessa fábula moderna, fica muito óbvio que o personagem de Harrison Ford, apesar de não o vermos até o fim do segundo ato, não será um personagem terciário. Sem forçar muito, você já consegue imaginar qual é a ligação entre William Jones e a protagonista.

E não apenas isso. Por se tratar de uma história tão romântica, até o desfecho se vê de longe, e, de novo, o esforço é mínimo para descobrirmos com antecedência mesmo a cena final: ela está desenhada desde pelo menos a metade do filme. E por mais que essa seja uma história bem doce e romântica, faltou um desafio maior para a protagonista. A ideia de perda e passagem do tempo é vista nas feições idosas da filha, um elo com seu próprio passado. Porém, os roteiristas preferem jogar as dores e frustrações de Adaline num pequeno e simpático personagem, mais uma vez, numa decisão extremamente óbvia da história escrita por quatro mãos.

A Incrível História de Adaline | Pôster brasileiro

A outra ponta da força são as atuações de Lively e Ford, sem sombra de dúvida. Ela consegue passar de blasé e emotiva de um modo muito convincente. Já o septuagenário ator consegue passar um espanto e uma sensação de nostalgia no jeito de falar que prova que ele ainda consegue ter bons momentos na sua carreira. Se não fossem eles e o empenho técnico na fotografia e no design de produção A Incrível História de Adaline passaria despercebido como mais uma história romântica. Alguns momentos são cativantes, mas em geral fica num terreno de praticamente nenhuma ousadia e pouco questionamento sobre as coisas e pessoas que nos apegamos e voltamos.

Veja o trailer legendado de A Incrível História de Adaline

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".