007 Contra Spectre | Crítica | Spectre (2015) EUA

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Spectre, 2015

Com Daniel Craig, Christoph Waltz, Léa Seydoux, Ralph Fiennes, Monica Bellucci, Ben Whishaw, Naomie Harris e Dave Bautista. Roteirizado por John Logan, Neal Purvis, Robert Wade e Jez Butterworth. Dirigido por Sam Mendes (007 – Operação Skyfall).

7,5 - "tem um Tigre no cinema"Depois de três filmes mais densos e sombrios Sam Mendes conseguiu transformar Daniel Craig no clássico 007. Por um lado, será a alegria dos fãs mais tradicionais da franquia; por outro, dinamita todo o caminho percorrido desde 2006. 007 Contra Spectre poderia fechar com chave de ouro uma nova visão para o espião mais reconhecido do mundo. Ao invés disso o diretor preferiu tomar o caminho mais fácil revisitando demasiadamente seus antecessores com planos de dominação globais, a donzela em perigo, capangas com características pitorescas e um vilão caricato e megalomaníaco. Aqui a homenagem vem junto de uma face de retrocesso.

A sequência inicial é de longe a coisa mais empolgante do filme. Mostrando ser um diretor que sabe como trabalhar com a câmera, Mendes acompanha Bond (Craig) na Cidade do México por um plano sequência que dura vários minutos. Interessante que nisso passeamos pela metáfora que é a festa do Dia dos Mortos. James está rodeado por ela – a Morte – desde sua primeira aventura e a cara esquelética prevê o futuro com um número grande de mortes. Esse passeio entre seres desencarnados é a representação da própria vida do agente 007. Também serve para mostrar um Bond humano, passível a falhas e inconsequências, mas sem deixar de lado características marcantes do personagem como é a sua elegância ao cair de prédio desmoronando e ajeitar o paletó logo depois.

Verdade seja dita, Mendes é um ótimo diretor. Toda a sequência que se passa no México é empolgante e equilibrada. São momentos tensos que se passam dentro de um helicóptero enquanto o diretor usa tanto o design de som – sem a trilha sonora ao fundo – quanto a música de Thomas Newman para alcançar esse efeito. A abertura dos créditos é maravilhosa, misturando vários elementos do passado de Bond – Vesper, Le Chifre, Silva – para entrelaça-los todos nos vários tentáculos da Spectre. E de certa maneira a insossa música de Sam Mendes fica em segundo plano, ainda bem. Esse é o único momento em que Mendes se vale de efeitos de flashback, o que contribui para o bom ritmo do filme.

Os vários roteiristas/argumentistas – quatro no total – conseguem também dar um ar cômico interessante ao filme. É um humor inglês minimalista que pode não ser o de altas gargalhadas, mas que sempre vem no momento certo, precisando de só algumas linhas para que o efeito seja posto. A maioria desses momentos são protagonizados entre Bond e Q (Whishaw) ou Moneypenny (Harris) nos pedidos impraticáveis do agente. Paralelo a isso os roteiristas continuam trabalhando bem outra característica marcante de Bond que é a sua lábia, seja com amigos ou amantes. É muito crível que nos cinco minutos bem aproveitados com Lucia (Bellucci) o agente tenha tirado tudo – em muitos sentidos – dela. Mas, ainda que seja um deslumbre termos Mônica Belluci como uma Bond Girl, é uma cena que não serviu para pouca nada além disso.

Ainda estamos nos bons momentos do filme. Bond conhecerá seu novo inimigo num cemitério (mesmo que ainda não perceba) o que mais uma vez é flertar com a morte. O personagem Oberhauser (Waltz) primeiro aparece de costas e depois nas sobras, dando ordens com a voz baixa numa sala com um silêncio num misto de respeito e medo. Essa figura aqui ainda é ameaçadora. Porém é a partir desse ponto que a história começou a voltar para os clássicos – que você pode adorar ou detestar. Quando Hinx (Bautista) aparece com suas unhas de metal e perfura os olhos de um desafeto você tem o novo Jaws: silencioso, porém mortal. E os velhos tempos resolveram ficar mesmo.

Pode parecer um grande problema que o 007 de Craig agora ser o Bond tradicional, com muitos elementos da era Connery/Lazenby/Moore. Claro que depende do ponto de vista. O novo filme não precisava ser sombrio como Operação Skyfall (Skyfall, 2012), mas merecia uma história mais condizente com tudo que foi criado com os perigosos vilões dos filmes anteriores que pareciam participar da mesma organização – aliás, comentei que Silva faria parte da QUANTUM no TigreCast 18, o que é quase verdade. O resultado é aquém do esperado para quem buscava um drama mais pesado. Colocar elementos homenageando a franquia agradará os fãs, mas vale a pena nos questionarmos se narrativamente foi uma boa conclusão da Era Craig.

Sente-se isso, além de Lucia, Oberhauser e Hinx, na participação de Madeleine (Seydoux). Ela chega a ter participação ativa brigando e empunhando armas para fugir do estereótipo da garota bonita. E é tudo descartado quando ela é transformada na já datada mocinha que deve ser salva. As outras Bond Girls dos três filmes anteriores só por isso já se destacavam: havia mais tridimensionalidade, mais tons de cinza nelas. Mas nesse filme, apesar de acreditarmos no modo em que acontece o inevitável dos dois irem para a cama, o resultado disso é forçado, não natural e de uma necessidade criada apenas para solucionar a questão quando Bond está sendo torturado. Quando Madeleine diz que ama o agente você sabe que percebe que esse pulo veio de lugar nenhum, pois não existiu tempo para eles criarem um laço forte desses.

007 Contra Spectre | Pôster Brasil

Depois de tantos altos e baixos o resultado de é que 007 Contra Spectre é um bom filme. Porém não mais do que isso, o que é frustrante se você for uma daquelas pessoas com altas expectativas. É eficiente como filme de ação – tendo sequências no ar, terra, água e até passando pelo fogo – tem ótimos conceitos como a já citada brincadeira com a morte e a visita ao passado do personagem e seus fantasmas e ainda conta com piadas inteligentes. O que irrita é a obviedade da trama, incluindo aí a presença do ator Andrew Scott, a bi dimensionalidade dos personagens, aquela sensação de que só feito assim para agradar a grande parcela de fãs do James Bond clássico, além do recurso irritante de ligar a origem do vilão à do herói. A falta de ousadia não é único elemento que faz parte da Hollywood moderna, mas tem grande peso nos seus problemas.

Sinopse oficial

Uma mensagem enigmática do passado envia James Bond em uma missão perigosa à Cidade do México e, finalmente, a Roma, onde ele conhece Lucia Sciarra (Monica Bellucci), a bela e proibida viúva de um criminoso infame. Bond se infiltra em uma reunião secreta e descobre a existência de uma organização sinistra conhecida como SPECTRE. Enquanto isso, em Londres, Max Denbigh (Andrew Scott), o novo diretor do Centro de Segurança Nacional, questiona as ações de Bond e põe em cheque a relevância do MI6, chefiado por M (Ralph Fiennes). Secretamente, Bond recruta Moneypenny (Naomie Harris) e Q (Ben Whishaw) para que o ajudem a encontrar Madeleine Swann (Léa Seydoux), a filha de seu velho arqui-inimigo, o sr. White (Jesper Christensen), que talvez tenha a chave para revelar o mistério de SPECTRE. Como filha de um assassino, ela compreende Bond de uma forma que não é possível para as outras pessoas. À medida que Bond se aventura rumo ao coração da SPECTRE, ele desvenda uma conexão arrepiante entre ele próprio e o inimigo que ele procura, interpretado por Christoph Waltz.”

Veja o trailer de 007 Contra Spectre

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About TIAGO

TIAGO LIRA | Criador do site, UX Designer por profissão, cinéfilo por paixão. Seus filmes preferidos são "2001: Uma Odisseia no Espaço", "Era uma Vez no Oeste", "Blade Runner", "O Império Contra-Ataca" e "Solaris".